domingo, 4 de dezembro de 2016

Temer apressa porrada na Previdência

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:


O Globo publica hoje manchete dizendo que Michel Temer apressou o envio da mensagem com a reforma da Previdência, que, em tese, deve ser entregue à Câmara dos Deputados na terça-feira.

Frise-se, logo, que o entregará a uma Câmara completamente deslegitimada diante da população.





Algumas da propostas listadas por O Globo não têm explicações plausíveis, como a desvinculação dos Benefícios de Prestação Continuada, pagos a pessoas com deficiências – muitas delas crianças, através dos pais – e a pessoas idosas sem cobertura previdenciária, que não passarão mais a seguir o salário mínimo. Ou seja, irão perdendo o valor de subsistência representado pelo piso salarial nacional.

Outras, tiram a única vantagem que se dá aos professores, de se aposentarem com menos tempo, se todo exercido no magistério.

Mas, a crer no que publicam as repórteres Martha Beck e Geralda Doca, a pior novidade é que, para homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45, não haverá regra de transição: só se concederá aposentadoria a quem atingir a idade mínima de 65 anos.

Ou seja, um homem de 49 anos, que tenha começado a trabalhar aos 18 e que se aposentaria em quatro anos, mesmo com perdas pelo fator 85/95 atual, ou em mais 7,5 anos, para aposentar-se sem descontos, agora terá de trabalhar por mais 16 anos, ao menos.

Ou pior, segundo o jornal:

“A PEC vai mexer também no cálculo do benefício. Segundo um técnico envolvido nas discussões, o valor deverá cair para 51% sobre a média das contribuições mais 1% por ano adicional de contribuição. Desta forma, quem começou a trabalhar aos 16 anos, por exemplo, com 49 anos de contribuição alcançará a idade mínima de 65 anos e poderá receber o benefício integral.”

Numa ironia perversa, na página seguinte se informa que, entre os trabalhadores brasileiros, quase a metade (44%) começou a trabalhar antes dos 14 anos e, ainda hoje, entre os trabalhadores mais jovens, com menos de 30 anos, 30% teve com aquela idade o seu primeiro emprego. Para eles, portanto, serão 51 anos de trabalho.

Não há informação sobre o “pedágio” que será pago pelos que tiverem 50 ou mais.

Com isso, Michel Temer pretende recuperar a “confiança do mercado”.

Com o lombo do trabalhador.

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