Por Liszt Vieira, no site Carta Maior:
Segundo previsão dos estatísticos, em 2032 a maioria da população brasileira será evangélica. Isso constitui uma transformação importante para um país que já foi chamado de “maior país católico do mundo”. Não se trata apenas de um aumento quantitativo na população. Esse incremento numérico se faz acompanhar de uma participação maior na política e no poder. A “longa jornada” para o Poder já foi iniciada. Ao mesmo tempo, observa-se o aumento do pluralismo religioso. Entre 1970 e 2010, os “sem religião” saltaram de 702 mil para 15,3 milhões de pessoas (José Eustáquio Alves - ENCE/IBGE, Carta Maior, 22/5/2019).
No atual governo, importantes postos no aparelho de Estado já estão ocupados por evangélicos. Não se trata apenas da ministra Damares. Em vários Ministérios e Agências Federais, cargos de diretoria são oferecidos a pastores evangélicos que indicam para ocupá-los seus “irmãos de fé”, ou seja, seus fiéis amigos da igreja. Essa presença forte da religião na política ameaça os princípios republicanos do Estado laico.
A bem da verdade, os governos Lula e Dilma também foram apoiados por grupos neopentecostais. O governo Dilma transferiu para comunidades terapêuticas evangélicas recursos públicos destinados ao combate às drogas, medida que foi questionada pelo Conselho Federal de Psicologia na época (Entrevista da pesquisadora Maria das Dores Campos Machado, Estadão, 10/1/2020).
Tudo indica que esses grupos religiosos apoiam quem está no poder e abre espaços para a ampliação de sua influência. Mas o governo Bolsonaro operou uma “mudança paradigmática” na relação com os evangélicos. Ministros e importantes cargos de segundo escalão foram nomeados após indicação ou consulta a lideranças evangélicas. O próprio presidente se diz evangélico e anunciou transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém atendendo a pedido do governo de Israel e também por solicitação de igrejas evangélicas. Teve de recuar, mas não desistiu da ideia.
“Bolsonaro não tem outra opção, ele vai mudar a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém. Se não mudar a embaixada, esquece o apoio dos evangélicos”, afirmou a Pastora Jane Silva, presidente da Comunidade Internacional Brasil e Israel (Carta Maior, 13/8/2019). Mas Bolsonaro sofre forte pressão contrária à transferência da embaixada, principalmente dos ruralistas, que temem prejuízo para a economia brasileira, e dos militares, cuja tradição positivista não se harmoniza com os dogmas religiosos. Afinal, como dizem os palestinos, o conflito entre Israel e Palestina é territorial e político, não é religioso. E o general Hamilton Mourão chegou a dizer que essa medida pode transferir “a questão do terrorismo internacional” para o Brasil (Folha de São Paulo, 23/11/2018).
No mesmo momento em que os evangélicos ocupam crescentes espaços de poder, o Governo Bolsonaro implementa uma política cultural de natureza nazista. O ponto culminante, até agora, foi a Declaração do ex Secretário de Cultura, Roberto Alvim, de conteúdo e estética nazistas, reproduzindo discurso de Goebbels, o grande idealizador da propaganda nazista na Alemanha de Hitler. A prioridade do Secretário Alvim era desencadear no Brasil uma Guerra Cultural contra valores e princípios de direitos humanos, consagrados na Constituição, e por ele considerados comunistas.
Desta vez, se deu mal. A reprodução do discurso de Goebbels causou escândalo na sociedade. Os presidentes da Câmara e do Senado pediram a demissão imediata do Secretário de Cultura. A Mídia em geral reagiu indignada. E last, but not least, o Embaixador de Israel telefonou a Bolsonaro para protestar e pedir a exoneração do Secretário.
Ficou claro que um limite política e moralmente intransponível foi ultrapassado. Se deixado solto, o Secretário Alvim e sua guerra cultural desembocariam um dia na proposta de construção de câmaras de gás, ou algo similar. Esse perigo não está afastado, mas - ao que tudo indica – os judeus seriam poupados, tendo em vista o apoio de Bolsonaro ao governo de Trump e de Israel. Os candidatos ao extermínio seriam os socialistas, comunistas e socialdemocratas, que insistem na ideia, estranha ao neoliberalismo, de lutar pela justiça social e pela redução da desigualdade social.
O Secretário Alvim não estava só. Vejam a seguinte Declaração estapafúrdia do atual Ministro da Educação, logo após tomar posse: “Os comunistas estão no topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras. Eles são os donos dos jornais. Eles são os donos das grandes empresas. Eles são os donos dos monopólios” (The Intercept Brasil, João Filho, 14/4/2019).
O fascismo brasileiro está substituindo a demonização nazista dos judeus pela demonização dos comunistas. E, no Brasil, até os social-democratas são chamados de comunistas. O Secretário de Cultura foi demitido, mas o projeto de guerra cultural vai continuar. É projeto do Bolsonaro e de seu guru, aquele astrólogo que mora nos EUA. Na realidade, a guerra aos “comunistas” é a guerra à democracia, à diferença, aos direitos humanos, à inteligência, à arte e à cultura. É a guerra contra a educação, a pesquisa científica, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, a política externa independente.
Os evangélicos aceitaram ser soldados dessa guerra. Querem impor os valores morais de sua religião à toda a sociedade, crentes ou não. Por isso, em nome de seus princípios religiosos, apoiam e participam dessa política fascista que sufoca a liberdade de expressão cultural e artística. Evangélico não é nazista, nazista não é evangélico. Mas, ao apoiarem o mesmo Governo e a mesma política autoritária, desenvolvem na prática uma aliança objetiva. Apoiam o projeto fascista de implantar uma tirania em troca da consolidação de seus princípios morais transformados em lei erga omnes, obrigatória a todos.
Assim, os evangélicos abocanham cargos e usufruem do poder sabendo que são cúmplices dos conteúdos e resultados da ação do Governo. Jesus Cristo morreu torturado, e os evangélicos apoiam o Presidente que defende a tortura. Cristo pregou a paz, e os evangélicos defendem o Presidente que propõe quatro armas para cada um e defende a guerra civil. Cristo pregou o amor a todos, e os evangélicos apoiam o Presidente que discrimina gays, índios, negros e mulheres. Os evangélicos se dizem comprometidos com a verdade, e apoiam um Presidente que utiliza a mentira e fake news como instrumento de ação política.
O grupo mais significativo dos evangélicos são os neopentecostais. Constituem hoje maioria entre os evangélicos (60%, pelo Censo de 2010), controlam mídias tradicionais (rádio e TV) e ocupam importantes espaços na política partidária. Sua presença é mais voltada à população pobre das periferias urbanas. Esse neopentecostalismo se expandiu no Brasil a partir dos anos 1990 e 2000. Apenas uma pequena minoria se identifica com a ação da Associação Evangélica em Defesa da Democracia.
Essa aliança objetiva entre neopentecostais e fascistas representa enorme perigo à democracia brasileira, um perigo que não está sendo considerado pelas tradicionais elites liberais do Brasil, nem pela mídia mainstream. Vale a pena recordar o comportamento das elites alemães durante a ascensão do nazismo. Um resumo esclarecedor encontra-se no artigo Porque Votamos em Hitler, de Oliver Stuenkel (El País, 8/10/2018).
Nos anos 1920 do século passado, Hitler era um ex militar de baixo escalão, que poucas pessoas levavam a sério. Fazia discursos contra minorias - pacifistas, feministas, gays, imigrantes – e contra a mídia e a esquerda em geral. Em 1932, porém, 37% dos eleitores alemães votaram no partido de Hitler, que se tornou dominante no país.
Descrença nos políticos, raiva das elites, crise econômica, escândalo dos conservadores com os novos costumes culturais, a arte moderna, a independência das mulheres, LGBT. Hitler usava uma linguagem direta, abusava de fake news, apelava ao nacionalismo germânico humilhado com a derrota na Primeira Guerra Mundial, e fazia a escolha simplista de um bode expiatório culpado de todos os problemas: os judeus e os comunistas. Tudo embalado com slogans de grande impacto, como Alemanha Acima de Tudo!
As elites alemãs passaram a apoiar Hitler porque ganharam dinheiro, os industriais ganharam vultosos contratos com o Estado, e fecharam os olhos para a barbaridade nazista. A partir de um certo momento, os alemães começaram a ter medo e se calaram em vez de defender a democracia. Hitler não era um gênio, era um charlatão oportunista que identificou e explorou uma profunda insegurança na sociedade alemã. Quando os setores da sociedade que não apoiavam o nazismo perceberam o grave perigo, ele não podia mais ser contido. Já era tarde demais.
Como se percebe, há muitos pontos de contato com o fascismo que ameaça o Brasil, ressalvadas as diferenças históricas. Aqui também a elite liberal silencia diante do Estado de Exceção que hoje vivemos, com supressão de liberdades democráticas e violação de direitos humanos consagrados na Constituição, cada vez mais desrespeitada, até mesmo pelo Judiciário. Como o Governo transfere recursos destinados aos pobres para os ricos, que por isso apoiam Guedes, o mercado ganha dinheiro e aplaude o Governo que, como se sabe, conta com forte presença de militares.
A união de evangélicos e fascistas no Governo Bolsonaro lembra a famosa pintura de Goya chamada O Sono da Razão Gera Monstros. O nosso já foi gerado.
Segundo previsão dos estatísticos, em 2032 a maioria da população brasileira será evangélica. Isso constitui uma transformação importante para um país que já foi chamado de “maior país católico do mundo”. Não se trata apenas de um aumento quantitativo na população. Esse incremento numérico se faz acompanhar de uma participação maior na política e no poder. A “longa jornada” para o Poder já foi iniciada. Ao mesmo tempo, observa-se o aumento do pluralismo religioso. Entre 1970 e 2010, os “sem religião” saltaram de 702 mil para 15,3 milhões de pessoas (José Eustáquio Alves - ENCE/IBGE, Carta Maior, 22/5/2019).
No atual governo, importantes postos no aparelho de Estado já estão ocupados por evangélicos. Não se trata apenas da ministra Damares. Em vários Ministérios e Agências Federais, cargos de diretoria são oferecidos a pastores evangélicos que indicam para ocupá-los seus “irmãos de fé”, ou seja, seus fiéis amigos da igreja. Essa presença forte da religião na política ameaça os princípios republicanos do Estado laico.
A bem da verdade, os governos Lula e Dilma também foram apoiados por grupos neopentecostais. O governo Dilma transferiu para comunidades terapêuticas evangélicas recursos públicos destinados ao combate às drogas, medida que foi questionada pelo Conselho Federal de Psicologia na época (Entrevista da pesquisadora Maria das Dores Campos Machado, Estadão, 10/1/2020).
Tudo indica que esses grupos religiosos apoiam quem está no poder e abre espaços para a ampliação de sua influência. Mas o governo Bolsonaro operou uma “mudança paradigmática” na relação com os evangélicos. Ministros e importantes cargos de segundo escalão foram nomeados após indicação ou consulta a lideranças evangélicas. O próprio presidente se diz evangélico e anunciou transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém atendendo a pedido do governo de Israel e também por solicitação de igrejas evangélicas. Teve de recuar, mas não desistiu da ideia.
“Bolsonaro não tem outra opção, ele vai mudar a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém. Se não mudar a embaixada, esquece o apoio dos evangélicos”, afirmou a Pastora Jane Silva, presidente da Comunidade Internacional Brasil e Israel (Carta Maior, 13/8/2019). Mas Bolsonaro sofre forte pressão contrária à transferência da embaixada, principalmente dos ruralistas, que temem prejuízo para a economia brasileira, e dos militares, cuja tradição positivista não se harmoniza com os dogmas religiosos. Afinal, como dizem os palestinos, o conflito entre Israel e Palestina é territorial e político, não é religioso. E o general Hamilton Mourão chegou a dizer que essa medida pode transferir “a questão do terrorismo internacional” para o Brasil (Folha de São Paulo, 23/11/2018).
No mesmo momento em que os evangélicos ocupam crescentes espaços de poder, o Governo Bolsonaro implementa uma política cultural de natureza nazista. O ponto culminante, até agora, foi a Declaração do ex Secretário de Cultura, Roberto Alvim, de conteúdo e estética nazistas, reproduzindo discurso de Goebbels, o grande idealizador da propaganda nazista na Alemanha de Hitler. A prioridade do Secretário Alvim era desencadear no Brasil uma Guerra Cultural contra valores e princípios de direitos humanos, consagrados na Constituição, e por ele considerados comunistas.
Desta vez, se deu mal. A reprodução do discurso de Goebbels causou escândalo na sociedade. Os presidentes da Câmara e do Senado pediram a demissão imediata do Secretário de Cultura. A Mídia em geral reagiu indignada. E last, but not least, o Embaixador de Israel telefonou a Bolsonaro para protestar e pedir a exoneração do Secretário.
Ficou claro que um limite política e moralmente intransponível foi ultrapassado. Se deixado solto, o Secretário Alvim e sua guerra cultural desembocariam um dia na proposta de construção de câmaras de gás, ou algo similar. Esse perigo não está afastado, mas - ao que tudo indica – os judeus seriam poupados, tendo em vista o apoio de Bolsonaro ao governo de Trump e de Israel. Os candidatos ao extermínio seriam os socialistas, comunistas e socialdemocratas, que insistem na ideia, estranha ao neoliberalismo, de lutar pela justiça social e pela redução da desigualdade social.
O Secretário Alvim não estava só. Vejam a seguinte Declaração estapafúrdia do atual Ministro da Educação, logo após tomar posse: “Os comunistas estão no topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras. Eles são os donos dos jornais. Eles são os donos das grandes empresas. Eles são os donos dos monopólios” (The Intercept Brasil, João Filho, 14/4/2019).
O fascismo brasileiro está substituindo a demonização nazista dos judeus pela demonização dos comunistas. E, no Brasil, até os social-democratas são chamados de comunistas. O Secretário de Cultura foi demitido, mas o projeto de guerra cultural vai continuar. É projeto do Bolsonaro e de seu guru, aquele astrólogo que mora nos EUA. Na realidade, a guerra aos “comunistas” é a guerra à democracia, à diferença, aos direitos humanos, à inteligência, à arte e à cultura. É a guerra contra a educação, a pesquisa científica, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, a política externa independente.
Os evangélicos aceitaram ser soldados dessa guerra. Querem impor os valores morais de sua religião à toda a sociedade, crentes ou não. Por isso, em nome de seus princípios religiosos, apoiam e participam dessa política fascista que sufoca a liberdade de expressão cultural e artística. Evangélico não é nazista, nazista não é evangélico. Mas, ao apoiarem o mesmo Governo e a mesma política autoritária, desenvolvem na prática uma aliança objetiva. Apoiam o projeto fascista de implantar uma tirania em troca da consolidação de seus princípios morais transformados em lei erga omnes, obrigatória a todos.
Assim, os evangélicos abocanham cargos e usufruem do poder sabendo que são cúmplices dos conteúdos e resultados da ação do Governo. Jesus Cristo morreu torturado, e os evangélicos apoiam o Presidente que defende a tortura. Cristo pregou a paz, e os evangélicos defendem o Presidente que propõe quatro armas para cada um e defende a guerra civil. Cristo pregou o amor a todos, e os evangélicos apoiam o Presidente que discrimina gays, índios, negros e mulheres. Os evangélicos se dizem comprometidos com a verdade, e apoiam um Presidente que utiliza a mentira e fake news como instrumento de ação política.
O grupo mais significativo dos evangélicos são os neopentecostais. Constituem hoje maioria entre os evangélicos (60%, pelo Censo de 2010), controlam mídias tradicionais (rádio e TV) e ocupam importantes espaços na política partidária. Sua presença é mais voltada à população pobre das periferias urbanas. Esse neopentecostalismo se expandiu no Brasil a partir dos anos 1990 e 2000. Apenas uma pequena minoria se identifica com a ação da Associação Evangélica em Defesa da Democracia.
Essa aliança objetiva entre neopentecostais e fascistas representa enorme perigo à democracia brasileira, um perigo que não está sendo considerado pelas tradicionais elites liberais do Brasil, nem pela mídia mainstream. Vale a pena recordar o comportamento das elites alemães durante a ascensão do nazismo. Um resumo esclarecedor encontra-se no artigo Porque Votamos em Hitler, de Oliver Stuenkel (El País, 8/10/2018).
Nos anos 1920 do século passado, Hitler era um ex militar de baixo escalão, que poucas pessoas levavam a sério. Fazia discursos contra minorias - pacifistas, feministas, gays, imigrantes – e contra a mídia e a esquerda em geral. Em 1932, porém, 37% dos eleitores alemães votaram no partido de Hitler, que se tornou dominante no país.
Descrença nos políticos, raiva das elites, crise econômica, escândalo dos conservadores com os novos costumes culturais, a arte moderna, a independência das mulheres, LGBT. Hitler usava uma linguagem direta, abusava de fake news, apelava ao nacionalismo germânico humilhado com a derrota na Primeira Guerra Mundial, e fazia a escolha simplista de um bode expiatório culpado de todos os problemas: os judeus e os comunistas. Tudo embalado com slogans de grande impacto, como Alemanha Acima de Tudo!
As elites alemãs passaram a apoiar Hitler porque ganharam dinheiro, os industriais ganharam vultosos contratos com o Estado, e fecharam os olhos para a barbaridade nazista. A partir de um certo momento, os alemães começaram a ter medo e se calaram em vez de defender a democracia. Hitler não era um gênio, era um charlatão oportunista que identificou e explorou uma profunda insegurança na sociedade alemã. Quando os setores da sociedade que não apoiavam o nazismo perceberam o grave perigo, ele não podia mais ser contido. Já era tarde demais.
Como se percebe, há muitos pontos de contato com o fascismo que ameaça o Brasil, ressalvadas as diferenças históricas. Aqui também a elite liberal silencia diante do Estado de Exceção que hoje vivemos, com supressão de liberdades democráticas e violação de direitos humanos consagrados na Constituição, cada vez mais desrespeitada, até mesmo pelo Judiciário. Como o Governo transfere recursos destinados aos pobres para os ricos, que por isso apoiam Guedes, o mercado ganha dinheiro e aplaude o Governo que, como se sabe, conta com forte presença de militares.
A união de evangélicos e fascistas no Governo Bolsonaro lembra a famosa pintura de Goya chamada O Sono da Razão Gera Monstros. O nosso já foi gerado.
0 comentários:
Postar um comentário