Por Antonio Martins, no sítio Outras Palavras:
No início de março, pouca gente compreendeu a alusão da presidente Dilma Roussef a um “tsunami cambial”, que os Estados Unidos e principalmente a União Europeia (UE) começaram a produzir, há alguns meses. A mídia convencional trata as finanças internacionais como um assunto para especialistas. É difícil compreender (e mesmo acreditar) que, em poucas semanas, a UE produziu e transferiu, aos grandes bancos do Velho Continente, um volume de recursos equivalente às reservas internacionais acumuladas pela China, em anos de superávits comerciais. Agora, porém, acaba de surgir, em São Paulo, um sinal concreto de como o “tsunami” pode afetar o país.
Num texto publicado hoje por Outras Palavras, José Roberto Bernasconi presidente da regional paulista do Sindicato das Empresas de Engenharia e Arquitetura denuncia: governo e prefeitura de S.Paulo trabalham para desnacionalizar o setor de desenvolvimento de projetos do metrô no estado. A afirmação parte de fatos concretos. O próprio vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos, esteve em Madri, em meados do mês, para negociar a participação de empresas espanholas nos projetos de expansão da malha metroviária. Segundo matéria em O Estado de S.Paulo, serão convidadas a Metro Madrid, Renfe e Aves. Poderão participar da definição de investimentos que poderiam atingir R$ 60 bilhões, em seis anos. A relação com o “tsunami” cambial aparece no final do texto.
Em condições normais, as companhias madrilenhas não teriam espaço para disputar obras no Brasil. Estão abatidas pela crise, que paralisou os investimentos públicos em seu país. Enfrentam problemas com capacidade ociosa, demissões e inadimplência. É aqui, porém, que entra a estratégia dos governos conservadores e do Banco Central Europeu (BCE) para tentar dar a volta por cima. O Banco Santander financiará a atuação dos grupos espanhóis no Brasil. Ele foi um dos beneficiados pela enxurrada de euros produzida pelo BCE. Utilizando-se do dinheiro quer recebeu a juros negativos (1% ao ano, abaixo da inflação), ajudará empresas de seu país a ocupar, no metrô paulistano, o lugar de concorrentes brasileiras.
Em seu artigo, Bernasconi explica que a opção pelos técnicos espanhóis é desnecessária e nociva. “O Brasil tem mais de 20 mil empresas de projeto de arquitetura e engenharia (…), a maior parte em São Paulo. Essas empresas foram responsáveis por projetos do metrô paulistano desde seus primórdios, de hidrelétricas, portos, aeroportos, rodovias-símbolo. (…) Possuem um know-how acumulado a duras penas e com grande investimento”, narra ele.
A opção por abrir o setor a estrangeiros está, além disso, na contramão da tendência mundial: “A engenharia é uma das bases mais fortes para dar suporte à inovação (…) Estados Unidos, Europa, Japão e China (…) não permitem que empresas e profissionais estrangeiros atuem livremente em seus territórios”.
A desnacionalização não é, evidentemente, uma fatalidade. Em São Paulo, basta, para evitá-la, resistir à postura do governo do Estado. Mas parece óbvio que a farta disponibilidade de euros (e dólares) tenderá a influenciar certas decisões políticas, nos próximos anos… Assim como cobiçam, agora, o setor estratégico da engenharia de projetos, empresas e bancos estrangeiros poderão usar a montanha de recursos com que contam para adquirir grupos econômicos brasileiros, conquistar espaço em setores onde não atuam, ou simplesmente, valorizar seu capital tirando proveito das taxas de juros pagas pelo Estado brasileiro. O dinheiro pode servir também (alguém se ilude?) para “convencer” políticos e jornalistas. Exatamente por isso espera-se, do governo brasileiro, não apenas declarações contra o tsunami cambial mas, acima de tudo, atos.
No início de março, pouca gente compreendeu a alusão da presidente Dilma Roussef a um “tsunami cambial”, que os Estados Unidos e principalmente a União Europeia (UE) começaram a produzir, há alguns meses. A mídia convencional trata as finanças internacionais como um assunto para especialistas. É difícil compreender (e mesmo acreditar) que, em poucas semanas, a UE produziu e transferiu, aos grandes bancos do Velho Continente, um volume de recursos equivalente às reservas internacionais acumuladas pela China, em anos de superávits comerciais. Agora, porém, acaba de surgir, em São Paulo, um sinal concreto de como o “tsunami” pode afetar o país.
Num texto publicado hoje por Outras Palavras, José Roberto Bernasconi presidente da regional paulista do Sindicato das Empresas de Engenharia e Arquitetura denuncia: governo e prefeitura de S.Paulo trabalham para desnacionalizar o setor de desenvolvimento de projetos do metrô no estado. A afirmação parte de fatos concretos. O próprio vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos, esteve em Madri, em meados do mês, para negociar a participação de empresas espanholas nos projetos de expansão da malha metroviária. Segundo matéria em O Estado de S.Paulo, serão convidadas a Metro Madrid, Renfe e Aves. Poderão participar da definição de investimentos que poderiam atingir R$ 60 bilhões, em seis anos. A relação com o “tsunami” cambial aparece no final do texto.
Em condições normais, as companhias madrilenhas não teriam espaço para disputar obras no Brasil. Estão abatidas pela crise, que paralisou os investimentos públicos em seu país. Enfrentam problemas com capacidade ociosa, demissões e inadimplência. É aqui, porém, que entra a estratégia dos governos conservadores e do Banco Central Europeu (BCE) para tentar dar a volta por cima. O Banco Santander financiará a atuação dos grupos espanhóis no Brasil. Ele foi um dos beneficiados pela enxurrada de euros produzida pelo BCE. Utilizando-se do dinheiro quer recebeu a juros negativos (1% ao ano, abaixo da inflação), ajudará empresas de seu país a ocupar, no metrô paulistano, o lugar de concorrentes brasileiras.
Em seu artigo, Bernasconi explica que a opção pelos técnicos espanhóis é desnecessária e nociva. “O Brasil tem mais de 20 mil empresas de projeto de arquitetura e engenharia (…), a maior parte em São Paulo. Essas empresas foram responsáveis por projetos do metrô paulistano desde seus primórdios, de hidrelétricas, portos, aeroportos, rodovias-símbolo. (…) Possuem um know-how acumulado a duras penas e com grande investimento”, narra ele.
A opção por abrir o setor a estrangeiros está, além disso, na contramão da tendência mundial: “A engenharia é uma das bases mais fortes para dar suporte à inovação (…) Estados Unidos, Europa, Japão e China (…) não permitem que empresas e profissionais estrangeiros atuem livremente em seus territórios”.
A desnacionalização não é, evidentemente, uma fatalidade. Em São Paulo, basta, para evitá-la, resistir à postura do governo do Estado. Mas parece óbvio que a farta disponibilidade de euros (e dólares) tenderá a influenciar certas decisões políticas, nos próximos anos… Assim como cobiçam, agora, o setor estratégico da engenharia de projetos, empresas e bancos estrangeiros poderão usar a montanha de recursos com que contam para adquirir grupos econômicos brasileiros, conquistar espaço em setores onde não atuam, ou simplesmente, valorizar seu capital tirando proveito das taxas de juros pagas pelo Estado brasileiro. O dinheiro pode servir também (alguém se ilude?) para “convencer” políticos e jornalistas. Exatamente por isso espera-se, do governo brasileiro, não apenas declarações contra o tsunami cambial mas, acima de tudo, atos.
2 comentários:
Só idiota não sabe que os empresários espanhóis estão entre os mais corruptos do mundo. Na Espanha, aproximadamente 2 anos atrás, foi realizada pesquisa entre a população para saber que "acha do uso de propina nos negócios". O resultado foi que à própria população achava normal o "por fora".
O Governo e a Prefeitura de São Paulo, estão buscando maiores percentuais de "propina" nos negócios e ninguém melhor que os espanhóis para isso.
Podem correr atrás que irão descobrir à corrupção.
Um pouco de patriotismo no governo paulista iria bem. O PSDB tem seu currículo exposto no livro do Amaury Junior. Por esse curriculo vergonhoso, que afronta não apenas a ética, mas expressa a vilania moral que consolida o espírito dos políticos deste estado deveriam ser sumariamente riscados dos cargos públicos. A culpa é do povo que os elege? Não. A culpa é da oposição que teme (?!) descortinar a verdade para que o cidadão dela se aproprie, repudiando esses velhacos, esses pusilânimes.
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