Agora ela até ri |
E subitamente, para a grande mídia, os problemas da economia se originam lá fora.
Caiu a bolsa? Aconteceu alguma coisa no exterior. O dólar subiu? Também.
Não acredito que seja uma instrução organizada dos chefes de redação. Acho que se trata de reflexo automático. Os editores sabem o que seus patrões querem que eles façam e o que não façam.
No governo Dilma, era como se o mundo vivesse dias de gloriosa prosperidade e apenas o Brasil soluçasse. A responsabilidade de todos os problemas era de Dilma.
Com Temer é o oposto.
É assim que a mídia forma imbecis.
O ator José de Abreu chamou a atenção para isso no Twitter. Numa postagem em que o UOL atribuía a queda da Bolsa a fatores externos, ele comentou: “É o Temer, é o Temer.”
Outra estratégia clássica para minar um governo é a seguinte. Você vai buscar histórias dramáticas e esquece os casos felizes. Você caça o fracasso e ignora o sucesso.
Foi também o que a imprensa fez com, ou contra, Dilma. Eu mesmo experimentei isso. Estava numa padaria quando um repórter da Band se aproximou de mim.
Ele procurava pessoas que se queixassem do impacto da alta do dólar em suas compras de comida. Não dei a resposta esperada. “Mas e o preço do pãozinho, mas e o preço do pãozinho?”, ele insistiu.
“Não mudou minha vida em nada”, respondi. O repórter enfim se rendeu e foi buscar chorões em outra parte da padaria. De preferência, chorões que citassem nominalmente Dilma.
Agora o esquema é outro. A imprensa está dando relatos de vitoriosos. As pessoas que se queixam já não valem nada, porque elas não ajudam na narrativa da virada miraculosa de Temer.
Esta artimanha foi sintetizada espetacularmente por Temer em suas primeiras horas de usurpação. “Não fale em crise, trabalhe.”
A imprensa bem que tentou ajudá-lo. Passou a falar subitamente de pacificação, depois de promover a guerra freneticamente em cada dia de Dilma. Num espasmo de governismo patronal, Míriam Leitão disse que finalmente havia boas notícias na economia.
Quais?
Bem, aí é outra história.
Não há nada que a mídia possa fazer para levantar Temer. É como ressuscitar um cadáver. É como tentar transformar um perna de pau num craque.
Temer é um caso inédito de presidente que em menos de um mês é apoiado por apenas 11% dos brasileiros. Os cem primeiros dias são de lua de mel entre a sociedade e um novo presidente, mas Temer destroçou esta tradição ancestral e válida em todo o planeta.
O caso Temer mostra os limites da influência da mídia na era da internet. Os que acreditam no Jornal Nacional e na Veja são em número infinitamente menor hoje do que foram no passado.
Sabe aquela do Churchill para desmoralizar um rival? Pois é. Um táxi chegou vazio a seu destino, e dele desceu um leitor da Veja que não perde um Jornal Nacional.
Não adianta a imprensa mudar o foco de sua cobertura para elevar Temer. Ela não o eleva, porque é uma tarefa impossível, e além de tudo se rebaixa - se é que dá para se rebaixar mais ainda.
Com Temer é o oposto.
É assim que a mídia forma imbecis.
O ator José de Abreu chamou a atenção para isso no Twitter. Numa postagem em que o UOL atribuía a queda da Bolsa a fatores externos, ele comentou: “É o Temer, é o Temer.”
Outra estratégia clássica para minar um governo é a seguinte. Você vai buscar histórias dramáticas e esquece os casos felizes. Você caça o fracasso e ignora o sucesso.
Foi também o que a imprensa fez com, ou contra, Dilma. Eu mesmo experimentei isso. Estava numa padaria quando um repórter da Band se aproximou de mim.
Ele procurava pessoas que se queixassem do impacto da alta do dólar em suas compras de comida. Não dei a resposta esperada. “Mas e o preço do pãozinho, mas e o preço do pãozinho?”, ele insistiu.
“Não mudou minha vida em nada”, respondi. O repórter enfim se rendeu e foi buscar chorões em outra parte da padaria. De preferência, chorões que citassem nominalmente Dilma.
Agora o esquema é outro. A imprensa está dando relatos de vitoriosos. As pessoas que se queixam já não valem nada, porque elas não ajudam na narrativa da virada miraculosa de Temer.
Esta artimanha foi sintetizada espetacularmente por Temer em suas primeiras horas de usurpação. “Não fale em crise, trabalhe.”
A imprensa bem que tentou ajudá-lo. Passou a falar subitamente de pacificação, depois de promover a guerra freneticamente em cada dia de Dilma. Num espasmo de governismo patronal, Míriam Leitão disse que finalmente havia boas notícias na economia.
Quais?
Bem, aí é outra história.
Não há nada que a mídia possa fazer para levantar Temer. É como ressuscitar um cadáver. É como tentar transformar um perna de pau num craque.
Temer é um caso inédito de presidente que em menos de um mês é apoiado por apenas 11% dos brasileiros. Os cem primeiros dias são de lua de mel entre a sociedade e um novo presidente, mas Temer destroçou esta tradição ancestral e válida em todo o planeta.
O caso Temer mostra os limites da influência da mídia na era da internet. Os que acreditam no Jornal Nacional e na Veja são em número infinitamente menor hoje do que foram no passado.
Sabe aquela do Churchill para desmoralizar um rival? Pois é. Um táxi chegou vazio a seu destino, e dele desceu um leitor da Veja que não perde um Jornal Nacional.
Não adianta a imprensa mudar o foco de sua cobertura para elevar Temer. Ela não o eleva, porque é uma tarefa impossível, e além de tudo se rebaixa - se é que dá para se rebaixar mais ainda.
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