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A agência britânica de notícias Reuters publicou nesta segunda-feira (25) uma longa matéria que complica ainda mais a vida do general Walter Braga Netto, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa do fascista Jair Bolsonaro e seu candidato à vice-presidência da República. Ela confirma que o milico foi um dos principais mentores da tentativa golpista de impedir a posse de Lula. Diante da nova denúncia, cresce a pressão pela sua imediata prisão e já há boatos de que ele será rifado inclusive pelo alto-comando do Exército, que tenta limpar a desgastada imagem das Forças Armadas.
“A Polícia Federal investiga a participação do general da reserva na preparação para viagem a Brasília e alojamento de militares com treinamento de forças especiais após a eleição de 2022, em meio à discussão no núcleo do governo Bolsonaro para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, mostram documentos vistos pela Reuters. A investigação, também confirmada por duas fontes que acompanham o inquérito, aponta que o companheiro de chapa de Jair Bolsonaro na eleição teria tido participação ativa e decisiva na preparação para a tentativa de golpe, disseram as fontes”, relata o texto.
Ainda segundo a reportagem, “ao longo do inquérito, ficou claro que o general da reserva teve papel central especialmente como influenciador dentro do Exército. ‘Braga Netto atuava como um incentivador e influenciador dentre os demais comandantes do Exército. E há suspeitas de que ele buscava meios para financiar os acampamentos’, disse a fonte, fazendo referência aos acampamentos montados por bolsonaristas em frente a instalações do Exército pedindo uma intervenção para impedir a posse de Lula”.
A ação de insurgência dos 'kids pretos'
A casa do general foi usada para discutir pela primeira vez como levantar recursos necessários para levar a Brasília soldados do Exército com treinamento em insurgências, os chamados “kids pretos” por conta do gorro escuro que usam. “Depoimentos prestados por vários envolvidos na tentativa de golpe, que tiveram divulgação liberada pelo ministro Alexandre de Moraes, mostram que os delegados do caso têm em mãos informações sobre uma reunião realizada no dia 12 de novembro de 2022 na casa de Braga Netto, um apartamento na zona sul de Brasília. O encontro, menos de duas semanas depois do segundo turno das eleições presidenciais de outubro, teria reunido diversos militares de segundo escalão envolvidos na tentativa de golpe”.
“De acordo com as fontes ouvidas pela Reuters, a reunião na casa de Braga Netto tratou, entre outros assuntos, da ida a Brasília, do Rio de Janeiro e de Goiás, de homens com treinamentos de forças especiais, de forma clandestina. A intenção era a preparação para um possível evento que pudesse justificar a decretação de um estado de sítio ou de defesa – a base das minutas de decreto de teor golpista analisadas pelo então presidente Bolsonaro. As investigações revelam que, ao final do encontro na casa de Braga Netto, os presentes teriam chegado à necessidade de um orçamento de cerca de 100 mil reais para ‘transporte, hotel e material’, para trazer a capital federal os ‘kids pretos’”.
Conforme explica a Reuters, os chamados “kids pretos” são soldados do Exército lotados em várias áreas, mas que foram treinados para operações sigilosas de insurgência, sabotagem e outras técnicas. Eles são considerados uma elite de combate, altamente preparada e perigosa. “Desde o início das investigações dos ataques do 8 de janeiro, a PF trabalhava com a hipótese de os invasores terem passado por algum tipo de treinamento e que entre eles houvesse homens com conhecimento de táticas de invasão ou guerrilhas. De acordo com uma fonte, a investigação caminha para identificar essas pessoas”.
Forças Armadas já admitem a prisão
O fascistoide Braga Netto já está bem enrolado. Ele foi alvo de busca e apreensão na operação “Tempus Veritatis” (Tempo da Verdade, em latim), realizada pela Polícia Federal no início de fevereiro e que atingiu o núcleo duro dos milicianos civis e fardados envolvidos na tentativa de golpe liderada por Jair Bolsonaro, o chefão da Orcrim (Organização Criminosa). A reportagem da Reuters só reforça o isolamento do general.
Segundo matéria de Mônica Bergamo no site UOL, “as Forças Armadas já estão preparadas para aceitar a prisão de ex-militares de alta patente que se envolveram em irregularidades ou em tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder. O recado foi passado por integrantes da cúpula militar para magistrados que podem decidir futuramente pela prisão... A possibilidade de prisão ficou mais próxima e passou a ser discutida abertamente depois da operação de fevereiro que teve como alvo, entre outros, Bolsonaro e os generais Augusto Heleno e Braga Netto”.
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