Por Luis Nassif, em seu blog:
Não estão claros, ainda, os movimentos políticos da presidenta Dilma Rousseff.
Em breve ela começará a enfrentar uma oposição inédita das centrais sindicais. O afastamento da Força Sindical é apenas um primeiro sinal. O sinal mais preocupante será da CUT e dos sindicatos filiados a ela. A continuar a dinâmica política atual, é questão de tempo.
Começou com estranhamento, em função da aproximação de Dilma de seus antigos adversários. Continuou com mágoas, pelo que consideram falta de atenção continuada. E está transbordando para raiva.
Um preço que o governo Dilma estará pagando de graça.
Movimentos iniciais
Ela foi eleita por uma base de apoio dos sindicatos, movimentos sociais, blogosfera, base criada por Lula e ampliada pela adesão de grandes grupos e da classe média satisfeita com os rumos da economia.
Teve por adversários, ferozes, o tea party de José Serra, a chamada opinião pública midiática, embalados pela velha mídia, manipulando preconceitos, espalhando boatos, recorrendo a um denuncismo inédito na moderna história política brasileira - similar ao modelo Rupert Murdoch.
Foi uma guerra épica, que deixou mortos e feridos de lado a lado.
Eleita, tendo a maior base de apoio parlamentar que um presidente já dispôs, tratou de se aproximar dos adversários e de reduzir a fervura política - no que agiu corretamente. Tem que investir em ser a presidente de todos os brasileiros.
Aí avançou o sinal.
Para mostrar que não era a "terrível" Dilma retratada pela mídia, afastou-se dos sindicatos. O Plano Brasil Maior, lançado ontem, conseguiu apresentar um pacto de competitividade do qual as centrais sindicais sequer participaram.
É um retrocesso inédito. Nem Fernando Collor foi tão longe. Com toda resistência que provocava nos trabalhadores, ensaiou o primeiro pacto produtivo da história brasileira, com as câmaras setoriais da indústria automobilística, conduzidas pela Ministra Dorothea Werneck, Lá, pela primeira vez - vindo de um governo ferozmente liberalizante - se concluía que a preservação da produção nacional era de interesse direto de empresários e trabalhadores.
A detente abriu espaço para programas de qualidade, para diversos pactos ao longo dos anos 90 que modernizaram as relações trabalhistas no país.
Denúncias e denuncismo
Dilma não apenas se distanciou dos sindicatos, mas passou a endossar denúncias da velha mídia.
É evidente que denúncias fundamentadas precisam ser apuradas e as distorções resolvidas. Mas há maneiras e maneiras. Há informações de investigações em curso na Polícia Federal que justificariam a razia ocorrida no Ministério dos Transportes. Em vez de uma ação objetiva, discreta e fulminante - que carcaterizaria uma vitória do governo - permitiu-se um show midiático que vai estimular a volta do denuncismo.
A lógica é simples. As denúncias fazem as primeiras vítimas - mas num alarido que pega gregos e troianos nas mesmas acusações. Depois, abre espaço para o festival de mágoas dos demitidos. O ápice de uma denúncia midiática é a demissão do acusado. O jornalismo brasiliense vive em função de dois sonhos: derrubar autoridades (primeiro secretários, depois ministros até o auge de presidentes) e pacotes econômicos.
Ontem o Jornal Nacional dedicou maior tempo ao desabafo do ex-Ministro Alfredo Nascimento do que ao Plano Brasil Maior. Na sua última edição, Veja abriu amplo espaço a um sujeito demitido da Conab por corrupção explícita, para que pudesse "denunciar" seus colegas que o demitiram, sem a necessidade de apresentar provas. Época enceta uma campanha contra a Agência Nacional de Petroleo em cima de informações que lhe foram passadas pela própria ANP dois anos atrás.
A comunicação do governo está restrita ao mundo das sucursais brasilienses; os contatos de Dilma com o mundo das associações empresariais - que tem e devem ser consultadas, mas não com exclusividade.
O que parecia um movimento tático - de se aproximar dos adversários e diminuir a fervura - a cada dia que passa ganha contorno de mudança estrutural do leque de alianças. Correta ou não, é essa a percepção cada vez mais forte em setores sindicais e do leque de aliados da campanha de 2010.
Lula costumava caçoar da ingenuidade do "Palocinho" (como o chamava), que sempre acreditava que ganharia o título de sócio remido do clube principal.
No final do ano passado, Palocci garantiu a Lula que Veja estaria preparando uma edição finalmente reconhecendo os méritos de seu governo. Na semana anunciada, a capa em todas as bancas: "O governo mais corrupto da história".
Não estão claros, ainda, os movimentos políticos da presidenta Dilma Rousseff.
Em breve ela começará a enfrentar uma oposição inédita das centrais sindicais. O afastamento da Força Sindical é apenas um primeiro sinal. O sinal mais preocupante será da CUT e dos sindicatos filiados a ela. A continuar a dinâmica política atual, é questão de tempo.
Começou com estranhamento, em função da aproximação de Dilma de seus antigos adversários. Continuou com mágoas, pelo que consideram falta de atenção continuada. E está transbordando para raiva.
Um preço que o governo Dilma estará pagando de graça.
Movimentos iniciais
Ela foi eleita por uma base de apoio dos sindicatos, movimentos sociais, blogosfera, base criada por Lula e ampliada pela adesão de grandes grupos e da classe média satisfeita com os rumos da economia.
Teve por adversários, ferozes, o tea party de José Serra, a chamada opinião pública midiática, embalados pela velha mídia, manipulando preconceitos, espalhando boatos, recorrendo a um denuncismo inédito na moderna história política brasileira - similar ao modelo Rupert Murdoch.
Foi uma guerra épica, que deixou mortos e feridos de lado a lado.
Eleita, tendo a maior base de apoio parlamentar que um presidente já dispôs, tratou de se aproximar dos adversários e de reduzir a fervura política - no que agiu corretamente. Tem que investir em ser a presidente de todos os brasileiros.
Aí avançou o sinal.
Para mostrar que não era a "terrível" Dilma retratada pela mídia, afastou-se dos sindicatos. O Plano Brasil Maior, lançado ontem, conseguiu apresentar um pacto de competitividade do qual as centrais sindicais sequer participaram.
É um retrocesso inédito. Nem Fernando Collor foi tão longe. Com toda resistência que provocava nos trabalhadores, ensaiou o primeiro pacto produtivo da história brasileira, com as câmaras setoriais da indústria automobilística, conduzidas pela Ministra Dorothea Werneck, Lá, pela primeira vez - vindo de um governo ferozmente liberalizante - se concluía que a preservação da produção nacional era de interesse direto de empresários e trabalhadores.
A detente abriu espaço para programas de qualidade, para diversos pactos ao longo dos anos 90 que modernizaram as relações trabalhistas no país.
Denúncias e denuncismo
Dilma não apenas se distanciou dos sindicatos, mas passou a endossar denúncias da velha mídia.
É evidente que denúncias fundamentadas precisam ser apuradas e as distorções resolvidas. Mas há maneiras e maneiras. Há informações de investigações em curso na Polícia Federal que justificariam a razia ocorrida no Ministério dos Transportes. Em vez de uma ação objetiva, discreta e fulminante - que carcaterizaria uma vitória do governo - permitiu-se um show midiático que vai estimular a volta do denuncismo.
A lógica é simples. As denúncias fazem as primeiras vítimas - mas num alarido que pega gregos e troianos nas mesmas acusações. Depois, abre espaço para o festival de mágoas dos demitidos. O ápice de uma denúncia midiática é a demissão do acusado. O jornalismo brasiliense vive em função de dois sonhos: derrubar autoridades (primeiro secretários, depois ministros até o auge de presidentes) e pacotes econômicos.
Ontem o Jornal Nacional dedicou maior tempo ao desabafo do ex-Ministro Alfredo Nascimento do que ao Plano Brasil Maior. Na sua última edição, Veja abriu amplo espaço a um sujeito demitido da Conab por corrupção explícita, para que pudesse "denunciar" seus colegas que o demitiram, sem a necessidade de apresentar provas. Época enceta uma campanha contra a Agência Nacional de Petroleo em cima de informações que lhe foram passadas pela própria ANP dois anos atrás.
A comunicação do governo está restrita ao mundo das sucursais brasilienses; os contatos de Dilma com o mundo das associações empresariais - que tem e devem ser consultadas, mas não com exclusividade.
O que parecia um movimento tático - de se aproximar dos adversários e diminuir a fervura - a cada dia que passa ganha contorno de mudança estrutural do leque de alianças. Correta ou não, é essa a percepção cada vez mais forte em setores sindicais e do leque de aliados da campanha de 2010.
Lula costumava caçoar da ingenuidade do "Palocinho" (como o chamava), que sempre acreditava que ganharia o título de sócio remido do clube principal.
No final do ano passado, Palocci garantiu a Lula que Veja estaria preparando uma edição finalmente reconhecendo os méritos de seu governo. Na semana anunciada, a capa em todas as bancas: "O governo mais corrupto da história".
7 comentários:
Esses governos trabalhistas valorizam excessivamente o capital em detrimento do social. Para eles, o social só precisa de mais capital: povo rico, mas ignorante, acredita em tudo que se lê nos jornais.
Prezado Miro, boa a sua anÁlise se for levar em conta por exemplo, as bases sociais que elegeram Lula e Dilma. esta base não quer clientelismo, porém esperava ver avançar os instrumentos de fiscalizaçaão e controle social,a participação na elaboração das politicas públicas, e se decepcionaram comas tais coalizações partidárias em nome da governabilidade; partidos conservadores apropriando-se de cargos e ministérios (como exemplo o das Cidades),e utilizando-se de velhos truques para manter os orçamentos escorrendo entre seus dedos e aliados/empreiteiras; quando não se avançou nas exigencaias pela regulamentação dos isntrumentos de controle social. Chegam recursos nos municipios e nos estados sem a exigencia de regulamentar os conselhos d e direito ou destes serem verdadeiramente democraticos, com representação paritária e poder deliberativo. Como tb a politica urbana que avançou até a cosntiutição do ministério das Cidades ( este Ministerio deve sua existencaia às lutas sociais ), que foi entregue de bandeija ao PP, e hoje as cidades estão um caos , sem infraestrutura, e nao tem exigência para a finalização dos planos diretores. tem caso de improbidade adminstrativa, tem caso de lucros de empreiteiras , perda da qualidade de vida,e alterações de zoneamento para atender as clientelas da construção civil pelas câmaras de vereadores. A politica de regulamentação dos intrumentos de controle jazem nos governos, nos minsiterios não tomam conheciemento, que não agem para o bem comum. Como eleiotora do Lula e da Dilma estou desanimada. desanimado.
analise show de bola.
bentoxvi-o santo
Perfeito, perfeito. Excelente análise. Se o governo Dilma ficar assistindo calado em berço esplêndido um show midiático sem dar uma resposta a altura, corre o risco de ficar na defensiva, pois está infantilmente pensando que a imprensa é boazinha e que defende a democracia. Hoje a oposição conseguiu apenas 25 adesões, das 27 necessárias para viabilizar a investigação sobre o transporte. Mas amanha como sererá?
Não acho que Dilma tenha se afastado dos sindicatos. Para mim, é o Aécio, em plena campanha (bem mais avançadinha que a do Serra), que está cooptando alguns. É um perigo que não pode ser menosprezado. Então, talvez seja este o momento de testar a prova dos nove: já é mais do que hora! Que tal, Dilma, encarar para valer a aprovação da jornada de 40 horas? É demais um trabalhador cumprir esta jornada de 8 horas diárias e ainda ficar entre 2 e 4 horas por dia no trânsito, uma ou duas horas para ir, e uma ou duas para voltar do trabalho, isso todo dia, até nos sábados! No total, pode dar fácil 12 horas por dia! Com o trânsito como está hoje, a jornada chega a ser pior que a da época da revolução industrial, quando o trânsito não era tão problemático. Jornada de 40 horas já!
Delírios de aecistas!!
Nassif é Aécio Neves desde criancinha em Poçus de Cardas ... ele adora o tradicionalismo ignorante mineiro ...
Ele não ficou do lado da Dilma em 2010, mas contra o Serra ...
Como mineiro, posso dizer, Serra é melhor que Aécio, quem pensa diferente é pq não conhece o segundo ... visitem Minas, antes que acabe ...
PS.: Aos blogueiros "progressistas", a maior parte de seus leitores são eleitores de esquerda, ou seja, lemos vcs pq são Dilma, se deixarem de serem Dilma, contem com os leitores do 'Coturno Noturno' ... vcs não formam opinião, deixem de ser ingênuos! Encare isso aqui como uma roda de amigos ...
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