Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
A provável demissão de Ricardo Vélez seria um episódio de importância crucial num governo bem constituído, preocupado com as questões relevantes do país.
A verdade é que, em três meses de gestão, pudemos aprender que a Educação está longe de ocupar o lugar merecido em qualquer governo brasileiro.
Como a própria nomeação de Vélez deixou claro, sua função, no Planalto de nossos dias, é funcionar como um aparelho ideológico para o padrinho, Olavo de Carvalho. A Educação, aqui, era e continuará sendo um ministério de valor zero enquanto sua função for alimentar as lutas estúpidas do bruxo da Virgínia.
A crise que envolve o governo Bolsonaro é grave porque atinge os pontos nevrálgicos do governo. A reação descontrolada do ministro da Economia quando participou do primeiro - sim, apenas o primeiro - debate sobre a Previdência no Senado mostra que Paulo Guedes sentiu o golpe. A reação "tchutchuka é a mãe" é apenas um sintoma de que o principal pilar de sustentação de Bolsonaro já apresenta rachaduras importantes.
Até a Arko Advice, consultoria política liderada por Murilo de Aragão - citado como candidato a embaixador em Washington - e profunda conhecedora dos humores do plenário, reconhece que o governo está perdendo força na instituição que tem direito de aprovar a reforma - ou amassar a papelada e mandar para o lixo. Num levantamento recente, a Arko disse que a reforma tinha apoio de 69% dos parlamentares. Agora, está em 56% - patamar insuficiente para ser aprovada.
Demonstrando que já tem consciência da situação, num café da manhã com jornalistas Bolsonaro admitiu abandonar a ideia-rainha da reforma - capitalização individual, que o ministro trouxe do Chile de Pinochet, que conheceu quando era um jovem discípulo do monetarismo de Chicago importado pela mais violenta ditadura da América do Sul.
"Se tiver reação grande, tira da proposta", admitiu Bolsonaro, numa ameaça que, se for levada adiante, implicará em privar o mercado financeiro de sua grande promessa de campanha, deixando o Planalto pendurado no ar.
Quando Bolsonaro prepara-se para completar 100 dias em Palácio, acumulam-se sinais de que ele escolheu o lugar errado para amarrar seu governo.
Invenção de Paulo Guedes, o posto Ipiranga dos bons tempos, a reforma da Previdência pode ser uma grande ideia para engordar os lucros do patamar superior da pirâmide - mas está se transformando no pesadelo para o governo na medida em que a população começa a tomar consciência da armadilha que está sendo preparada.
A experiência democrática recente do país ensina que nenhum governo conseguiu manter-se na cadeira sem unificar a maioria dos brasileiros e brasileiras em torno de causas necessárias, que a população compreende a apoia. Foi com a inflação zero que Fernando Henrique virou uma eleição e permaneceu oito anos num cargo que parecia cientificamente perdida de seis meses antes de iniciar a campanha.
Ao manter a coerência de quem se elegeu para combater a miséria Lula garantiu a reeleição e teve fôlego para fazer a sucessora - ajudando também nas duas eleições de Dilma.
Eixo principal do governo Bolsonaro, a reforma da Previdência está longe de cumprir a função política de unir o país. Divide, para dizer o mínimo, numa rejeição que cresce na medida em que a população toma consciência das barbaridades que estão sendo preparadas as suas costas.
Num levantamento recente, o instituto Ideias Big Data mostra que Bolsonaro perdeu 15 milhões de votos desde a posse. Basta recordar que ele venceu Fernando Haddad por uma diferença de 10,7 milhões de votos para compreender uma verdade fantástica. Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro poderia ter sido derrotado.
Estamos falando de estatísticas, projeções, estimativas. Mas esta é a gravidade da crise.
Alguma dúvida?
A verdade é que, em três meses de gestão, pudemos aprender que a Educação está longe de ocupar o lugar merecido em qualquer governo brasileiro.
Como a própria nomeação de Vélez deixou claro, sua função, no Planalto de nossos dias, é funcionar como um aparelho ideológico para o padrinho, Olavo de Carvalho. A Educação, aqui, era e continuará sendo um ministério de valor zero enquanto sua função for alimentar as lutas estúpidas do bruxo da Virgínia.
A crise que envolve o governo Bolsonaro é grave porque atinge os pontos nevrálgicos do governo. A reação descontrolada do ministro da Economia quando participou do primeiro - sim, apenas o primeiro - debate sobre a Previdência no Senado mostra que Paulo Guedes sentiu o golpe. A reação "tchutchuka é a mãe" é apenas um sintoma de que o principal pilar de sustentação de Bolsonaro já apresenta rachaduras importantes.
Até a Arko Advice, consultoria política liderada por Murilo de Aragão - citado como candidato a embaixador em Washington - e profunda conhecedora dos humores do plenário, reconhece que o governo está perdendo força na instituição que tem direito de aprovar a reforma - ou amassar a papelada e mandar para o lixo. Num levantamento recente, a Arko disse que a reforma tinha apoio de 69% dos parlamentares. Agora, está em 56% - patamar insuficiente para ser aprovada.
Demonstrando que já tem consciência da situação, num café da manhã com jornalistas Bolsonaro admitiu abandonar a ideia-rainha da reforma - capitalização individual, que o ministro trouxe do Chile de Pinochet, que conheceu quando era um jovem discípulo do monetarismo de Chicago importado pela mais violenta ditadura da América do Sul.
"Se tiver reação grande, tira da proposta", admitiu Bolsonaro, numa ameaça que, se for levada adiante, implicará em privar o mercado financeiro de sua grande promessa de campanha, deixando o Planalto pendurado no ar.
Quando Bolsonaro prepara-se para completar 100 dias em Palácio, acumulam-se sinais de que ele escolheu o lugar errado para amarrar seu governo.
Invenção de Paulo Guedes, o posto Ipiranga dos bons tempos, a reforma da Previdência pode ser uma grande ideia para engordar os lucros do patamar superior da pirâmide - mas está se transformando no pesadelo para o governo na medida em que a população começa a tomar consciência da armadilha que está sendo preparada.
A experiência democrática recente do país ensina que nenhum governo conseguiu manter-se na cadeira sem unificar a maioria dos brasileiros e brasileiras em torno de causas necessárias, que a população compreende a apoia. Foi com a inflação zero que Fernando Henrique virou uma eleição e permaneceu oito anos num cargo que parecia cientificamente perdida de seis meses antes de iniciar a campanha.
Ao manter a coerência de quem se elegeu para combater a miséria Lula garantiu a reeleição e teve fôlego para fazer a sucessora - ajudando também nas duas eleições de Dilma.
Eixo principal do governo Bolsonaro, a reforma da Previdência está longe de cumprir a função política de unir o país. Divide, para dizer o mínimo, numa rejeição que cresce na medida em que a população toma consciência das barbaridades que estão sendo preparadas as suas costas.
Num levantamento recente, o instituto Ideias Big Data mostra que Bolsonaro perdeu 15 milhões de votos desde a posse. Basta recordar que ele venceu Fernando Haddad por uma diferença de 10,7 milhões de votos para compreender uma verdade fantástica. Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro poderia ter sido derrotado.
Estamos falando de estatísticas, projeções, estimativas. Mas esta é a gravidade da crise.
Alguma dúvida?
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