Durante oitiva do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, primeiro a depor na CPI da Covid, que iniciou os trabalhos nesta terça-feira (4), o parlamentar bolsonarista Luiz Carlos Heinze (PP-RS) aproveitou o espaço para defender remédios sem eficácia contra a covid-19, como a cloroquina. A comissão investiga irresponsabilidades cometidas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro ante a pandemia. Enquanto são expostas ações do Planalto que resultaram em mais de 400 mil mortes, senadores de sua base tentam defender o presidente de diferentes formas.
Mesmo com esclarecimento de Mandetta de que existem estudos que indicam ineficácia de medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina contra doença, Heinze subiu o tom. Ele questionou como a comunidade médica verifica que remédios são ou não eficientes. Em clara oposição à ciência, o senador preferiu uma defesa com tons políticos dos medicamentos.
Sem eficácia
Ao afirmar que existem indicativos de que os medicamentos indicados por bolsonaristas funcionam, Heinze citou o microbiologista francês Didier Raoult. Raoult ficou conhecido por ser o “papa da cloroquina”. Foi um dos primeiros a indicar o uso do medicamento contra a covid-19. Ele liderou um estudo, no ano passado, sobre o composto.
Entretanto, o próprio Raoult reconheceu erros em sua pesquisa, e que não era possível confirmar a eficácia da cloroquina. “Nós concordamos com os colegas que (foi um erro) excluir seis pacientes da nossa análise pode ter enviesado os resultados”, disse Raoult em carta, após ser questionado por outros cientistas sobre seus métodos. O microbiologista, na condução de seus estudos, desprezou uma série de fatores para afirmar que haveria eficácia da droga. Ele excluiu, por exemplo, uma morte durante a apuração, além da ocorrência de internados com quadros graves. Além disso, não foi feita aferição de efeitos colaterais.
Mesmo com esclarecimento de Mandetta de que existem estudos que indicam ineficácia de medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina contra doença, Heinze subiu o tom. Ele questionou como a comunidade médica verifica que remédios são ou não eficientes. Em clara oposição à ciência, o senador preferiu uma defesa com tons políticos dos medicamentos.
Sem eficácia
Ao afirmar que existem indicativos de que os medicamentos indicados por bolsonaristas funcionam, Heinze citou o microbiologista francês Didier Raoult. Raoult ficou conhecido por ser o “papa da cloroquina”. Foi um dos primeiros a indicar o uso do medicamento contra a covid-19. Ele liderou um estudo, no ano passado, sobre o composto.
Entretanto, o próprio Raoult reconheceu erros em sua pesquisa, e que não era possível confirmar a eficácia da cloroquina. “Nós concordamos com os colegas que (foi um erro) excluir seis pacientes da nossa análise pode ter enviesado os resultados”, disse Raoult em carta, após ser questionado por outros cientistas sobre seus métodos. O microbiologista, na condução de seus estudos, desprezou uma série de fatores para afirmar que haveria eficácia da droga. Ele excluiu, por exemplo, uma morte durante a apuração, além da ocorrência de internados com quadros graves. Além disso, não foi feita aferição de efeitos colaterais.
Perigoso
Estudos sérios publicados em periódicos científicos relevantes dão conta de que a cloroquina possui efeitos adversos graves. Entre eles está o de complicações cardíacas para pessoas com arritmia. Este, citado inclusive na bula do medicamento. Enquanto isso, Bolsonaro e seus apoiadores desprezaram a ciência e passaram a recomendar sem critério o uso do composto.
Em outro estudo publicado na revista Nature em abril deste ano, pesquisadores ligam o uso da cloroquina ao aumento de mortes em pacientes com covid-19. A análise revisou dados de outros 30 estudos relativos à cloroquina e à hidroxicloroquina. “Descobrimos que o tratamento com hidroxicloroquina está associado com o aumento das mortes de pacientes com covid-19 e não há benefícios na cloroquina. Os profissionais médicos em todo o mundo são incentivados a informar os pacientes sobre essas evidências”, afirmam os pesquisadores.
Estudos sérios publicados em periódicos científicos relevantes dão conta de que a cloroquina possui efeitos adversos graves. Entre eles está o de complicações cardíacas para pessoas com arritmia. Este, citado inclusive na bula do medicamento. Enquanto isso, Bolsonaro e seus apoiadores desprezaram a ciência e passaram a recomendar sem critério o uso do composto.
Em outro estudo publicado na revista Nature em abril deste ano, pesquisadores ligam o uso da cloroquina ao aumento de mortes em pacientes com covid-19. A análise revisou dados de outros 30 estudos relativos à cloroquina e à hidroxicloroquina. “Descobrimos que o tratamento com hidroxicloroquina está associado com o aumento das mortes de pacientes com covid-19 e não há benefícios na cloroquina. Os profissionais médicos em todo o mundo são incentivados a informar os pacientes sobre essas evidências”, afirmam os pesquisadores.
Desinformação
Heinze prosseguiu ao citar um grupo de médicos que se autointitulam “Médicos pela Vida”. Ele aponta que seriam especialistas que recomendam o uso dos medicamentos sem eficácia contra a covid-19. Em fevereiro, este grupo chegou a publicar um informe publicitário em uma série de jornais pelo país com um “manifesto” em defesa do “tratamento precoce”.
Assim como o manifesto político de defesa do “kit covid”, Heinze afirmou na CPI da Covid que existe “literatura médica” que defende o “tratamento precoce”. Mais uma falácia desconstruída por estudos relevantes, como artigo do The New England Journal of Medicine, de julho do ano passado. O estudo fez comparativos em ambiente controlado a partir de protocolos científicos com a hidroxicloroquina e placebo, além de azitromicina.
O artigo é intitulado: “Hidroxicloroquina com ou sem azitromicina em casos leves e moderados de covid-19“. Os resultados foram certeiros: não existe qualquer benefício observável para pacientes leves e moderados com covid-19 em relação aos medicamentos do “kit covid”. Os casos de agravamento e desenvolvimento da doença seguiram exatamente da mesma forma para aqueles do grupo controle, que tomaram placebo.
Entretanto, Heinze seguiu em sua postura negacionista, bem como os “Médicos pela Vida”. Reportagem do Brasil de Fato colocou luz sobre o perfil dos médicos que integram esse coletivo. Existe uma lista de 70 membros. Entre eles, discípulos do “guru” do bolsonarismo, o ex-astrólogo Olavo de Carvalho. É o caso de Carlos Eduardo Nigro, que também chegou a divulgar outras mentiras sobre a covid-19. Em um exemplo, Nigro divulgou que o uso de máscaras seria prejudicial à saúde e que teriam objetivo de “instaurar o pânico”.
Heinze prosseguiu ao citar um grupo de médicos que se autointitulam “Médicos pela Vida”. Ele aponta que seriam especialistas que recomendam o uso dos medicamentos sem eficácia contra a covid-19. Em fevereiro, este grupo chegou a publicar um informe publicitário em uma série de jornais pelo país com um “manifesto” em defesa do “tratamento precoce”.
Assim como o manifesto político de defesa do “kit covid”, Heinze afirmou na CPI da Covid que existe “literatura médica” que defende o “tratamento precoce”. Mais uma falácia desconstruída por estudos relevantes, como artigo do The New England Journal of Medicine, de julho do ano passado. O estudo fez comparativos em ambiente controlado a partir de protocolos científicos com a hidroxicloroquina e placebo, além de azitromicina.
O artigo é intitulado: “Hidroxicloroquina com ou sem azitromicina em casos leves e moderados de covid-19“. Os resultados foram certeiros: não existe qualquer benefício observável para pacientes leves e moderados com covid-19 em relação aos medicamentos do “kit covid”. Os casos de agravamento e desenvolvimento da doença seguiram exatamente da mesma forma para aqueles do grupo controle, que tomaram placebo.
Entretanto, Heinze seguiu em sua postura negacionista, bem como os “Médicos pela Vida”. Reportagem do Brasil de Fato colocou luz sobre o perfil dos médicos que integram esse coletivo. Existe uma lista de 70 membros. Entre eles, discípulos do “guru” do bolsonarismo, o ex-astrólogo Olavo de Carvalho. É o caso de Carlos Eduardo Nigro, que também chegou a divulgar outras mentiras sobre a covid-19. Em um exemplo, Nigro divulgou que o uso de máscaras seria prejudicial à saúde e que teriam objetivo de “instaurar o pânico”.
Orientação
Ainda na CPI da Covid, Heize prosseguiu ao afirmar que cidades utilizaram o “kit covid” bolsonarista e obtiveram bons resultados. A estratégia dos apoiadores do presidente no Parlamento parece clara; de afirmar que, se todos tivessem tomado medicamentos como cloroquina e ivermectina, sem isolamento, sem máscaras, não haveriam mortes. Seria um caso único de país imunie à covid-19 em todo o planeta.
O parlamentar gaúcho chegou a dizer que haveriam “interesses econômicos” contra o “kit covid”. Nesta ocasião, foi chamado de “inocente” por Mandetta. “Não existe complô mundial contra medicamento a, b ou c”, continuou o ex-ministro. “Eu, particularmente, prefiro a vacina. Não é inteligente expor as pessoas à doença acreditando em remédios”, concluiu.
De fato, as vacinas são unanimidade entre a comunidade médica. Já não é possível dizer o mesmo sobre os medicamentos politizados pelo bolsonarismo. Mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) são contrários ao uso dos compostos ineficazes.
Ainda na CPI da Covid, Heize prosseguiu ao afirmar que cidades utilizaram o “kit covid” bolsonarista e obtiveram bons resultados. A estratégia dos apoiadores do presidente no Parlamento parece clara; de afirmar que, se todos tivessem tomado medicamentos como cloroquina e ivermectina, sem isolamento, sem máscaras, não haveriam mortes. Seria um caso único de país imunie à covid-19 em todo o planeta.
O parlamentar gaúcho chegou a dizer que haveriam “interesses econômicos” contra o “kit covid”. Nesta ocasião, foi chamado de “inocente” por Mandetta. “Não existe complô mundial contra medicamento a, b ou c”, continuou o ex-ministro. “Eu, particularmente, prefiro a vacina. Não é inteligente expor as pessoas à doença acreditando em remédios”, concluiu.
De fato, as vacinas são unanimidade entre a comunidade médica. Já não é possível dizer o mesmo sobre os medicamentos politizados pelo bolsonarismo. Mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) são contrários ao uso dos compostos ineficazes.
Realidade mundial
Pelos efeitos adversos dessas substâncias, a OMS desaconselhou e pediu, inclusive, que “financiadores devem reconsiderar o início ou continuação de experiências”. Apesar disso, a entidade afirma que leva em conta qualquer fato novo. A conclusão da OMS foi considerada de “alta certeza” sobre a ineficácia, após análise de mais de 30 estudos sobre o tema a partir de uma equipe de 32 especialistas de todo o mundo.
O mesmo vale para a ivermectina. A OMS declarou que estudos são inconclusivos e que não ficou evidente a eficácia do medicamento contra a covid-19. Um grupo de especialistas da entidade avaliou 16 estudos randomizados e de precisão científica para chegar ao veredicto e desaconselhar o uso da droga.
Outras entidades internacionais que rejeitam os medicamentos do “kit covid” são a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, e a European Medicines Agency (EMA), na União Europeia, equivalentes à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil.
Pelos efeitos adversos dessas substâncias, a OMS desaconselhou e pediu, inclusive, que “financiadores devem reconsiderar o início ou continuação de experiências”. Apesar disso, a entidade afirma que leva em conta qualquer fato novo. A conclusão da OMS foi considerada de “alta certeza” sobre a ineficácia, após análise de mais de 30 estudos sobre o tema a partir de uma equipe de 32 especialistas de todo o mundo.
O mesmo vale para a ivermectina. A OMS declarou que estudos são inconclusivos e que não ficou evidente a eficácia do medicamento contra a covid-19. Um grupo de especialistas da entidade avaliou 16 estudos randomizados e de precisão científica para chegar ao veredicto e desaconselhar o uso da droga.
Outras entidades internacionais que rejeitam os medicamentos do “kit covid” são a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, e a European Medicines Agency (EMA), na União Europeia, equivalentes à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil.
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