Por Altamiro Borges
“O trem já vinha lento, de repente ocorreu uma pancada
forte, mas o trem continuou fechado meia hora sem nenhum aviso”, descreveu
Hortência Del Bianco, de 57 anos, ao UOL. “Foi tudo muito rápido, fiquei super
assustado, todos estavam chorando”, relatou um jovem de 17 anos. O desespero
tomou conta dos usuários, já abalados com o apagão nos transportes públicos em São
Paulo.
Um grave acidente ocorreu na manhã de hoje (16) na linha
3-Vermelha do Metrô de São Paulo. Dois três bateram por volta das 9h50 entre as
estações Penha e Carrão, na zona leste da capital. Segundo o Corpo de
Bombeiros, 33 pessoas ficaram feridas. A colisão fez com que os passageiros caíssem
nos vagões. Desesperados, muitos desceram na passagem lateral dos trens.
99 panes no metrô e 124 na CPTM
As causas do acidente ainda serão apuradas. Mas este não foi
o único a ocorrer nos últimos anos. Segundo estudo da assessoria da bancada do
PT no Assembléia Legislativa, até hoje de manhã já tinham ocorrido 99 panes
graves nas linhas do metrô e 124 nas linhas ferroviárias da Companhia Paulista
de Transporte Metropolitano (CPTM) – computados a partir de dezembro de 2007.
A situação no transporte público em São Paulo é de caos
completo. O PSDB, que comanda o estado há duas décadas, não investe no setor. Em
2011, dos R$ 4,5 bilhões previstos para a expansão do metrô, Alckmin executou somente
R$ 1,2 bilhão. Já na CPTM houve redução de investimentos na compra de trens de
R$ 684 milhões, em 2010, para R$ 260 milhões, em 2011 (corte de 56%).
Denúncias de corrupção e demagogia
Além de não investir, os tucanos transformaram o setor num
caso de polícia, com várias denúncias de corrupção – que nunca são apuradas
pela dócil Assembléia Legislativa de São Paulo. São famosos os casos das
compras superfaturadas de trens da Alstom, do cancelamento da licitação da
linha 5, da nomeação de um presidente do metrô com condenação na Justiça, entre
outros.
Temendo o crescente desgaste com o apagão nos transportes públicos, o
governo tucano investe em... mais publicidade. “Agora, Alckmin promete 200 km de metrô até 2018,
apesar de, em 17 anos, os governos do PSDB terem construído só 25 km . Mais um anúncio
eleitoral e apetitoso para as empreiteiras”, ironiza o deputado federal Carlos
Zarattini (PT-SP).
2 comentários:
Apagaram
O colapso dos transportes controlados pelo governo paulista chegou a níveis inéditos. Superlotação desumana, filas absurdas, panes técnicas e confusões generalizadas viraram ocorrências diárias no sistema de trens e metrôs da capital. Em meio a tudo isso, há contínuas denúncias de corrupção envolvendo os contratos da área.
E é coisa antiga. A novidade atual vem da inevitável divulgação dessa calamidade, que nem a imprensa corporativa consegue omitir. Tanto disfarçaram a realidade, aliás, que chegamos a tal nível de esculacho.
Pois não aparece uma análise ou um editorial sequer chamando isso de “apagão”, como os indignados já fizeram exaustivamente em outras circunstâncias. Claro que o termo, razoável para simplificar surtos de queda de energia, serve pouco ao debate sobre os reais problemas de estrutura que vitimam o contribuinte, como a paralisação momentânea dos serviços aéreos. Mas por que desaparece agora, quando o colapso é continuado e atinge milhões de pessoas?
Talvez porque os comentaristas políticos não usam metrô, vai saber.
Publicado em 7 de maio no blog:
http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com.br
Me parece que o metrô do Cabral, o estafeta, no RJ está muito parecido ao de SP, com apenas uma linha contˆnua e super super lotado.
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