Por Altamiro Borges
No epílogo do livro “A privataria tucana”, o premiado jornalista Amaury Ribeiro conclama a sociedade a desvendar o que ocorreu no criminoso processo das privatizações das estatais no reinado de FHC:
*****
Varrer a sujeira para debaixo do tapete, como se fez tantas vezes, não é mais possível. Não há tapete suficiente para acobertar tanto lixo. O Brasil, que escondeu a escravidão e ainda oculta a barbárie de suas ditaduras, não pode negar aos brasileiros a evisceração da privataria. Quem for inocente que seja inocentado, quem for culpado que expie pela culpa.
Se isso não acontecer, isto é, se a memória do saque não se tornar patrimônio dos brasileiros, o país poderá repetir esta história, mais cedo ou mais tarde. Não é demais reparar que, na América Latina, estamos atrasados nestas providências. No México, o ex-presidente Carlos Salinas de Gortari – espécie de santo padroeiro da privataria latina – crivado de denúncias de corrupção, saltou em seu jatinho e fugiu para Nova York. Na Bolívia, após privatizar até a água, que entregou à francesa Suez-Lyonnaise des Eaux e à norte-americana Betchel, o “modernizador neoliberal” Gonzalo Sánchez de Lozada foi ejetado do seu trono aos gritos de “assassino” e voou para Miami.
Tripulando uma razia privatizante que liquidou até mesmo estatais que davam lucro e um processo de concentração de renda que desempregou 30% da população nativa, Carlos Menem virou sinônimo de azar. Na Argentina, as pessoas dizem “Mendéz” para não pronunciar seu nome receando uma catástrofe. No Peru, após aprovar sua segunda reeleição, Alberto Fujimori evadiu-se do país sob acusação de surrupiar US$ 15 milhões do erário e autorizar a execução de dissidentes. Condenado a 25 anos de prisão, Fujimori admitiu, depois, ter concedido propinas – “briberization”, como diria Joseph Stiglitz – o que somou à sua pena mais alguns anos de cadeia.
(...)
Resta saber se quem interpreta o Estado Mínimo como uma perversidade ineficaz – aqui ou em qualquer outro lugar – está disposto a fazer valer sua condição cidadã e exigir da Polícia, do Fisco, do Ministério Público e da Justiça que cumpram sua parte. Se jogar uma luz sobre este passado ainda imerso nas sombras, este livro, que termina aqui, terá cumprindo a sua parte. E tudo o que houve terá valido a pena.
*****
Maior assalto ao patrimônio público
O livro de Amaury Ribeiro não é apenas “uma luz sobre este passado ainda imerso nas sombras”. É um canhão de holofotes que devassa os subterrâneos da privatização, “o maior assalto ao patrimônio público da história do Brasil”. É a peça que faltava para entender o que ocorreu naquele período de êxtase neoliberal, de desmonte do estado, da nação e do trabalho.
Nas suas 343 páginas, um terço delas com documentos oficiais, o livro comprova que a privataria serviu para enricar meia dúzia de empresários, que concentraram ainda mais as riquezas, mas também para desviar recursos públicos para tucanos de alta plumagem, que se utilizaram de mecanismos engenhosos de lavagem de dinheiro e de paraísos fiscais.
Filha, genro e ex-tesoureiro de Serra
Fruto de dez anos de investigação jornalística, o livro desvenda “a conexão entre a onda privatizante e a abertura de contas sigilosas e de empresas de fachada nos paraísos fiscais do Caribe, onde se lava mais branco não somente ‘o dinheiro sujo da corrupção’, mas também do narcotráfico, do contrabando de armas e do terrorismo. Um ervanário que, após a assepsia, retorna limpo ao Brasil”.
Entre os beneficiários do saque, o livro desmascara o falso ético José Serra. Com farta documentação obtida em juntas comerciais, cartórios, Ministério Público e Justiça, ele comprova que seu clã e sua turma realizaram movimentações financeiras sinistras com a grana das privatizações. Surgem os nomes da sua filha, do seu genro, do seu primo e do seu ex-tesoureiro de campanha, entre outros privatas.
Urgência da CPI da Privataria
A obra é devastadora. Nos seus 16 capítulos, que serão sintetizados aqui numa série de artigos, fica patente a urgência da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das privatizações, proposta pelo deputado Protógenes Queiroz. É inconcebível que toda esta sujeira fique debaixo do tapete! Em tempos de “faxina”, como alardeia a mídia udenista, é urgente limpar a história do Brasil.
No epílogo do livro “A privataria tucana”, o premiado jornalista Amaury Ribeiro conclama a sociedade a desvendar o que ocorreu no criminoso processo das privatizações das estatais no reinado de FHC:
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Varrer a sujeira para debaixo do tapete, como se fez tantas vezes, não é mais possível. Não há tapete suficiente para acobertar tanto lixo. O Brasil, que escondeu a escravidão e ainda oculta a barbárie de suas ditaduras, não pode negar aos brasileiros a evisceração da privataria. Quem for inocente que seja inocentado, quem for culpado que expie pela culpa.
Se isso não acontecer, isto é, se a memória do saque não se tornar patrimônio dos brasileiros, o país poderá repetir esta história, mais cedo ou mais tarde. Não é demais reparar que, na América Latina, estamos atrasados nestas providências. No México, o ex-presidente Carlos Salinas de Gortari – espécie de santo padroeiro da privataria latina – crivado de denúncias de corrupção, saltou em seu jatinho e fugiu para Nova York. Na Bolívia, após privatizar até a água, que entregou à francesa Suez-Lyonnaise des Eaux e à norte-americana Betchel, o “modernizador neoliberal” Gonzalo Sánchez de Lozada foi ejetado do seu trono aos gritos de “assassino” e voou para Miami.
Tripulando uma razia privatizante que liquidou até mesmo estatais que davam lucro e um processo de concentração de renda que desempregou 30% da população nativa, Carlos Menem virou sinônimo de azar. Na Argentina, as pessoas dizem “Mendéz” para não pronunciar seu nome receando uma catástrofe. No Peru, após aprovar sua segunda reeleição, Alberto Fujimori evadiu-se do país sob acusação de surrupiar US$ 15 milhões do erário e autorizar a execução de dissidentes. Condenado a 25 anos de prisão, Fujimori admitiu, depois, ter concedido propinas – “briberization”, como diria Joseph Stiglitz – o que somou à sua pena mais alguns anos de cadeia.
(...)
Resta saber se quem interpreta o Estado Mínimo como uma perversidade ineficaz – aqui ou em qualquer outro lugar – está disposto a fazer valer sua condição cidadã e exigir da Polícia, do Fisco, do Ministério Público e da Justiça que cumpram sua parte. Se jogar uma luz sobre este passado ainda imerso nas sombras, este livro, que termina aqui, terá cumprindo a sua parte. E tudo o que houve terá valido a pena.
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Maior assalto ao patrimônio público
O livro de Amaury Ribeiro não é apenas “uma luz sobre este passado ainda imerso nas sombras”. É um canhão de holofotes que devassa os subterrâneos da privatização, “o maior assalto ao patrimônio público da história do Brasil”. É a peça que faltava para entender o que ocorreu naquele período de êxtase neoliberal, de desmonte do estado, da nação e do trabalho.
Nas suas 343 páginas, um terço delas com documentos oficiais, o livro comprova que a privataria serviu para enricar meia dúzia de empresários, que concentraram ainda mais as riquezas, mas também para desviar recursos públicos para tucanos de alta plumagem, que se utilizaram de mecanismos engenhosos de lavagem de dinheiro e de paraísos fiscais.
Filha, genro e ex-tesoureiro de Serra
Fruto de dez anos de investigação jornalística, o livro desvenda “a conexão entre a onda privatizante e a abertura de contas sigilosas e de empresas de fachada nos paraísos fiscais do Caribe, onde se lava mais branco não somente ‘o dinheiro sujo da corrupção’, mas também do narcotráfico, do contrabando de armas e do terrorismo. Um ervanário que, após a assepsia, retorna limpo ao Brasil”.
Entre os beneficiários do saque, o livro desmascara o falso ético José Serra. Com farta documentação obtida em juntas comerciais, cartórios, Ministério Público e Justiça, ele comprova que seu clã e sua turma realizaram movimentações financeiras sinistras com a grana das privatizações. Surgem os nomes da sua filha, do seu genro, do seu primo e do seu ex-tesoureiro de campanha, entre outros privatas.
Urgência da CPI da Privataria
A obra é devastadora. Nos seus 16 capítulos, que serão sintetizados aqui numa série de artigos, fica patente a urgência da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das privatizações, proposta pelo deputado Protógenes Queiroz. É inconcebível que toda esta sujeira fique debaixo do tapete! Em tempos de “faxina”, como alardeia a mídia udenista, é urgente limpar a história do Brasil.
4 comentários:
Por falar em holofortes, por onde anda o
Procurador Gurgel?
Francamente, o P T está/tem a faca, o queijo e O Romnet Conti (esse apenas do José Dirceu ? ) nas mãos, nos pés e não faz nada? Quantos são os senadores da base aliada do Governo? E ainda não se conseguiu-se instalar uma CPI? Gostaria que algué tivesse coragem suficiente para dizer que o TCU e o MP de Brasilia estão errados sobre seus respectivos processos sobre as Privatizações, em especial sobre as Teles. Se o Governo P T não consegue, depois de todo aparelhamento da máquina oficial,trazer esses criminosos à Justiça, sinceramente acho que ninguém mais conseguirá. Do jeito que vc fala até parece que o PT é um partido minoritário e de oposição quando ele não o é. Acho que esta equação das esquerdas precisa ser melhor explicada, a não ser que o objetivo é mesmo o linchamento puro e simples. E nem isso vcs estão conseguindo. Falem, gritem, mais alto. Não sei porquê estou gastando meu latim aqui. Culpa de um colega professor de História que de História n~~ao entende bulhufas.
LEMBRO QUE FERNADO HENRIQUE CARDOSO, DEU A MEDALHA CRUZEIRO DO SUL AO BANDIDO DO FUJIMORI.
Privataria e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse
Por Marcos Carvalho
E abriu o 1º selo, e eis um Cavaleiro; e o que estava montado nele era um Cavalo Branco de quatro chifres; e o cavaleiro tinha um arco como o de um cupido; e no arco estava escrito "O amor é relativamente lindo".
E adoraram o Cavalo Branco porque ele formava as opiniões.
E abriu o 2º selo, e eis um Cavalo Vermelho; e o que estava montado nele era chamado de Privata e foi dado a ele que tirasse os bens da terra. E o Cavalo Branco deu ao Privata o seu poder; e adoraram o Privata, dizendo "Quem é semelhante ao Privata? Quem poderá batalhar contra ele?". E o Privata que engana os que habitam sobre a terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença do Cavalo Branco, cruzou os 7 mares e feriu toda a terra por muitos anos.
E abriu o 3º selo; e eis um Cavalo Preto; e o que estava montado nele tinha uma balança na mão e venda nos olhos. E ouvi como que uma voz no meio dos quatro seres viventes, que dizia: Um queniz de trigo por um denário, e três quenizes de cevada por um denário; e não danifiques nadica de Nahas. E foi dado a ele que fosse o Guardião das Nádigas de Nahas.
E abriu o 4º selo, e eis um Cavalo Amarelo, e o que estava montado nele chamava-se Morte; e o Nahas seguia com ele; e foi-lhe dada autoridade sobre a quarta parte da terra, para matar com a espada, e com a fome, e com a peste, e com as feras da terra. E ele saiu de seu castelo montado no Cavalo Amarelo, empunhando sua espada e dizendo "Daí a Nahas o que é de Nahas, e o que é de Deus adeus". E o Cavalo Branco que tem 4 chifres que formava opinião e já não forma, vai com ele à perdição. Então a terra é invadida pelo Cavaleiro e a Turba retirada aos pontapés, chorando e implorando misericórdia, mas nem Nahas "Enem" os Cavalos "Enem" os Cavaleiros invadiram a terra para terem misericórdia.
Para se proteger dos quatro cavaleiros e de seus cavalos a turba possuía um livrinho aberto em suas mãos. E colocaram o pé direito sobre um pinheiro e o pé esquerdo sobre o Cavalo Preto e disseram "Não haverá mais demora", neste momento o cavaleiro cai e o cavalo preto é dominado pela Turba passando a servi-los. Então a turba arranca uma das páginas do livrinho e, fazendo uma bolinha de papel, atira violentamente no Privata e o mesmo cai nocauteado. E o papel é devidamente recolhido e reciclado para que dele seja feito diploma e os cavaleiros e seus cavalos sofram de indignação ao verem que a turba é de Deus. Neste momento os quatro cavaleiros ouvem uma voz retumbante dos céus que diz "Cuidado com a Turba que a Turba te pega, te pega daqui te pega de lá". A turba então arranca mais uma folha do livrinho e dá ao Cavalo Branco e ele fica mudo, sendo que na boca da Turba o livrinho é doce como mel.
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