terça-feira, 14 de outubro de 2025

Kids pretos vão a julgamento no STF

Reprodução
Por Altamiro Borges


O ministro Flávio Dino, o novo presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para 11 de novembro o início do julgamento do “núcleo três” da trama golpista. Essa gangue é composta, em sua maioria, por oficiais do Exército com formação nas Forças Especiais – os chamados “kids pretos”. Segundo o cronograma, esses terroristas serão julgados em sessões nos dias 11, 12, 18 e 19 de novembro. A inclusão na pauta do STF ocorre após as defesas de todos os criminosos apresentarem suas alegações finais no processo.

Ao todo, são dez réus que respondem por crimes contra a democracia. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou a redução da pena somente contra um deles, o tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo. Alegou não ter provas suficientes contra o militar e, por isso, requereu que ele seja julgado apenas por incitação ao crime, e não mais pelos cinco tipos penais apontados contra os demais acusados da conspirata golpista.

“Diferentemente dos demais acusados, não foram reunidos elementos adicionais sobre uma vinculação aprofundada do réu com a organização criminosa. As provas indicam que Ronald Ferreira não esteve presente na reunião de 28.11.2022, tampouco acompanhou os passos subsequentes do grupo”, alegou o chefe da PGR. A reunião citada foi feita no salão de festas do prédio em que morava o coronel Márcio Nunes de Resende, em Brasília, para elaborar as estratégias visando pressionar os comandantes militares a apoiarem um golpe de Estado.

Os criminosos da tropa de elite do Exército

Vale repetir à exaustão o nome dos réus do núcleo militar para desmascarar os famigerados “kids pretos”. São eles: coronel da reserva Bernardo Romão Correa Neto; general da reserva Estevam Theophilo; coronel Fabrício Moreira Bastos; tenente-coronel Hélio Ferreira Lima; coronel da reserva Márcio Nunes de Resende; tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira; tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo; tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo; tenente-coronel da reserva Sérgio Ricardo Cavaliere; e o policial federal Wladimir Matos Soares.

Vale lembrar também que os “kids pretos” – ou “crianças pretas” – “são militares formados nos cursos das Forças Especiais, principal tropa de elite do Exército, com centro de formação em Goiás. O apelido vem do fato de usar gorros pretos. Eles são especializados em guerras irregulares, ações táticas para se infiltrar em territórios inimigos e transformação de leigos em combatentes. São considerados os militares com mais perfil de combatentes do Exército, com formação em condições extremas”, conforme matéria da Folha do ano passado. Entre outros crimes, essa gangue elaborou o chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa os assassinatos do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes.

Núcleo que elaborou a "minuta do golpe"

Na sequência dos “kids pretos”, o ministro Flávio Dino marcou para os dias 9, 10, 16 e 17 de dezembro o julgamento dos seis réus do “núcleo 2” do golpe. Segundo a PGR, esse grupo foi responsável por prestar apoio jurídico, operacional e de inteligência aos chefes golpistas, além de ser responsável por elaborar a chamada “minuta do golpe” e coordenar as ações de monitoramento e de “neutralização” violenta de autoridades públicas. Ele também articulou as ações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar o voto de eleitores do Nordeste.

Fazem parte do núcleo: Filipe Martins, ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro; Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF; Mário Fernandes, general do Exército; Marília de Alencar, ex-subsecretária de Segurança do Distrito Federal; Fernando de Sousa Oliveira, ex-secretário-adjunto de Segurança do Distrito Federal; e Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro.

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