Por Altamiro Borges
O jornalista Juca Kfouri, um dos mais renomados da área de esportes no Brasil, foi alvo de ofensas na madrugada de terça-feira (29), em São Paulo, por ter se posicionado contra o impeachment de Dilma. Crítico do governo petista e sem nunca ter pertencido a esta sigla, ele foi hostilizado pelos fanáticos sem cérebro – que a cada dia estão mais agressivos. Quatro malucos, um deles mascarado, pararam um carro na esquina de sua casa, dispararam buzinas e rosnaram: "Maldito, filho da puta, petista".
Quatro arruaceiros, num Honda Civic cinza, placas FES 5544, pararam na esquina da rua onde moro, por volta da meia-noite, um deles de máscara e camisa da CBF, e fizeram uma algazarra de acordar a vizinhança.
Com buzinas nas mãos, xingavam: “Juca Kfouri, maldito, fdp, petista!”.
Na segunda-feira retrasada já tinham feito o mesmo, com dois carros, e eram oito.
Eu não estava em casa, mas minha mulher os viu, assim como o guarda-noturno, que não anotou as placas.
Hoje, desci, anotei a placa e os abordei.
Logo fui dizendo que eles estavam enganados, que não sou e nunca fui petista e que sou contra o impeachment.
Agressivos que estavam, talvez surpresos por me verem, quiseram argumentar.
O de máscara falou: “Eu gostaria que você repetisse que não é petista, porque sou seu fã”.
Repeti e voltei a dizer que era contra o impeachment, além de dizer que o que eles estavam fazendo era um absurdo e que não me intimidavam.
Ele retrucou: “Mas não entendo como você pode ser contra o impeachment e não ser petista”.
“Porque você é um ignorante político”, respondi.
Ao que ele reagiu: “Não sou, não, eu leio Gramsci, a “Carta Capital” e o “Vermelho”.
Nesta altura, sob as vistas de meu filho e de minha mulher, e com a aproximação de dois guardas da rua, um dos que estavam atrás no carro, ponderou ao mascarado:
“Então pede desculpa e vamos embora”.
E foram. Sem pedir desculpa.
Valentes, muito valentes.
***
Atualização às 15h30:
O jornalista Juca Kfouri, um dos mais renomados da área de esportes no Brasil, foi alvo de ofensas na madrugada de terça-feira (29), em São Paulo, por ter se posicionado contra o impeachment de Dilma. Crítico do governo petista e sem nunca ter pertencido a esta sigla, ele foi hostilizado pelos fanáticos sem cérebro – que a cada dia estão mais agressivos. Quatro malucos, um deles mascarado, pararam um carro na esquina de sua casa, dispararam buzinas e rosnaram: "Maldito, filho da puta, petista".
O jornalista não se intimidou. Desceu do seu apartamento e discutiu com os agressores. Além disso, ele postou em seu blog, hospedado no UOL, um texto em que crítica os fascistoides e informa que já identificou alguns dos "arruaceiros." Vale conferir sua corajosa postura:
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Quarteto de arruaceiros
Por Juca Kfouri
Por Juca Kfouri
Quatro arruaceiros, num Honda Civic cinza, placas FES 5544, pararam na esquina da rua onde moro, por volta da meia-noite, um deles de máscara e camisa da CBF, e fizeram uma algazarra de acordar a vizinhança.
Com buzinas nas mãos, xingavam: “Juca Kfouri, maldito, fdp, petista!”.
Na segunda-feira retrasada já tinham feito o mesmo, com dois carros, e eram oito.
Eu não estava em casa, mas minha mulher os viu, assim como o guarda-noturno, que não anotou as placas.
Hoje, desci, anotei a placa e os abordei.
Logo fui dizendo que eles estavam enganados, que não sou e nunca fui petista e que sou contra o impeachment.
Agressivos que estavam, talvez surpresos por me verem, quiseram argumentar.
O de máscara falou: “Eu gostaria que você repetisse que não é petista, porque sou seu fã”.
Repeti e voltei a dizer que era contra o impeachment, além de dizer que o que eles estavam fazendo era um absurdo e que não me intimidavam.
Ele retrucou: “Mas não entendo como você pode ser contra o impeachment e não ser petista”.
“Porque você é um ignorante político”, respondi.
Ao que ele reagiu: “Não sou, não, eu leio Gramsci, a “Carta Capital” e o “Vermelho”.
Nesta altura, sob as vistas de meu filho e de minha mulher, e com a aproximação de dois guardas da rua, um dos que estavam atrás no carro, ponderou ao mascarado:
“Então pede desculpa e vamos embora”.
E foram. Sem pedir desculpa.
Valentes, muito valentes.
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Atualização às 10h:
O Honda Civic , ano 2010, pertence à empresa MOAS INDUSTRIA E COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, sediada à Rua Roberto Bosch 469, Pq. Industrial, São Paulo.
Seus proprietários são Mordekhai Moas e Alegretta Tilda Safatis Moas, residentes à rua Conselheiro Brotero.
Falei com o filho deles, Moris Moa, que prometeu entregar, até às 15h de hoje, quando voltarei a telefonar, os quatro nomes dos arruaceiros desta madrugada.
Diz ele que não era um dos quatro, embora uma foto sua seja muito semelhante ao motorista do veículo.
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O Honda Civic , ano 2010, pertence à empresa MOAS INDUSTRIA E COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, sediada à Rua Roberto Bosch 469, Pq. Industrial, São Paulo.
Seus proprietários são Mordekhai Moas e Alegretta Tilda Safatis Moas, residentes à rua Conselheiro Brotero.
Falei com o filho deles, Moris Moa, que prometeu entregar, até às 15h de hoje, quando voltarei a telefonar, os quatro nomes dos arruaceiros desta madrugada.
Diz ele que não era um dos quatro, embora uma foto sua seja muito semelhante ao motorista do veículo.
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Atualização às 15h30:
Voltei a falar com Moris Moa que voltou a negar estar no carro, disse ser difícil saber quem usou o veículo da empresa na madrugada e me indicou o advogado Roberto Podval, que “atende muitos petistas, até o Antônio Dirceu”, disse.
Desliguei porque, para quem apenas queria uma retratação dos quatro arruaceiros, restou o caminho da Justiça.
Desliguei porque, para quem apenas queria uma retratação dos quatro arruaceiros, restou o caminho da Justiça.
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