Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil (12/5/16) |
Michel Temer, João Doria e outros meliantes estão indo com muita sede ao pote para esmagar o povo brasileiro. Podem se dar mal.
Desde a República Velha, nenhum governo rompeu laços com o movimento sindical. Nem mesmo as ditaduras ou os governos neoliberais anteriores.
As duas gestões de Getúlio Vargas – que criou a CLT – tiveram no movimento dos trabalhadores – mesmo buscando mantê-lo sob controle – importante base de articulação e apoio. A criação do PTB, em 1945, teve o papel de se contrapor ao PCB nas disputas sindicais.
Dutra perseguiu ferozmente as lideranças, mas não colocou em questão a legislação aprovada no governo anterior.
A ditadura de 1964 perseguiu de maneira selvagem ativistas e dirigentes, mas não rompeu com o sindicalismo. Sua política para o movimento tinha como ponto forte a intervenção na direção das entidades, como Dutra. Pelo menos dois dirigentes colocados de cima para baixo nas entidades se tornaram conhecidos. O primeiro foi Paulo Vidal, dos Metalúrgicos de São Bernardo. Através de suas mãos, Lula entrou na diretoria e na vida política, nos anos 1970. O segundo foi Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, que mudou de lado e se tornou um dos mais importantes dirigentes sindicais brasileiros. Entre os anos 1970-80, exerceu decisivo papel na solidariedade a movimentos grevistas de todo o país, em especial para com as mobilizações do ABC paulista.
Mesmo uma gestão ultraliberal como a de Collor de Mello se movimentou para atrair para seu lado parcelas expressivas do movimento sindical . O dirigente mais notório foi Antonio Rogério Magri, que se tornou ministro do Trabalho. Tanto Collor, quanto Sarney e FHC buscaram diálogo com a Força Sindical.
Lula aproximou-se de todas as vertentes dos trabalhadores.
Agora, com o golpe, o que se vê é uma absoluta loucura. Com o ataque à CLT, à Previdência e com iniciativas de seus esbirros pelos estados, há um rompimento total com os de baixo e a tentativa de isolamento e criminalização das entidades e seus protagonistas.
O movimento sindical não é ator coadjuvante ou neófito na cena política. Com diferentes gradações políticas, forma uma estrutura capilarizada e representativa da sociedade brasileira.
Empurrar esse setor para a ilegalidade, assaltando e cortando prerrogativas e direitos não se constitui apenas em fator antidemocrático. Trata-se de gerar instabilidade política em toda linha, inclusive entre o patronato, que ficará sem canais de negociação com os de baixo.
A porta que o golpismo abre é para lá de perigosa. Tirar de cena o sindicalismo abre as portas para que a voz dos trabalhadores seja sufocada. Mas não o será, porque não existem espaços vazios em política.
Gera-se espaço para que essa expressão seja ocupada por agentes nada democráticos, como igrejas ou o crime organizado.
Michel Temer e seus capangas adentram numa senda irresponsável e perigosa.
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