Foto: Scott Olson/Getty Images |
Na semana passada, o Ministério Público do Trabalho recebeu denúncias contra a rede estadunidense de fast-food McDonald´s por assédio sexual e racismo que vitimaram 25 ex-funcionários. As acusações foram entregues ao procurador regional Alberto Emiliano de Oliveira Neto do MPT do Paraná. O documento, elaborado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), ressalta que as provas dos crimes confirmam um “padrão sistemático de abuso contra os direitos dos trabalhadores” e exige uma intervenção imediata do Ministério Público do Trabalho.
“A denúncia trata de um alarmante e inaceitável padrão de assédio sexual e discriminação racial nos restaurantes McDonald’s no Brasil”, aponta Ricardo Patah, presidente da UGT. “Agradecemos o Ministério Público do Trabalho por olhar com atenção para esse caso, e esperamos que o McDonald’s tome medidas imediatamente para assegurar um local de trabalho livre desse tipo horrível de assédio sexual e racial, que demonstra ser muito comum em suas dependências”.
Em um dos casos denunciados, uma jovem relatou que o coordenador da unidade a abraçou em inúmeras oportunidades, fez carícias em seu corpo e ainda passou a mão em suas “partes íntimas”, tendo seguido a funcionária ao banheiro e a intimidado com “convites maliciosos”. Outra jovem alega que foi abordada pelo gerente no vestiário, quando estava de sutiã. Mais tarde, ele a avisou de que ela teria de “dar algo em troca” se quisesse subir de cargo. Em relação aos casos de racismo, ex-funcionárias se queixam de serem chamadas de burras, “neguinhas”, “macacas”, entre outros xingamentos, em alguns casos diante dos clientes da loja.
Segundo Ricardo Patah, as denúncias apresentadas indicam evidências de conduta semelhante em outras lojas do McDonald’s no país. “Ainda estamos efetuando levantamentos de ações individuais envolvendo assédio sexual e racial em outros estados da federação. Esperamos que o Ministério Público do Trabalho tenha uma atuação firme diante desses casos, porque é bem possível que eles sejam apenas a ponta do iceberg de um problema sistêmico ou até mesmo estrutural do Mc Donald’s”.
Denúncias nos EUA
De fato, os abusos contra os trabalhadores do McDonald´s são uma constante – e não apenas no Brasil. Nos EUA, pátria dessa rede de fast food, a exploração desenfreada e as práticas de assédio são comuns. Segundo matéria da agência Reuters publicada na semana passada (21), a empresa acaba de ser acusada no país em mais 25 novas ações legais por “tolerar assédio sexual no local de trabalho e por punir funcionários que se manifestam”.
“As novas acusações e ações judiciais contra uma das marcas mais conhecidas do mundo foram divulgadas nesta terça-feira (21 de maio) pela American Civil Liberties Union (Aclu), o grupo trabalhista Fight for $15 e o Times Up Legal Defense Fund, que querem expandir o movimento #MeToo para além de figuras proeminentes em Hollywood e em outros lugares... Mais de 50 acusações e ações judiciais foram registradas contra o McDonald's nos últimos três anos, informou a Aclu”. A corporação multinacional possui mais de 14 mil lojas nos EUA e explora cerca de 850 mil trabalhadores, pagando péssimos salários e exigindo jornadas flexíveis de trabalho.
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