Por Cida de Oliveira, na Rede Brasil Atual:
O agronegócio concentra riqueza na mão de pequenos grupos e poucas empresas transnacionais, mas espalha conflitos agrários e crises ambientais com repercussões no campo e na cidade. Ou seja, não tem nada a ver com aquela campanha exibida diariamente desde 2016, inclusive no horário nobre, mostrando um setor que produz muitos dos produtos que precisamos. E tudo com a melhor tecnologia, com respeito aos trabalhadores e sem causar danos ao meio ambiente.
Porém, a campanha O Agro é pop, é tech, é tudo voltou a ser desmentida e a ter expostas todas as suas reais intenções. E desta vez, por um estudo da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), em parceria com a organização Friedrich-Ebert-Stiftung Brasil, lançado na noite desta quinta-feira (2). “O agronegócio quer levar a população a pensar que o setor faz parte do progresso técnico brasileiro. Apoiado pela mídia, difunde uma noção de modernidade na produção de alimentos, na sustentabilidade ambiental e na geração de divisas para o Brasil. Assim vai sendo então criado na sociedade um certo consenso, um mito nacionalista de produtor de alimentos e riquezas, como é na Europa e nos Estados Unidos”, diz à RBA o agrônomo Raimundo Pires Silva, autor do estudo.
Atrasado e violento
No entanto, segundo afirmou, trata-se de um setor baseado na produção de commodities agrícolas, em grandes latifúndios, com uso excessivo de agroquímicos produzidos por empresas estrangeiras. É associado ao capital global e ao Estado brasileiro, que concede crédito rural e flexibilização da legislação, conforme seus interesses na área fundiária, de patentes de sementes transgênicas, liberação de agrotóxicos e desoneração fiscal para exportação.
Tudo isso combinado oculta os arranjos fundiários profundamente atrasados, em termos de relações sociais e de exploração ambiental. “Expandir o agronegócio brasileiro é também expandir e reproduzir a grilagem de terras, a expulsão de camponeses, quilombolas e indígenas a precariedade do trabalho humano, a agricultura de subsistência desprotegida e o desequilíbrio ambiental”, diz o autor em trecho de seu trabalho.
Os dados consultados mostram que, embora o agronegócio seja vendido como um grande empregador, não oferece empregos. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017, havia cerca de 15,1 milhões de trabalhadores em atividades agrícolas, dos quais mais de dois terços atuando na produção familiar. Os restantes, 3,9 milhões, eram assalariados e apenas 40% tinha carteira de trabalho assinada. Ou seja, somente 10% tinha empregos formais. Quando comparados os dados censitários de 2017 com os de 2006, constata-se que a população ocupada no meio rural diminuiu de 16,5 milhões para 15,1 milhões, uma queda de 1,5 milhões de pessoas.
Além disso, os trabalhadores que se mantiveram empregados pelo agronegócio ficaram expostos a condições inadequadas, como riscos de acidentes, intoxicações por agrotóxicos, EPIs inadequados, jornadas excessivas, pagamento por produção, falta de vínculo empregatício e outras precariedades.
No entanto, segundo afirmou, trata-se de um setor baseado na produção de commodities agrícolas, em grandes latifúndios, com uso excessivo de agroquímicos produzidos por empresas estrangeiras. É associado ao capital global e ao Estado brasileiro, que concede crédito rural e flexibilização da legislação, conforme seus interesses na área fundiária, de patentes de sementes transgênicas, liberação de agrotóxicos e desoneração fiscal para exportação.
Tudo isso combinado oculta os arranjos fundiários profundamente atrasados, em termos de relações sociais e de exploração ambiental. “Expandir o agronegócio brasileiro é também expandir e reproduzir a grilagem de terras, a expulsão de camponeses, quilombolas e indígenas a precariedade do trabalho humano, a agricultura de subsistência desprotegida e o desequilíbrio ambiental”, diz o autor em trecho de seu trabalho.
Os dados consultados mostram que, embora o agronegócio seja vendido como um grande empregador, não oferece empregos. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017, havia cerca de 15,1 milhões de trabalhadores em atividades agrícolas, dos quais mais de dois terços atuando na produção familiar. Os restantes, 3,9 milhões, eram assalariados e apenas 40% tinha carteira de trabalho assinada. Ou seja, somente 10% tinha empregos formais. Quando comparados os dados censitários de 2017 com os de 2006, constata-se que a população ocupada no meio rural diminuiu de 16,5 milhões para 15,1 milhões, uma queda de 1,5 milhões de pessoas.
Além disso, os trabalhadores que se mantiveram empregados pelo agronegócio ficaram expostos a condições inadequadas, como riscos de acidentes, intoxicações por agrotóxicos, EPIs inadequados, jornadas excessivas, pagamento por produção, falta de vínculo empregatício e outras precariedades.
Ambiente em risco
O autor destaca a contradição quando o agronegócio tenta aparecer como defensor do meio ambiente. Por exemplo, grande bancos privados que atuam no Brasil, como Bradesco, Itaú Unibanco e Santander lançaram plano conjunto para promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Traz metas sobre conservação ambiental e desenvolvimento da bioeconomia, investimento em infraestrutura sustentável e garantia dos direitos básicos da população da região amazônica.
Outro exemplo: A Cargill encerrou o mapeamento que vinha sendo feito para rastrear a associação entre o grão que compra e áreas desmatadas após 2008. E que com isso vai desenvolver ações com seus fornecedores para combater os desmatamentos. Há mais de um ano, a companhia criou um Fundo de US$ 30 milhões para encontrar soluções para combater os desmatamentos, com especial atenção para o cerrado da região conhecida como Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
“Mas a preocupação com o meio ambiente (preservação da Amazônia, fim do desmatamento) converte-se em vantagem competitiva em mercados cada vez mais exigentes com a sustentabilidade dos recursos naturais. Mas não modifica os fatores estruturais desse modo de produção, tais como a concentração da terra, riqueza e renda, precarização do trabalho e as relações patrimonialistas de caráter dependente e associado ao capitalismo financeiro internacional, ingredientes que caracterizam o subdesenvolvimento”, explica Raimundo.
O autor destaca a contradição quando o agronegócio tenta aparecer como defensor do meio ambiente. Por exemplo, grande bancos privados que atuam no Brasil, como Bradesco, Itaú Unibanco e Santander lançaram plano conjunto para promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Traz metas sobre conservação ambiental e desenvolvimento da bioeconomia, investimento em infraestrutura sustentável e garantia dos direitos básicos da população da região amazônica.
Outro exemplo: A Cargill encerrou o mapeamento que vinha sendo feito para rastrear a associação entre o grão que compra e áreas desmatadas após 2008. E que com isso vai desenvolver ações com seus fornecedores para combater os desmatamentos. Há mais de um ano, a companhia criou um Fundo de US$ 30 milhões para encontrar soluções para combater os desmatamentos, com especial atenção para o cerrado da região conhecida como Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
“Mas a preocupação com o meio ambiente (preservação da Amazônia, fim do desmatamento) converte-se em vantagem competitiva em mercados cada vez mais exigentes com a sustentabilidade dos recursos naturais. Mas não modifica os fatores estruturais desse modo de produção, tais como a concentração da terra, riqueza e renda, precarização do trabalho e as relações patrimonialistas de caráter dependente e associado ao capitalismo financeiro internacional, ingredientes que caracterizam o subdesenvolvimento”, explica Raimundo.
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