Por Altamiro Borges
Apesar das ameaças terroristas dos grupos fascistas e do bombardeio midiático, mais de 8 milhões de venezuelanos lotaram os centros de votação neste domingo (30) e elegeram os deputados da nova Assembleia Nacional Constituinte. Uma vitória da revolução bolivariana, uma demonstração do nível de consciência das camadas populares do país vizinho. Segundo o anúncio da presidenta do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, o total de votantes foi de 8.089.320 pessoas, o equivalente a 41,53% do eleitorado. “Foi uma eleição extraordinária, inusual, distinta. O balanço é extremamente positivo, porque a paz venceu, a Venezuela venceu. Apesar da violência, apesar das ameaças, os venezuelanos puderam expressar-se”, afirmou.
Diante de uma multidão reunida na Praça Bolívar, no centro de Caracas, o presidente Nicolás Maduro parabenizou a eleição em discurso já na madrugada desta segunda-feira (31). Ele enfatizou que o mecanismo constitucional nasceu com a mesma legitimidade que a Constituinte de 1999, baseada na Constituição e com o apoio popular. “Não só tem a força constituinte nacional, mas tem a força da legitimidade, a força moral de um povo que de maneira heroica em condições de guerra foi votar e dizer: queremos paz, tranquilidade... O bravo povo deu uma lição de coragem, de valentia. O que vimos hoje é admirável”, comemorou logo após o CNE divulgar os primeiros resultados da eleição dos 537 deputados constituintes.
Nicolás Maduro voltou a criticar setores da oposição pelos métodos terroristas e chamou à unidade seus setores mais lúcidos, menos fascistas. “Cerremos fileiras para que a Assembleia Nacional Constituinte seja o espaço de diálogo nacional de todos os venezuelanos, da gente honesta que queira paz, da gente sincera... Esta é uma Constituinte para pôr ordem, fazer justiça e defender a paz”. Ele também exigiu respeito à soberania popular do presidente dos EUA, Donald Trump, da União Europeia e de outros direitistas que governam países da América Latina. Os 43 observadores internacionais que acompanharam o dia de votação reconheceram a lisura do pleito e também fizeram um chamado ao mundo para que respeitem a vontade popular.
A violência da oposição fascista
Todos estes apelos em defesa da democracia e da soberania, porém, já esbarram na postura autoritária da direita venezuelana e mundial – incluindo a brasileira. Logo após o anúncio oficial do resultado da eleição, líderes da oposição conclamaram seus seguidores a repetir os protestos violentos em Caracas e outros centros urbanos do país. O empresário Henrique Capriles, que foi derrotado nas últimas eleições presidenciais e nunca aceitou o resultado, já é destaque na mídia imperial e nas suas filiais colonizadas convocando manifestações contra a instalação da nova Constituinte. Os grupelhos fascistas já prometem novos confrontos nas ruas, com barricadas nas vias públicas e outros atentados terroristas.
Dos EUA e de outros países governados por aloprados também partem mensagens de incentivo à violência. Donald Trump, o maluco que chefia a Casa Branca, já anunciou que não reconhecerá o resultado do pleito. Antes mesmo da eleição, na quarta-feira (26), o império já havia imposto sanções econômicas a 13 líderes venezuelanos responsáveis pelo processo constituinte. Já a embaixadora ianque na ONU, Nikki Haley, afirmou que o país não aceita o resultado “dessa fraudulenta eleição” e que ela representa “mais um passo em direção a uma ditadura”. Interessados na imensa reserva de petróleo do país vizinho, os EUA tendem a radicalizar ainda mais as provocações, estimulando novas ondas de terrorismo.
No mesmo rumo, o capacho Aloysio Nunes, “ministro” das Relações Exteriores do covil golpista de Michel Temer, afirmou em nota que a eleição de domingo agrava “ainda mais o impasse institucional que paralisa a Venezuela... Diante da gravidade do momento histórico por que passa a Venezuela, o Brasil insta as autoridades a suspenderem a instalação da Assembleia Constituinte e a abrirem um canal efetivo de diálogo com a sociedade”. Haja cinismo e complexo de vira-lata do tucano golpista do Brasil. Outros países governados pela direita em nosso continente – Argentina, México, Colômbia e Peru – também manifestaram seu desprezo pelo voto popular no país vizinho.
O papel nocivo da mídia colonizada
Nos próximos dias, a direita mundial fará de tudo para desqualificar o rico processo eleitoral na Venezuela. Para isto, contará com a inestimável ajuda dos meios monopolistas de comunicação. Na prática, a mídia colonizada acoberta os terroristas da nação vizinha. Antes do pleito, ela tentou difundir a imagem de que a violência no país foi de exclusiva responsabilidade das forças policiais. Ela escondeu que a maior parte dos atentados, que resultaram em mais de 100 mortes nos últimos meses, foi orquestrada por grupos fascistas. No próprio domingo, durante a votação, a oposição direitista patrocinou cenas de violência em Caracas, com a explosão de bombas e outros atentados que resultaram em mortos e feridos.
Conforme relata Jonatas Campos, correspondente do jornal Brasil de Fato, “a participação popular no processo de eleição da assembleia constituinte neste domingo não foi suficiente para impedir as ações violentas – algumas terroristas – da oposição para provocar, de acordo com a imprensa venezuelana, a morte de 19 pessoas. De acordo com o ministro da Defesa, Padrino López, nenhuma das mortes pode ser atribuída à Polícia Nacional Bolivariana. Da mesma forma, o porta-voz do governo e prefeito do município de Libertador, Jorge Rodríguez, reiterou: ‘É mentira que houve sete mortos em torno do evento eleitoral, é completamente falso, e veja que os guarimberos (manifestantes opositores) tentaram hoje e não conseguiram’”.
Jonatas Campos dá detalhes: “Em uma ação terrorista, pessoas contrárias ao governo de Nicolás Maduro plantaram artefatos explosivos em uma barricada que, ao serem acionados, explodiram ferindo sete efetivos da Guarda Nacional Bolivariana. O ato ocorreu nas proximidades da Praça França, também em Altamira, por volta das 13 horas. Em vídeo divulgado na internet, é possível ouvir os manifestantes comemorando a explosão. Segundo informações do Jornal Ciudad Caracas, cinco civis e sete policiais da Guarda Nacional ficaram feridos e várias motos foram incendiadas pela força dos explosivos. Essa é a segunda vez que uma explosão planejada é realizada contra o corpo da Guarda Nacional Bolivariana. Em 11 de julho, outros sete efetivos da GNB foram feridos com queimaduras de segundo e terceiro grau quando foram atingidos por um artefato em Altamira”.
Estes atos terroristas não foram destaque no "Fantástico" deste domingo na TV Globo. Também não mereceram a repulsa das outras emissoras de televisão e dos jornalões. Na prática, repito, a mídia colonizada acoberta os terroristas! Encerro este texto reproduzindo o corajoso e contundente artigo da senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, e de Monica Valente, secretária de relações internacionais da sigla, publicado na Folha deste domingo (30). Um pouco de sensatez num jornal colonizado e venal que incentiva as forças de direita no Brasil e na Venezuela.
*****
Convocar o povo para decidir seu futuro
A convocação de uma Constituinte na Venezuela tem sido motivo de crítica por parte da oposição do país e do governo sem credibilidade e sem voto do Brasil.
A votação deste domingo (30) naquele país escolherá representantes regionais e de vários setores profissionais, entre eles pescadores e empresários, estudantes e trabalhadores urbanos e rurais, pessoas com deficiência e aposentados.
Mais de 52 mil venezuelanos se inscreveram para concorrer às 500 cadeiras, segundo o Conselho Nacional Eleitoral. O que há de ditatorial num escrutínio direto? Voto é voto, regional, setorial ou nacional.
A Assembleia tratará de temas diversos, como a formulação de um acordo de paz entre governo e oposição, um novo e fundamental modelo para acabar com a dependência do petróleo sobre a economia local, a consagração de direitos sociais, democracia participativa, modificações no sistema judicial, a identidade pluricultural, os direitos da juventude e até medidas para proteção ambiental.
Todas as mudanças terão de ser posteriormente aprovadas em referendo pela população. Mais uma decisão popular, o que parece não ser do agrado do governo ilegítimo do Brasil.
Ao convocar o povo para decidir sobre seu próprio futuro, o presidente Nicolás Maduro afrontou os interesses de quem, invariavelmente, se posiciona contra o uso dos recursos do petróleo na área social.
O governo Maduro, como todas as gestões, tem erros e acertos. Pode-se gostar ou não dele, mas foi eleito pelo voto popular, tem mandato até 2018, como era o de Dilma.
Há pelo menos dois anos, resiste aos golpes da oposição, a qual iniciou um violento processo de desestabilização política que mergulhou a nação no caos. Assim, os opositores de Maduro alimentam uma polarização que deixou mais de cem mortos, de ambos os lados.
Nós, do PT, desejamos que essas divergências possam ser dirimidas de forma pacífica. Outros, infelizmente, apostam no isolamento da Venezuela e no acirramento de seu conflito interno.
Nicolás Maduro não personifica os fardados de alta patente que assombraram nosso continente nos anos 1960 e 70. Seu partido venceu 17 das 18 eleições desde 1998, quando Hugo Chávez ganhou pela primeira vez a Presidência.
Suas atitudes, inclusive, contrastam em muito com a atual experiência de alguns vizinhos latino-americanos, que viram a democracia ruir após golpes parlamentares ou judiciais patrocinados pela união entre as elites econômicas e os partidos conservadores.
O plebiscito organizado pela oposição recentemente não seria possível em uma ditadura sanguinária, conforme seus detratores afirmam que é o governo de Maduro.
A exemplo do que ocorre em outros locais, a elite venezuelana também não quer dividir o bolo com os mais pobres, algo representativo da herança cultural e da colonização dos povos do continente. No entanto, precisará de votos para impor sua agenda diante do governo Maduro.
Aqueles que, aqui no Brasil, clamam por democracia na Venezuela deveriam começar a clamar por democracia também no nosso país, uma vez que ela foi usurpada por um golpe parlamentar que arrancou uma presidenta inocente e legitimamente eleita e que mantém no poder um corrupto comprovado, com altíssima rejeição popular.
Antes de bisbilhotar na casa dos outros, cuidemos da nossa. Na Venezuela, como no Brasil, a solução é o voto.
*****
Leia também:
- O futuro da Venezuela está em jogo
- Venezuela defende soberania e democracia
- Na Venezuela, para entender o voto
- Paz na Venezuela! Abaixo o terrorismo!
- Irritado com Maduro? Lembre-se de Temer
- Venezuela rechaça agressões dos EUA
Apesar das ameaças terroristas dos grupos fascistas e do bombardeio midiático, mais de 8 milhões de venezuelanos lotaram os centros de votação neste domingo (30) e elegeram os deputados da nova Assembleia Nacional Constituinte. Uma vitória da revolução bolivariana, uma demonstração do nível de consciência das camadas populares do país vizinho. Segundo o anúncio da presidenta do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, o total de votantes foi de 8.089.320 pessoas, o equivalente a 41,53% do eleitorado. “Foi uma eleição extraordinária, inusual, distinta. O balanço é extremamente positivo, porque a paz venceu, a Venezuela venceu. Apesar da violência, apesar das ameaças, os venezuelanos puderam expressar-se”, afirmou.
Diante de uma multidão reunida na Praça Bolívar, no centro de Caracas, o presidente Nicolás Maduro parabenizou a eleição em discurso já na madrugada desta segunda-feira (31). Ele enfatizou que o mecanismo constitucional nasceu com a mesma legitimidade que a Constituinte de 1999, baseada na Constituição e com o apoio popular. “Não só tem a força constituinte nacional, mas tem a força da legitimidade, a força moral de um povo que de maneira heroica em condições de guerra foi votar e dizer: queremos paz, tranquilidade... O bravo povo deu uma lição de coragem, de valentia. O que vimos hoje é admirável”, comemorou logo após o CNE divulgar os primeiros resultados da eleição dos 537 deputados constituintes.
Nicolás Maduro voltou a criticar setores da oposição pelos métodos terroristas e chamou à unidade seus setores mais lúcidos, menos fascistas. “Cerremos fileiras para que a Assembleia Nacional Constituinte seja o espaço de diálogo nacional de todos os venezuelanos, da gente honesta que queira paz, da gente sincera... Esta é uma Constituinte para pôr ordem, fazer justiça e defender a paz”. Ele também exigiu respeito à soberania popular do presidente dos EUA, Donald Trump, da União Europeia e de outros direitistas que governam países da América Latina. Os 43 observadores internacionais que acompanharam o dia de votação reconheceram a lisura do pleito e também fizeram um chamado ao mundo para que respeitem a vontade popular.
A violência da oposição fascista
Todos estes apelos em defesa da democracia e da soberania, porém, já esbarram na postura autoritária da direita venezuelana e mundial – incluindo a brasileira. Logo após o anúncio oficial do resultado da eleição, líderes da oposição conclamaram seus seguidores a repetir os protestos violentos em Caracas e outros centros urbanos do país. O empresário Henrique Capriles, que foi derrotado nas últimas eleições presidenciais e nunca aceitou o resultado, já é destaque na mídia imperial e nas suas filiais colonizadas convocando manifestações contra a instalação da nova Constituinte. Os grupelhos fascistas já prometem novos confrontos nas ruas, com barricadas nas vias públicas e outros atentados terroristas.
Dos EUA e de outros países governados por aloprados também partem mensagens de incentivo à violência. Donald Trump, o maluco que chefia a Casa Branca, já anunciou que não reconhecerá o resultado do pleito. Antes mesmo da eleição, na quarta-feira (26), o império já havia imposto sanções econômicas a 13 líderes venezuelanos responsáveis pelo processo constituinte. Já a embaixadora ianque na ONU, Nikki Haley, afirmou que o país não aceita o resultado “dessa fraudulenta eleição” e que ela representa “mais um passo em direção a uma ditadura”. Interessados na imensa reserva de petróleo do país vizinho, os EUA tendem a radicalizar ainda mais as provocações, estimulando novas ondas de terrorismo.
No mesmo rumo, o capacho Aloysio Nunes, “ministro” das Relações Exteriores do covil golpista de Michel Temer, afirmou em nota que a eleição de domingo agrava “ainda mais o impasse institucional que paralisa a Venezuela... Diante da gravidade do momento histórico por que passa a Venezuela, o Brasil insta as autoridades a suspenderem a instalação da Assembleia Constituinte e a abrirem um canal efetivo de diálogo com a sociedade”. Haja cinismo e complexo de vira-lata do tucano golpista do Brasil. Outros países governados pela direita em nosso continente – Argentina, México, Colômbia e Peru – também manifestaram seu desprezo pelo voto popular no país vizinho.
O papel nocivo da mídia colonizada
Nos próximos dias, a direita mundial fará de tudo para desqualificar o rico processo eleitoral na Venezuela. Para isto, contará com a inestimável ajuda dos meios monopolistas de comunicação. Na prática, a mídia colonizada acoberta os terroristas da nação vizinha. Antes do pleito, ela tentou difundir a imagem de que a violência no país foi de exclusiva responsabilidade das forças policiais. Ela escondeu que a maior parte dos atentados, que resultaram em mais de 100 mortes nos últimos meses, foi orquestrada por grupos fascistas. No próprio domingo, durante a votação, a oposição direitista patrocinou cenas de violência em Caracas, com a explosão de bombas e outros atentados que resultaram em mortos e feridos.
Conforme relata Jonatas Campos, correspondente do jornal Brasil de Fato, “a participação popular no processo de eleição da assembleia constituinte neste domingo não foi suficiente para impedir as ações violentas – algumas terroristas – da oposição para provocar, de acordo com a imprensa venezuelana, a morte de 19 pessoas. De acordo com o ministro da Defesa, Padrino López, nenhuma das mortes pode ser atribuída à Polícia Nacional Bolivariana. Da mesma forma, o porta-voz do governo e prefeito do município de Libertador, Jorge Rodríguez, reiterou: ‘É mentira que houve sete mortos em torno do evento eleitoral, é completamente falso, e veja que os guarimberos (manifestantes opositores) tentaram hoje e não conseguiram’”.
Jonatas Campos dá detalhes: “Em uma ação terrorista, pessoas contrárias ao governo de Nicolás Maduro plantaram artefatos explosivos em uma barricada que, ao serem acionados, explodiram ferindo sete efetivos da Guarda Nacional Bolivariana. O ato ocorreu nas proximidades da Praça França, também em Altamira, por volta das 13 horas. Em vídeo divulgado na internet, é possível ouvir os manifestantes comemorando a explosão. Segundo informações do Jornal Ciudad Caracas, cinco civis e sete policiais da Guarda Nacional ficaram feridos e várias motos foram incendiadas pela força dos explosivos. Essa é a segunda vez que uma explosão planejada é realizada contra o corpo da Guarda Nacional Bolivariana. Em 11 de julho, outros sete efetivos da GNB foram feridos com queimaduras de segundo e terceiro grau quando foram atingidos por um artefato em Altamira”.
Estes atos terroristas não foram destaque no "Fantástico" deste domingo na TV Globo. Também não mereceram a repulsa das outras emissoras de televisão e dos jornalões. Na prática, repito, a mídia colonizada acoberta os terroristas! Encerro este texto reproduzindo o corajoso e contundente artigo da senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, e de Monica Valente, secretária de relações internacionais da sigla, publicado na Folha deste domingo (30). Um pouco de sensatez num jornal colonizado e venal que incentiva as forças de direita no Brasil e na Venezuela.
*****
Convocar o povo para decidir seu futuro
A convocação de uma Constituinte na Venezuela tem sido motivo de crítica por parte da oposição do país e do governo sem credibilidade e sem voto do Brasil.
A votação deste domingo (30) naquele país escolherá representantes regionais e de vários setores profissionais, entre eles pescadores e empresários, estudantes e trabalhadores urbanos e rurais, pessoas com deficiência e aposentados.
Mais de 52 mil venezuelanos se inscreveram para concorrer às 500 cadeiras, segundo o Conselho Nacional Eleitoral. O que há de ditatorial num escrutínio direto? Voto é voto, regional, setorial ou nacional.
A Assembleia tratará de temas diversos, como a formulação de um acordo de paz entre governo e oposição, um novo e fundamental modelo para acabar com a dependência do petróleo sobre a economia local, a consagração de direitos sociais, democracia participativa, modificações no sistema judicial, a identidade pluricultural, os direitos da juventude e até medidas para proteção ambiental.
Todas as mudanças terão de ser posteriormente aprovadas em referendo pela população. Mais uma decisão popular, o que parece não ser do agrado do governo ilegítimo do Brasil.
Ao convocar o povo para decidir sobre seu próprio futuro, o presidente Nicolás Maduro afrontou os interesses de quem, invariavelmente, se posiciona contra o uso dos recursos do petróleo na área social.
O governo Maduro, como todas as gestões, tem erros e acertos. Pode-se gostar ou não dele, mas foi eleito pelo voto popular, tem mandato até 2018, como era o de Dilma.
Há pelo menos dois anos, resiste aos golpes da oposição, a qual iniciou um violento processo de desestabilização política que mergulhou a nação no caos. Assim, os opositores de Maduro alimentam uma polarização que deixou mais de cem mortos, de ambos os lados.
Nós, do PT, desejamos que essas divergências possam ser dirimidas de forma pacífica. Outros, infelizmente, apostam no isolamento da Venezuela e no acirramento de seu conflito interno.
Nicolás Maduro não personifica os fardados de alta patente que assombraram nosso continente nos anos 1960 e 70. Seu partido venceu 17 das 18 eleições desde 1998, quando Hugo Chávez ganhou pela primeira vez a Presidência.
Suas atitudes, inclusive, contrastam em muito com a atual experiência de alguns vizinhos latino-americanos, que viram a democracia ruir após golpes parlamentares ou judiciais patrocinados pela união entre as elites econômicas e os partidos conservadores.
O plebiscito organizado pela oposição recentemente não seria possível em uma ditadura sanguinária, conforme seus detratores afirmam que é o governo de Maduro.
A exemplo do que ocorre em outros locais, a elite venezuelana também não quer dividir o bolo com os mais pobres, algo representativo da herança cultural e da colonização dos povos do continente. No entanto, precisará de votos para impor sua agenda diante do governo Maduro.
Aqueles que, aqui no Brasil, clamam por democracia na Venezuela deveriam começar a clamar por democracia também no nosso país, uma vez que ela foi usurpada por um golpe parlamentar que arrancou uma presidenta inocente e legitimamente eleita e que mantém no poder um corrupto comprovado, com altíssima rejeição popular.
Antes de bisbilhotar na casa dos outros, cuidemos da nossa. Na Venezuela, como no Brasil, a solução é o voto.
*****
Leia também:
- O futuro da Venezuela está em jogo
- Venezuela defende soberania e democracia
- Na Venezuela, para entender o voto
- Paz na Venezuela! Abaixo o terrorismo!
- Irritado com Maduro? Lembre-se de Temer
- Venezuela rechaça agressões dos EUA
0 comentários:
Postar um comentário