Por Altamiro Borges
Nesta sexta-feira (10), o Ministério Público Federal de São Paulo acusou dois ex-diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), um lobista e seis executivos das empresas que construíram o trecho inicial da linha 5-lilás do Metrô por lavagem de dinheiro de corrupção – no valor de R$ 26,3 milhões. Segundo o órgão, a obra custou R$ 527 milhões, quando foi concluído o primeiro trecho, e a propina distribuída para a quadrilha correspondeu a 5% do valor. As nove pessoas foram acusadas de integrar um cartel usando empresas falsas de consultoria e contas no exterior.
Segundo o procurador Rodrigo de Grandis, autor da denúncia, o cartel era formado por seis multinacionais (Siemens, Alstom, Daimler-Chrysler Rail, ADTranz, Mitsui e CAF) e foi montado entre 1999 e 2000, durante o governo Mário Covas (PSDB). Seis executivos dessas empresas são apontados como os responsáveis pelo pagamento de suborno. Dois ex-diretores da CPTM (José Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio) são acusados de montar uma empresa para receber a propina. Somente Roberto Zaniboni teria movimentado US$ 464 mil em conta secreta na Suíça.
O lobista Arthur Teixeira foi acusado de ter sido o intermediário do suborno. Olivier Hossepian Salles de Lima, que ocupou a presidência da CPTM entre 1999 e 2003, também foi beneficiado com recursos de propina, mas, segundo Rodrigo de Grandis, os crimes estão prescritos porque o executivo tem mais de 70 anos. Não custa lembrar que o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) já foi investigado pela suposta participação neste esquema, mas o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, decidiu excluí-lo da apuração em junho de 2014, apesar dos indícios de que a grana abasteceu o caixa-2 dos tucanos de São Paulo.
Falta de manutenção e caos
Na mesma semana em que o MPF apresentou a acusação contra a quadrilha, o Metrô voltou a causar fortes transtornos para os paulistanos. Na última terça-feira (7), um vagão descarrilhou e interrompeu a circulação de trens entre as estações Artur Alvim e Corinthians-Itaquera, na linha 3-vermelha, a mais lotada da rede. Ao sair do trilho, ele atingiu e destruiu as grades de uma passarela de proteção. Uma mulher ficou ferida levemente no pulso e os passageiros tiveram que esperar mais de uma hora para conseguir embarcar em ônibus. O pânico foi grande.
O incidente não foi uma casualidade. Atrasos, panes e superlotação são cenas comuns no Metrô de São Paulo. Eles decorrem da falta de investimentos no setor. Segundo matéria de Rodrigo Russo, publicada na Folha na sexta-feira (10), “enfrentando grave crise orçamentária, a companhia pública ligada ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) registrou uma queda significativa de investimentos em operação e modernização. Levantamento baseado em informações orçamentárias da própria empresa mostra redução de quase 60% em gastos com a manutenção de linhas, trens e estações nos últimos dois anos”.
Em 2014, o Metrô desembolsou R$ 409 milhões na modernização das quatro linhas que opera diretamente (1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 5-lilás), valor que caiu para R$ 206 milhões no ano seguinte e se limitou a R$ 168 milhões em 2016. “Os efeitos práticos dos cortes são os riscos maiores de problemas no transporte de 4 milhões de passageiros... Também foi significativa a queda de gastos do Metrô no quesito operação, que inclui recursos para manutenção e administração de todas as linhas. De R$ 110 milhões em 2014, o valor baixou para R$ 56 milhões no ano seguinte e R$ 47 milhões em 2016”.
Em síntese: máfias assaltam o Metrô desde 1999, em pleno governo de Mário Covas. Propinas, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e montagem de Caixa-2. Por outro lado, o tucanato não investe na ampliação e na manutenção dos trens. Os paulistas sofrem diariamente com superlotação e panes. Mesmo assim, a mídia chapa-branca – alimentada com muita grana da publicidade oficial – evita dar destaque para o descalabro. O nome de Geraldo Alckmin, atual governador e presidenciável do PSDB para 2018, quase não aparece no noticiário. No Jornal Nacional da TV Globo ele é um verdadeiro “picolé de chuchu”. E a vida segue... bem devagar e cheia de acidentes!
Nesta sexta-feira (10), o Ministério Público Federal de São Paulo acusou dois ex-diretores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), um lobista e seis executivos das empresas que construíram o trecho inicial da linha 5-lilás do Metrô por lavagem de dinheiro de corrupção – no valor de R$ 26,3 milhões. Segundo o órgão, a obra custou R$ 527 milhões, quando foi concluído o primeiro trecho, e a propina distribuída para a quadrilha correspondeu a 5% do valor. As nove pessoas foram acusadas de integrar um cartel usando empresas falsas de consultoria e contas no exterior.
Segundo o procurador Rodrigo de Grandis, autor da denúncia, o cartel era formado por seis multinacionais (Siemens, Alstom, Daimler-Chrysler Rail, ADTranz, Mitsui e CAF) e foi montado entre 1999 e 2000, durante o governo Mário Covas (PSDB). Seis executivos dessas empresas são apontados como os responsáveis pelo pagamento de suborno. Dois ex-diretores da CPTM (José Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio) são acusados de montar uma empresa para receber a propina. Somente Roberto Zaniboni teria movimentado US$ 464 mil em conta secreta na Suíça.
O lobista Arthur Teixeira foi acusado de ter sido o intermediário do suborno. Olivier Hossepian Salles de Lima, que ocupou a presidência da CPTM entre 1999 e 2003, também foi beneficiado com recursos de propina, mas, segundo Rodrigo de Grandis, os crimes estão prescritos porque o executivo tem mais de 70 anos. Não custa lembrar que o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) já foi investigado pela suposta participação neste esquema, mas o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, decidiu excluí-lo da apuração em junho de 2014, apesar dos indícios de que a grana abasteceu o caixa-2 dos tucanos de São Paulo.
Falta de manutenção e caos
Na mesma semana em que o MPF apresentou a acusação contra a quadrilha, o Metrô voltou a causar fortes transtornos para os paulistanos. Na última terça-feira (7), um vagão descarrilhou e interrompeu a circulação de trens entre as estações Artur Alvim e Corinthians-Itaquera, na linha 3-vermelha, a mais lotada da rede. Ao sair do trilho, ele atingiu e destruiu as grades de uma passarela de proteção. Uma mulher ficou ferida levemente no pulso e os passageiros tiveram que esperar mais de uma hora para conseguir embarcar em ônibus. O pânico foi grande.
O incidente não foi uma casualidade. Atrasos, panes e superlotação são cenas comuns no Metrô de São Paulo. Eles decorrem da falta de investimentos no setor. Segundo matéria de Rodrigo Russo, publicada na Folha na sexta-feira (10), “enfrentando grave crise orçamentária, a companhia pública ligada ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) registrou uma queda significativa de investimentos em operação e modernização. Levantamento baseado em informações orçamentárias da própria empresa mostra redução de quase 60% em gastos com a manutenção de linhas, trens e estações nos últimos dois anos”.
Em 2014, o Metrô desembolsou R$ 409 milhões na modernização das quatro linhas que opera diretamente (1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 5-lilás), valor que caiu para R$ 206 milhões no ano seguinte e se limitou a R$ 168 milhões em 2016. “Os efeitos práticos dos cortes são os riscos maiores de problemas no transporte de 4 milhões de passageiros... Também foi significativa a queda de gastos do Metrô no quesito operação, que inclui recursos para manutenção e administração de todas as linhas. De R$ 110 milhões em 2014, o valor baixou para R$ 56 milhões no ano seguinte e R$ 47 milhões em 2016”.
Em síntese: máfias assaltam o Metrô desde 1999, em pleno governo de Mário Covas. Propinas, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e montagem de Caixa-2. Por outro lado, o tucanato não investe na ampliação e na manutenção dos trens. Os paulistas sofrem diariamente com superlotação e panes. Mesmo assim, a mídia chapa-branca – alimentada com muita grana da publicidade oficial – evita dar destaque para o descalabro. O nome de Geraldo Alckmin, atual governador e presidenciável do PSDB para 2018, quase não aparece no noticiário. No Jornal Nacional da TV Globo ele é um verdadeiro “picolé de chuchu”. E a vida segue... bem devagar e cheia de acidentes!
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