Do sítio Opera Mundi:
O ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya retornou neste sábado (28/05) a Honduras, onde era esperado por milhares de pessoas, informou a impresa local. Ele chegou de Manágua em um avião venezuelano CRJ 700, que aterrissou às 14h22 locais (17h22 de Brasília) na capital hondurenha, Tegucigalpa.
Zelaya beijou o chão ao sair da aeronave. Ele foi recebido por sua mãe, Hortênsia Rosales, seus filhos Héctor Manuel e José Manuel, e o ministro de Planejamento hondurenho, Arturo Corrales, um dos negociadores do acordo que permitiu seu retorno.
Em breves declarações a jornalistas, ele agradeceu pela gestão do acordo aos presidentes de Honduras, Porfirio Lobo, da Venezuela, Hugo Chávez, e da Colômbia, Juan Manuel Santos.
Antes de sair da Nicarágua, Zelaya disse em entrevista à Telesur, que seu retorno a Honduras é como "uma vitória" para a democracia da América Latina.
"Minha volta é resultado de um esforço que todos os países da América Latina fizeram. É uma vitória dos processos institucionais e democráticos", comemorou, antes de embarcar.
Zelaya chegou na noite de sexta-feira à Nicarágua vindo da República Dominicana, onde ficou nos últimos meses.
Seu regresso abre caminho para a reintegração do país à OEA (Organização dos Estados Americanos), órgão do qual foi suspenso em outubro de 2009, após o golpe de Estado que o depôs.
Mudanças políticas
A expectativa é de que ele encontre uma Honduras diferente da que deixou em janeiro do ano passado, a começar pelo cenário político. Após sua deposição, grande parte da base aliada de seu partido, o PL (Partido da Liberdade), deixou de apoiar Zelaya por considerá-lo muito radical e acusá-lo de abandonar a organização para dedicar-se apenas a FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular), coalizão formada principalmente por simpatizantes de esquerda.
Durante seu exílio, Zelaya provocou polêmica com os aliados liberais ao dizer que se considera um "liberal pró-socialista", o que foi considerado contraditório já que o PL, junto com o atual governante PN (Partido Nacional), é um dos dois grandes grupos conservadores que dominaram a política de Honduras.
Para o dirigente Edmundo Orellana, que foi seu ministro em três diferentes carteiras, em seu retorno Zelaya deve definir se militará pela FNPR ou pelo PL.
A FNPR, por sua vez, garante que Zelaya deixou o liberalismo e militará apenas para a frente. Para o subcoordenador da frente, John Baker, Zelaya chegou ao poder por meio de um "partido oligarca", mas agora, após o exílio, é a hora do ex-presidente atuar de uma forma mais próxima ao povo, por meio da FNPR.
Em declarações à imprensa hondurenha, Baker afirmou que para o sábado (28/05), os simpatizantes do ex-presidente prepararam carreatas e passeatas pelas principais ruas de Tegucigalpa. A FRNP, porém, proibiu bandeiras vermelhas e brancas, que representam o liberalismo, bem como as do partido esquerdista UD (Unificação Democrata).
Segundo o encarregado da FNRP para a recepção de Zelaya, Gilberto Ríos, a frente espera mobilizar um milhão de hondurenhos para a praça Isis Obed Murillo, localizada na zona sul do aeroporto internacional de Toncontín.
Nesta sexta-feira (27/05), trabalhadores, camponeses, indígenas, mulheres, políticos progressistas, e representantes de outros setores no país foram convocados pela FNRP para participar das manifestações pró-Zelaya.
Zelaya foi deposto por um golpe de Estado militar em 28 de junho de 2009 e se exilou na República Dominicana. A efetivação de seu retorno foi fruto de um longo diálogo com o atual governo, intermediado pela Colômbia e pela Venezuela, que também lideraram as negociações para a reincorporação de Honduras à OEA.
O ex-presidente, por sua vez, impôs como condição para seu regresso a anulação dos processos de corrupção que corriam contra ele, decisão que foi tomada no início de maio.
Direitos Humanos
Além da reintegração à OEA, a volta de Zelaya reabre a discussão sobre os direitos humanos em Honduras. Entretanto, a visão da dirigente do Copinh (Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras), Berta Cáceres, é pessimista. "O regresso de Manuel Zelaya não mudará a situação de direitos humanos em Honduras", disse em entrevista para a Radio del Sur.
Para ela, a volta do ex-presidente se dá em um momento crítico da história do país, quando "a repressão, os ataques aos jovens, as ameaças contra o movimento campesino, a pressão das transnacionais e a militarização continuam e ganham força". "Estamos vivendo a calamidade da violência política e da impunidade", disse.
Cáceres acredita que a situação de direitos humanos em Honduras deve ser discutida internacionalmente e que a volta de Zelaya deveria servir como forma de impulsionar este debate.
A dirigente do Copinh denunciou ainda que os opositores a Zelaya estão tentando se articular para impedir que o povo se reúna em Tegucigalpa para recebê-lo e alertou que aceitar a reintegração de Honduras à OEA mediante o comando do atual presidente Porifio Lobo é "deixar um golpe de Estado impune e humilhar todo um país".
"Os golpistas são capazes inclusive de fazer um novo complô contra Manuel Zelaya. Estamos confiantes. Nosso chamado é para o povo hondurenho tomar cuidado porque não podemos nos aliar a uma política repressora. A segurança de Zelaya é outra coisa que nos preocupa", acrescentou.
Em entrevista à La Voz de las Madres de Argentina, o dirigente da FNRP, Rafael Alegría, concordou com Cáceres e classificou a situação dos direitos humanos em Honduras como "crítica". Segundo ele, mesmo após a criação do Comitê de Verificação por colombianos e venezuelanos para verificar possíveis violações, ainda há "muita repressão".
O dirigente ainda denunciou que camponeses continuam sendo assassinados e que cerca de 20 professores estão em greve de fome porque seus direitos trabalhistas não estão sendo respeitados. O atual governo de Porfirio Lobo, sucessor do ditador Roberto Micheletti, foi acusado, em reiteradas ocasiões, de repressão e perseguição política.
Representatividade
Apesar do receio, Cáceres considera o retorno de Zelaya a Honduras "um fenômeno". "Nas zonas rurais e indígenas há uma mobilização impressionante desde ontem. Nesta sexta-feira, centenas de ônibus começaram a se organizar para participar do ato de boas-vindas ao ex-presidente", contou a dirigente do Copinh.
Alegría é ainda mais otimista e acredita que a volta de Zelaya irá "unificar o nosso povo e construir uma aliança política que nos conduza à conquista do poder político". Em entrevista à imprensa argentina, Alegría afirmou que a volta de Zelaya, ajudará a construir uma "grande coalizão para desafiar o poder político" e que o povo hondurenho está "muito alegre" por recebê-lo.
Brasil
Para acompanhar o retorno de Zelaya, Brasil enviará o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, como representante oficial. “Vou lá, simplesmente, acompanhar essa missão de funcionários latino-americanos e, com isso, celebrar o acordo que nós estamos lutando a tanto tempo”, afirmou Garcia na entrevista coletiva concedida pelos chanceleres Antonio Patriota, do Brasil, e Trinidad Jiménez, da Espanha, no Palácio do Itamaraty.
Para ele, o retorno de Zelaya e a reintegração de Honduras à OEA representam o reconhecimento do governo do presidente hondurenho, Porfirio Pepe Lobo. “Acho que em seguida [à chegada de Zelaya a Tegucigalpa], Honduras será reintegrada à OEA [referindo-se à assembleia em Washington]”, disse ele.
O ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya retornou neste sábado (28/05) a Honduras, onde era esperado por milhares de pessoas, informou a impresa local. Ele chegou de Manágua em um avião venezuelano CRJ 700, que aterrissou às 14h22 locais (17h22 de Brasília) na capital hondurenha, Tegucigalpa.
Zelaya beijou o chão ao sair da aeronave. Ele foi recebido por sua mãe, Hortênsia Rosales, seus filhos Héctor Manuel e José Manuel, e o ministro de Planejamento hondurenho, Arturo Corrales, um dos negociadores do acordo que permitiu seu retorno.
Em breves declarações a jornalistas, ele agradeceu pela gestão do acordo aos presidentes de Honduras, Porfirio Lobo, da Venezuela, Hugo Chávez, e da Colômbia, Juan Manuel Santos.
Antes de sair da Nicarágua, Zelaya disse em entrevista à Telesur, que seu retorno a Honduras é como "uma vitória" para a democracia da América Latina.
"Minha volta é resultado de um esforço que todos os países da América Latina fizeram. É uma vitória dos processos institucionais e democráticos", comemorou, antes de embarcar.
Zelaya chegou na noite de sexta-feira à Nicarágua vindo da República Dominicana, onde ficou nos últimos meses.
Seu regresso abre caminho para a reintegração do país à OEA (Organização dos Estados Americanos), órgão do qual foi suspenso em outubro de 2009, após o golpe de Estado que o depôs.
Mudanças políticas
A expectativa é de que ele encontre uma Honduras diferente da que deixou em janeiro do ano passado, a começar pelo cenário político. Após sua deposição, grande parte da base aliada de seu partido, o PL (Partido da Liberdade), deixou de apoiar Zelaya por considerá-lo muito radical e acusá-lo de abandonar a organização para dedicar-se apenas a FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular), coalizão formada principalmente por simpatizantes de esquerda.
Durante seu exílio, Zelaya provocou polêmica com os aliados liberais ao dizer que se considera um "liberal pró-socialista", o que foi considerado contraditório já que o PL, junto com o atual governante PN (Partido Nacional), é um dos dois grandes grupos conservadores que dominaram a política de Honduras.
Para o dirigente Edmundo Orellana, que foi seu ministro em três diferentes carteiras, em seu retorno Zelaya deve definir se militará pela FNPR ou pelo PL.
A FNPR, por sua vez, garante que Zelaya deixou o liberalismo e militará apenas para a frente. Para o subcoordenador da frente, John Baker, Zelaya chegou ao poder por meio de um "partido oligarca", mas agora, após o exílio, é a hora do ex-presidente atuar de uma forma mais próxima ao povo, por meio da FNPR.
Em declarações à imprensa hondurenha, Baker afirmou que para o sábado (28/05), os simpatizantes do ex-presidente prepararam carreatas e passeatas pelas principais ruas de Tegucigalpa. A FRNP, porém, proibiu bandeiras vermelhas e brancas, que representam o liberalismo, bem como as do partido esquerdista UD (Unificação Democrata).
Segundo o encarregado da FNRP para a recepção de Zelaya, Gilberto Ríos, a frente espera mobilizar um milhão de hondurenhos para a praça Isis Obed Murillo, localizada na zona sul do aeroporto internacional de Toncontín.
Nesta sexta-feira (27/05), trabalhadores, camponeses, indígenas, mulheres, políticos progressistas, e representantes de outros setores no país foram convocados pela FNRP para participar das manifestações pró-Zelaya.
Zelaya foi deposto por um golpe de Estado militar em 28 de junho de 2009 e se exilou na República Dominicana. A efetivação de seu retorno foi fruto de um longo diálogo com o atual governo, intermediado pela Colômbia e pela Venezuela, que também lideraram as negociações para a reincorporação de Honduras à OEA.
O ex-presidente, por sua vez, impôs como condição para seu regresso a anulação dos processos de corrupção que corriam contra ele, decisão que foi tomada no início de maio.
Direitos Humanos
Além da reintegração à OEA, a volta de Zelaya reabre a discussão sobre os direitos humanos em Honduras. Entretanto, a visão da dirigente do Copinh (Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras), Berta Cáceres, é pessimista. "O regresso de Manuel Zelaya não mudará a situação de direitos humanos em Honduras", disse em entrevista para a Radio del Sur.
Para ela, a volta do ex-presidente se dá em um momento crítico da história do país, quando "a repressão, os ataques aos jovens, as ameaças contra o movimento campesino, a pressão das transnacionais e a militarização continuam e ganham força". "Estamos vivendo a calamidade da violência política e da impunidade", disse.
Cáceres acredita que a situação de direitos humanos em Honduras deve ser discutida internacionalmente e que a volta de Zelaya deveria servir como forma de impulsionar este debate.
A dirigente do Copinh denunciou ainda que os opositores a Zelaya estão tentando se articular para impedir que o povo se reúna em Tegucigalpa para recebê-lo e alertou que aceitar a reintegração de Honduras à OEA mediante o comando do atual presidente Porifio Lobo é "deixar um golpe de Estado impune e humilhar todo um país".
"Os golpistas são capazes inclusive de fazer um novo complô contra Manuel Zelaya. Estamos confiantes. Nosso chamado é para o povo hondurenho tomar cuidado porque não podemos nos aliar a uma política repressora. A segurança de Zelaya é outra coisa que nos preocupa", acrescentou.
Em entrevista à La Voz de las Madres de Argentina, o dirigente da FNRP, Rafael Alegría, concordou com Cáceres e classificou a situação dos direitos humanos em Honduras como "crítica". Segundo ele, mesmo após a criação do Comitê de Verificação por colombianos e venezuelanos para verificar possíveis violações, ainda há "muita repressão".
O dirigente ainda denunciou que camponeses continuam sendo assassinados e que cerca de 20 professores estão em greve de fome porque seus direitos trabalhistas não estão sendo respeitados. O atual governo de Porfirio Lobo, sucessor do ditador Roberto Micheletti, foi acusado, em reiteradas ocasiões, de repressão e perseguição política.
Representatividade
Apesar do receio, Cáceres considera o retorno de Zelaya a Honduras "um fenômeno". "Nas zonas rurais e indígenas há uma mobilização impressionante desde ontem. Nesta sexta-feira, centenas de ônibus começaram a se organizar para participar do ato de boas-vindas ao ex-presidente", contou a dirigente do Copinh.
Alegría é ainda mais otimista e acredita que a volta de Zelaya irá "unificar o nosso povo e construir uma aliança política que nos conduza à conquista do poder político". Em entrevista à imprensa argentina, Alegría afirmou que a volta de Zelaya, ajudará a construir uma "grande coalizão para desafiar o poder político" e que o povo hondurenho está "muito alegre" por recebê-lo.
Brasil
Para acompanhar o retorno de Zelaya, Brasil enviará o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, como representante oficial. “Vou lá, simplesmente, acompanhar essa missão de funcionários latino-americanos e, com isso, celebrar o acordo que nós estamos lutando a tanto tempo”, afirmou Garcia na entrevista coletiva concedida pelos chanceleres Antonio Patriota, do Brasil, e Trinidad Jiménez, da Espanha, no Palácio do Itamaraty.
Para ele, o retorno de Zelaya e a reintegração de Honduras à OEA representam o reconhecimento do governo do presidente hondurenho, Porfirio Pepe Lobo. “Acho que em seguida [à chegada de Zelaya a Tegucigalpa], Honduras será reintegrada à OEA [referindo-se à assembleia em Washington]”, disse ele.
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