segunda-feira, 18 de março de 2019

Brasil nada ganha com subordinação aos EUA

Por Gilberto Maringoni, no site Observatório de Política Externa Brasileira:

Diplomata aposentado, o Conselheiro Aires viveu seus últimos anos no Rio de Janeiro da virada do século XIX. Era um membro da elite ilustrada e personagem de dois livros de Machado de Assis, Esau e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). São as últimas obras do autor e representam seu auge estético e literário. Machado se tornara um mestre da narrativa direta e hábil construtor de figuras humanas.

As lembranças de Aires em Esaú e Jacó remontam a década de 1870, ponto alto do Império. Ao longo do livro, ele conta cheio de mistérios a história de uma encantadora sevilhana que conhecera quando secretário na legação diplomática em Caracas. Em suas andanças preguiçosas pelo centro do Rio, na velhice, Aires desfia tempos idos:

Os sete pecados capitais da Lava-Jato

Por Paulo Pimenta, na revista CartaCapital:

A fome insaciável de poder, metáfora para a GULA no campo da política, foi o que fez ruir o castelo de areia da República de Curitiba. Ao tentarem se apropriar, para fins evidentemente políticos, de R$ 2,5 bilhões da Petrobras, empresa pública de caráter estratégico para a economia e a soberania do Brasil, os agentes públicos da operação Lava Jato cruzaram de vez a linha que os impedia de quebrar não apenas leis, mas também padrões morais.

Fake news sobre o golpe da Previdência

Por Eduardo Marques, no blog Viomundo:

Como sempre acontece de tempos em tempos, a reforma da Previdência Social aparece como elemento fundamental para a retomada do crescimento econômico do Brasil. Estamos vivendo novamente este momento.

Esta discussão ocorre porque os governos apresentam a Previdência Social como um sistema deficitário, ou seja, as fontes de receitas existentes não conseguiriam pagar as aposentadorias, pensões e benefícios vigentes.

Sendo deficitária, a Previdência Social demandaria recursos adicionais do Orçamento Público Geral da União, recursos estes que poderiam ser destinados para outras ações importantes, sobretudo nos investimentos em infra-estrutura.

Bannon se junta a Olavo para fritar Mourão

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A BBC Brasil deu matéria sobre o jantar em torno de Olavo de Carvalho nos EUA.

Sim, eu escrevi direito. O centro do convescote era o Ermitão da Virgínia e não o presidente do Brasil.

Chegamos a um ponto em que o vice está sendo fritado em praça pública por agentes estrangeiros.

Olavo tem como porta-voz Steve Bannon, estrategista-chefe afastado do governo Trump e atual articulador de uma onda de líderes populistas de direita pelo mundo chamada Movimento.

EUA: império pontilhado, global e invisível

Por Tanner Howard, no site Vermelho:

O desenho dos Estados Unidos é uma forma familiar. É uma imagem conhecida em todo o mundo, para o bem e para o mal; a expansão para o oeste definiu formalmente o continente americano com a incorporação do Arizona e do Novo México em 1912.

Mas como o historiador Daniel Immerwahr argumenta em seu livro "Como ocultar um império", esse mapa familiar mais esconde que revela. Naturalmente, esse mapa omite seus dois estados mais recentes, Alasca e Havaí, localizados a centenas de quilômetros do continente. Mas também exclui colônias duradouras, como Porto Rico e Guam, e as inúmeras bases militares, territórios não incorporados e terras anteriormente ocupadas que os EUA outrora reivindicaram.

A jornada pela liberdade de Lula

É imperativo deter a barbárie das milícias

Por Jeferson Miola, em seu blog:

No final dos anos 1990, governos estaduais progressistas como do Olívio Dutra, do PT no Rio Grande do Sul, e do Garotinho do PDT, no Rio, testaram inventos humanistas para implementar uma perspectiva democrática de segurança pública.

No Rio, Luis Eduardo Soares estava à frente desse esforço, e no RS, José Paulo Bisol.
Ambos testavam políticas públicas revolucionárias, que, todavia, esbarraram no mesmo obstáculo: a banda podre das polícias e suas conexões com a política e o sistema econômico.

As milícias fazem parte daquilo que Luis Eduardo Soares chama da “economia política” do crime.

Lava-Jato completa cinco anos de abusos

Por Leonardo Fernandes, no jornal Brasil de Fato:

A julgar pelos nomes de suas fases, a operação Lava Jato poderia ser confundida com uma obra de teatro em 57 atos. A última dialoga com as críticas aos abusos e arbitrariedades dos últimos cinco anos: “Sem Limites (57ª)”. Outros nomes remetem à origem italiana da estratégia aplicada: “Buona Fortuna” (49ª fase). Finalmente, alguns remetem a táticas de tortura e execução, como “Asfixia” (40ª fase), “Abate” (44ª fase) e “Juízo Final”(7ª fase).

Lula e os líderes mundiais. Que diferença?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Durante dois anos, em 2003 e 2004, tive a oportunidade de viajar com Lula para 26 países, como secretário de Imprensa do ex-presidente.

Lula manteve encontros com os principais líderes mundiais da época e, com todos eles, falou de igual para igual, de forma altiva, serena e respeitosa, como se espera do presidente de um país soberano como o Brasil.

“Eles não são melhores nem piores do que eu. Não tenho medo de nenhum deles. Cada um tem que defender os interesses do seu país e é conversando que a gente se entende”, disse-me Lula, num intervalo da sua primeira viagem ao exterior, em janeiro de 2003.

Datena e o ódio bolsonarista na TV

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Logo depois de saber que seu filho havia matado oito pessoas e se suicidado, Tatiana foi perseguida na rua por um repórter do Brasil Urgente. Bastante incomodada, ela escondeu o rosto e tentou escapar das perguntas. A dor que ela estava sentindo parecia irrelevante para o jornalista. Ele continuou a perseguição pela calçada com uma abordagem inacreditável:

“Você se sente culpada de alguma forma?”

“Você quer ajuda, Tatiana? Vamos conversar um pouquinho”.

“Ele é uma criança ainda pra você?”
“Isso poderia ser evitado de que forma?”
“É importante você falar para defender a honra da sua família”.


Lava-Jato pagou para ver e quebrou a cara

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

O fiasco das manifestações convocadas neste domingo para servir de escudo aos abusos contra o Estado Democrático de Direito mostra um sinal de mudança na situação política do país.

Principal instrumento para a construção de um regime de exceção, a Lava Jato pagou para ver - e perdeu a aposta.

O objetivo óbvio de manifestações convocadas em tom de megalomania mas que só foram capazes de reunir dezenas de gatos pingados era realizar uma demonstração de força favorável a operação, devastada por um escândalo de R$ 2,5 bilhões em torno de uma fundação criada à margem da legislação brasileira, para cumprir tarefas que a Constituição reserva a autoridades eleitas pelo voto popular.

domingo, 17 de março de 2019

Lula livre é sinônimo de Brasil livre

Por Tiago Pereira, na Rede Brasil Atual:

A bandeira pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva unificou a esquerda brasileira. Em assembleia realizada ao longo deste sábado (16), em São Paulo, trabalhadores, representantes de partidos políticos e movimentos sociais definiram que lutar por Lula Livre hoje é lutar por um Brasil livre das arbitrariedades cometidas pela Justiça, que se aliou a forças do capitalismo financeiro internacional.

Desmonte do Estado no governo Bolsonaro

Por Antônio Augusto de Queiroz, na revista Teoria e Debate:

Que o governo Bolsonaro estaria a serviço do capital, até pela equipe e a agenda liberal assumidas, e que utilizaria os poderes e o orçamento do Estado contra seus supostos “inimigos”, todos sabiam. Porém ninguém imaginava que haveria tanta insensatez e tamanha perseguição aos direitos e às instituições de defesa dos assalariados e dos beneficiários da seguridade social.

O governo Bolsonaro não tem decoro

O amadorismo olavista na Petrobras

Por Tadeu Porto, no blog Cafezinho:

Uma coisa que (não) me surpreende nesse começo do governo Bolsonaro é o amadorismo claro de figuras chave da república.

Tá certo, muita gente considera cortinas de fumaça para a agenda neoliberal fluir nas sombras com tranquilidade (tipo aquela fumaça do Lost), mas a coisa tá tão feia, e pegando tão mal mesmo entre os conservadores, que começo imaginar que o governo inexperiente está de fato perdido.

Agenda conservadora ameaça a democracia?

Por Diogo Cunha, no site Carta Maior:

Não é de hoje que se fala em “crise da democracia” ou em “crise de representatividade”. Consequência da natureza indeterminada e inacabada da democracia, o desencanto que ela desperta assim como as expectativas com seu aperfeiçoamento sempre andaram de mãos dadas. A democracia carrega consigo um “paradoxo de origem”, responsável pelas tensões que a estruturam, a saber, que a sua definição como “poder do povo” é irrealizável. Parece, entretanto, que vivemos uma época em que o desencanto vem prevalecendo, dando lugar a ideia de que a morte da democracia, inclusive nos países ditos centrais, é uma possibilidade real.

"A besta do fascismo saiu do controle"

Por Yvana Fechine, de Paris, no site Marco Zero:

Em uma palestra realizada em Paris, no último sábado (16), o ex-deputado do PSOL, Jean Wyllys, que renunciou ao mandado e saiu do Brasil por sofrer ameaças de morte, argumentou que tão importante quanto perguntar “Quem mandou matar Marielle?” é questionar por que só agora a imprensa brasileira está colocando em evidência as relações da família Bolsonaro com as milícias do Rio envolvidas com os executores do assassinato da vereadora carioca. Empenhado em denunciar na Europa os ataques à democracia brasileira, Wyllys responde à própria questão com uma hipótese: “A besta do fascismo saiu do controle!”, afirmou o ex-deputado, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Crônica do avesso do mesmo lugar

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

Luis Fernando Veríssimo nos ensinou que “a principal matéria-prima para a crônica são as relações humanas. O modo como as pessoas se amam, se enganam, se aproximam ou se afastam num ambiente social definido. Ou qualquer outra coisa”. Seguindo a lógica do genial escritor gaúcho, escrever crônica seria uma tarefa extremamente fácil, mesmo porque as relações entre as pessoas são exercidas no modo automático, assim como é o pulsar do coração na manutenção da vida corpórea. Ama-se, engana-se, aproxima-se, afasta-se ou se faz alguma coisa a todo instante, queria-se ou não.

Lava-Jato age como milícia

Por Wadih Damous

Antes de mais nada é preciso dizer, como bem fez outro dia o jurista Marcelo Semer, que a operação lava jato é apenas um nome fantasia.

Procuradores, delegados e magistrados que a compõem ou a compuseram são servidores públicos e como tal sujeitos aos deveres e responsabilidades inerentes ao exercício da função pública.

Isso pode parecer básico em um primeiro momento, mas não é a conduta seguida pelos integrantes de dita operação desde o seu início.

Esses servidores agem como se estivessem em um órgão paralelo do Estado, sem regras, sem leis, sem observância de códigos de ética profissional à semelhança de agrupamentos milicianos que acusam, julgam e punem terceiros investidos de uma jurisdição extralegal e, portanto, superior e em confronto à estrutura administrativa do Estado.

O golpe do século contra a Petrobras

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

A Procuradora Geral da República tem defeitos e virtudes. Os defeitos, dizem, são de temperamento; as virtudes são de caráter. É fechada, centralizadora, discretíssima e tem pouca visão de estratégias políticas. Por outro lado, é técnica, correta, ciosa do interesse público e, especialmente, do papel institucional do Ministério Público.

Em nome dessa defesa do MP, varreu para baixo do tapete os erros gigantescos cometidos pelo antecessor Rodrigo Janot e pela Lava Jato. E deixou para o último instante o questionamento da excrescência da fundação de direito privado financiada pela Petrobras, em cima de um acordo com autoridades norte-americanas. Só a questionou quando começaram a brotar críticas na imprensa, em uma demonstração da falta de timming sobre o momento de demonstrar sua coragem.