As elites brasileiras, no seu mundinho particular, dão como “morto” Jair Bolsonaro e entregam-se, avidamente, do que julgam ser seu espólio.
Bolsonaro, é verdade, está em desagregação. Mas longe, infelizmente, de ser dado como extinto.
Sua tática de radicalização continuada, em uso até o frustrado 7 de Setembro, foi trocada por outra, da qual não se pode, até agora, medir se terá a eficácia da primeira experiência de auxílio emergencial.
É provável que nem tanto, porque o alcance e o valor serão bem menores. Mas também é certo que produzirá algum efeito, mas numa área em que nossas elites não andam e, olhando de longe, julgam que vota “pelo dinheiro”, como achava que ocorria com o Bolsa Família.
E, por isso, acotovelam-se para apresentarem alguém que, afinal, supõe que atropelar a polarização Lula-Bolsonaro. Com a licença, claro, de delirar.
E então você vê coisas surgirem na imprensa que são inacreditáveis se pararmos um minuto para penar.
Vejam alguns exemplos, todos de hoje e ontem.
“Moro vai passar Bolsonaro nas pesquisas até fevereiro, avaliam presidentes de partidos“, diz a Folha, explicando que o “ex-juiz tem crescido ao participar de eventos públicos enquanto presidente cai em meio à crise econômica”.
De quais eventos públicos senão o da sua filiação ao Podemos? Tem crescido – ao menos com números significativos – em pesquisas com credibilidade? Algum ponto, dois, três, é claro, são o efeito – e abaixo de suas expectativas – da superexposição e da simpatia quase unânime da mídia. Mas está-se longe de qualquer coisa que seja possível chamar de “Onda Moro”.
A IstoÉ, fazendo o papel de Veja, diz que “Pesquisa aponta que 61,9% votariam em candidato da terceira via“. Ao ler a matéria, ou ao ver a ilustração do texto, o que se vê é Lula com 42,6%; Bolsonaro com 24,2 – o que soma 66,8% do total) – e os demais (Moro, 7,5%; Ciro, 5,3% e Doria, 1,8%) com meros 14,6%, somados. O truque é simples: se Lula e Bolsonaro não forem candidatos, você votaria em outro candidato? Parece até aquele site O morista que, outro dia, publicou uma chamada dizendo que o ex-juiz está em primeiro, se tirarem os dois líderes da pesquisa…
E a Veja, fazendo o papel de IstoÉ, publica hoje a sua nova capa, com a foto de João Doria e a chamada: “A reconstrução do ninho“. Ora, se Doria merece uma legenda nesta linha, seria adequado dizer “A destruição do ninho tucano”, porque ninguém mais que ele dividiu, rachou e incompatibilizou o tucanato? Convenhamos, nem Aécio Neves.
É claro que Doria pode, montado no governo paulista, tem capacidade de reunir apoios que o façam ir além dos resultados pífios que tem hoje, mas daí a dizer que ele está em condições de reconstruir alguma coisa vai uma distância imensa.
Bolsonaro, é verdade, está em desagregação. Mas longe, infelizmente, de ser dado como extinto.
Sua tática de radicalização continuada, em uso até o frustrado 7 de Setembro, foi trocada por outra, da qual não se pode, até agora, medir se terá a eficácia da primeira experiência de auxílio emergencial.
É provável que nem tanto, porque o alcance e o valor serão bem menores. Mas também é certo que produzirá algum efeito, mas numa área em que nossas elites não andam e, olhando de longe, julgam que vota “pelo dinheiro”, como achava que ocorria com o Bolsa Família.
E, por isso, acotovelam-se para apresentarem alguém que, afinal, supõe que atropelar a polarização Lula-Bolsonaro. Com a licença, claro, de delirar.
E então você vê coisas surgirem na imprensa que são inacreditáveis se pararmos um minuto para penar.
Vejam alguns exemplos, todos de hoje e ontem.
“Moro vai passar Bolsonaro nas pesquisas até fevereiro, avaliam presidentes de partidos“, diz a Folha, explicando que o “ex-juiz tem crescido ao participar de eventos públicos enquanto presidente cai em meio à crise econômica”.
De quais eventos públicos senão o da sua filiação ao Podemos? Tem crescido – ao menos com números significativos – em pesquisas com credibilidade? Algum ponto, dois, três, é claro, são o efeito – e abaixo de suas expectativas – da superexposição e da simpatia quase unânime da mídia. Mas está-se longe de qualquer coisa que seja possível chamar de “Onda Moro”.
A IstoÉ, fazendo o papel de Veja, diz que “Pesquisa aponta que 61,9% votariam em candidato da terceira via“. Ao ler a matéria, ou ao ver a ilustração do texto, o que se vê é Lula com 42,6%; Bolsonaro com 24,2 – o que soma 66,8% do total) – e os demais (Moro, 7,5%; Ciro, 5,3% e Doria, 1,8%) com meros 14,6%, somados. O truque é simples: se Lula e Bolsonaro não forem candidatos, você votaria em outro candidato? Parece até aquele site O morista que, outro dia, publicou uma chamada dizendo que o ex-juiz está em primeiro, se tirarem os dois líderes da pesquisa…
E a Veja, fazendo o papel de IstoÉ, publica hoje a sua nova capa, com a foto de João Doria e a chamada: “A reconstrução do ninho“. Ora, se Doria merece uma legenda nesta linha, seria adequado dizer “A destruição do ninho tucano”, porque ninguém mais que ele dividiu, rachou e incompatibilizou o tucanato? Convenhamos, nem Aécio Neves.
É claro que Doria pode, montado no governo paulista, tem capacidade de reunir apoios que o façam ir além dos resultados pífios que tem hoje, mas daí a dizer que ele está em condições de reconstruir alguma coisa vai uma distância imensa.
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