Charge: Fredy Varela |
O representante da Alemanha no Brasil, embaixador Heiko Thoms, ficou indignado com a saudação nazista feita por fanáticos bolsonaristas em ato golpista em São Miguel do Oeste, no interior de Santa Catarina, no final de semana. Em suas redes sociais, ele postou que “o uso de símbolos nazistas por ‘manifestantes’ claramente de extrema direita é profundamente chocante... Apologia ao nazismo é crime”.
Em outra postagem, o diplomata enfatizou que “não se trata de liberdade de expressão, mas de um ataque à democracia e ao estado de direito no Brasil... Esse gesto desrespeita a memória das vítimas do nazismo e os horrores causados por ele”. A reação do embaixador da Alemanha coincide com a posição de repulsa da Confederação Israelita do Brasil (Conib), a principal representante da comunidade judaica brasileira.
Com base em fotos e vídeos que circularam em redes sociais mostrando apoiadores de Jair Bolsonaro com os braços estendidos, muitos usando camisetas da seleção e empunhando bandeiras do Brasil, a entidade divulgou uma nota exigindo rigorosa apuração e punição dos criminosos:
“As imagens de manifestantes fazendo saudações nazistas em protesto em Santa Catarina são repugnantes e precisam ser investigadas e condenadas com veemência pelas autoridades e pela sociedade como um todo... O nazismo prega e pratica a morte e a destruição. A sociedade brasileira não pode tolerar posturas como essas".
Células nazistas em Santa Catarina
Como lembra uma matéria da Folha, a saudação nazista na cidade catarinense nem devia causar surpresa. “No último dia 20 de outubro, a Polícia Civil prendeu membros de uma célula nazista em São Miguel do Oeste... Foram apreendidos livros, símbolos e bandeiras que fazem apologia ao regime de Hitler. Também foram realizadas prisões em Florianópolis e Joinville”.
A reportagem registra ainda que “uma das figuras mais emblemáticas da região com ligação declarada ao nazismo é Altair Reinehr, pai da atual vice-governadora e deputada federal eleita por Santa Catarina, Daniela Reinehr (PL). Altair é professor aposentado e colaborou em livros da editora Revisão, especializada em publicações com teor antissemita que negavam o holocausto e outros crimes da Alemanha nazista”.
Apesar das notas de repúdio e do sinistro histórico, os nazistas seguem livres e violentos em Santa Catarina. Com a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro, eles podem ficar ainda mais explícitos e agressivos. Sem atitudes firmes para coibir a ação desses criminosos, com base na lei que trata o nazismo como crime, a tendência é só piorar – e não só com saudações nazistas, mas com atos de maior violência e barbárie.
O jornal Estadão informa que o Ministério Público em Santa Catarina acionou o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) para apurar o ocorrido. “Uma vez identificadas as pessoas, será produzido um relatório e as informações serão encaminhadas à 2ª Promotoria de Justiça da Comarca, que possui atribuição criminal, para responsabilização dos envolvidos”, garantiu a coordenadora do Gaeco de São Miguel do Oeste, Promotora de Justiça Marcela de Jesus Boldori Fernandes. A conferir!
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