“É cada vez mais trepidante a biografia política de Fernando Gabeira. Candidato à prefeitura carioca, ele acaba de registrar a doação de campanha de Arminio Fraga (ex-Banco Garantia e ex-Soros Fund Management) e de Walter Moreira Sales (Unibanco). Além disso, ele ainda recebeu simbólicos 10 mil reais do advogado Francisco Mussnich, casado com Verônica, irmã de Daniel Dantas. Na ditadura, o guerrilheiro Gabeira apoiava a expropriação dos bancos para favorecer a revolução. Agora, ele ganha contribuição dos banqueiros para evitá-la. Sempre radical”.
A irônica nota do jornalista Mauricio Dias, na sua coluna na revista Carta Capital, expressa bem a trajetória sinuosa do candidato a prefeito da coligação PV/PSDB/PPS. Alguns desatentos ainda se iludem com seu passado de luta contra a ditadura. Mas há muito tempo ele tomou outro rumo, pendendo cada vez mais para posições de direita. Na atual campanha eleitoral, ele sequer procura esconder a sua conversão, postando-se como a alternativa para o eleitorado mais conservador. A aliança com tucanos, o apoio dos banqueiros e seu programa de governo confirmam a guinada.
O mentor tucano Arminio Fraga
Para o esgarçado PSDB, que tende a colher péssimos resultados nas eleições de outubro, Gabeira surge como um dos poucos com chances de vitória nas capitais. Sem candidato próprio na estratégica capital carioca, os tucanos, que sonham com o retorno a Brasília em 2010, apostam as suas fichas no ex-guerrilheiro, um confiável aliado de FHC no seu triste reinado. Tanto que Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, desponta como seu principal mentor intelectual – e não só como um rico financiador da campanha. Ele já apareceu em vários programas de TV do candidato.
Para viabilizar os votos de setores conservadores, que ainda temem seu passado e estão rachados entre Eduardo Paes e Solange Amaral, Gabeira radicalizou a sua adesão às teses neoliberais. Ele tem defendido ostensivamente o chamado “choque de gestão”, peça publicitária dos tucanos que resultou em privatizações, arrocho do funcionalismo e redução do papel do Estado. Antes mesmo do início oficial da campanha, ele fez um “intensivão com gestores do governador Aécio Neves”, viajando semanalmente a Belo Horizonte, segundo relato do Jornal do Brasil. “Gabeira pretende levar o choque de gestão tucano-mineiro para o seu programa de governo”, informou.
Gestão capitalista da cidade
Durante a sabatina realizada pelo jornal O Globo, ele não apenas defendeu o “choque de gestão” como pregou um verdadeiro “choque de capitalismo” – talvez numa tentativa desesperada para conseguir maior apoio do clã Marinho. No início da campanha, a poderosa Rede Globo escalou Gabeira para fazer comentários até sobre futebol, numa nítida torcida pelo candidato; depois, como ele empacou nas pesquisas, ela passou a apostar as suas fichas em Eduardo Paes, outro tucano travestido, sem abandonar totalmente o seu “comentarista esportivo”.
Sobre o “choque de capitalismo”, Gabeira foi explícito na sabatina: “Estou propondo introduzir na gestão pública alguns elementos da eficácia do capitalismo... A modernização significa menos gente para as mesmas tarefas”. Na propaganda eleitoral na TV, ele bate na tecla de que é preciso transformar o Rio de Janeiro numa “eficiente empresa”, com suas técnicas de gestão – inclusive com a demissão de servidores. Bem ao gosto dos conservadores, ele também adotou um discurso rancoroso sobre a questão da segurança pública, propondo como remédio a violência policial.
A conversão direitista de Fernando Gabeira é antiga. O best-seller “O que é isso companheiro” já registrava esta guinada. Mas o hábil político sempre tentou manter as pontes com os setores mais progressistas – principalmente no Rio de Janeiro, famoso por seu eleitorado rebelde. Esta postura camaleônica rende votos, mas não resiste aos fatos. Hoje, inclusive, ele tenta posar de aliado do presidente Lula, que goza de alta popularidade. Mas numa longa entrevista à revista Veja, em junho de 2005, ele taxou o governo Lula de “uma farsa”, “uma traição”. Na mesma entrevista, ele ridicularizou o marxismo e também comemorou o “fracasso completo do socialismo”.
A irônica nota do jornalista Mauricio Dias, na sua coluna na revista Carta Capital, expressa bem a trajetória sinuosa do candidato a prefeito da coligação PV/PSDB/PPS. Alguns desatentos ainda se iludem com seu passado de luta contra a ditadura. Mas há muito tempo ele tomou outro rumo, pendendo cada vez mais para posições de direita. Na atual campanha eleitoral, ele sequer procura esconder a sua conversão, postando-se como a alternativa para o eleitorado mais conservador. A aliança com tucanos, o apoio dos banqueiros e seu programa de governo confirmam a guinada.
O mentor tucano Arminio Fraga
Para o esgarçado PSDB, que tende a colher péssimos resultados nas eleições de outubro, Gabeira surge como um dos poucos com chances de vitória nas capitais. Sem candidato próprio na estratégica capital carioca, os tucanos, que sonham com o retorno a Brasília em 2010, apostam as suas fichas no ex-guerrilheiro, um confiável aliado de FHC no seu triste reinado. Tanto que Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, desponta como seu principal mentor intelectual – e não só como um rico financiador da campanha. Ele já apareceu em vários programas de TV do candidato.
Para viabilizar os votos de setores conservadores, que ainda temem seu passado e estão rachados entre Eduardo Paes e Solange Amaral, Gabeira radicalizou a sua adesão às teses neoliberais. Ele tem defendido ostensivamente o chamado “choque de gestão”, peça publicitária dos tucanos que resultou em privatizações, arrocho do funcionalismo e redução do papel do Estado. Antes mesmo do início oficial da campanha, ele fez um “intensivão com gestores do governador Aécio Neves”, viajando semanalmente a Belo Horizonte, segundo relato do Jornal do Brasil. “Gabeira pretende levar o choque de gestão tucano-mineiro para o seu programa de governo”, informou.
Gestão capitalista da cidade
Durante a sabatina realizada pelo jornal O Globo, ele não apenas defendeu o “choque de gestão” como pregou um verdadeiro “choque de capitalismo” – talvez numa tentativa desesperada para conseguir maior apoio do clã Marinho. No início da campanha, a poderosa Rede Globo escalou Gabeira para fazer comentários até sobre futebol, numa nítida torcida pelo candidato; depois, como ele empacou nas pesquisas, ela passou a apostar as suas fichas em Eduardo Paes, outro tucano travestido, sem abandonar totalmente o seu “comentarista esportivo”.
Sobre o “choque de capitalismo”, Gabeira foi explícito na sabatina: “Estou propondo introduzir na gestão pública alguns elementos da eficácia do capitalismo... A modernização significa menos gente para as mesmas tarefas”. Na propaganda eleitoral na TV, ele bate na tecla de que é preciso transformar o Rio de Janeiro numa “eficiente empresa”, com suas técnicas de gestão – inclusive com a demissão de servidores. Bem ao gosto dos conservadores, ele também adotou um discurso rancoroso sobre a questão da segurança pública, propondo como remédio a violência policial.
A conversão direitista de Fernando Gabeira é antiga. O best-seller “O que é isso companheiro” já registrava esta guinada. Mas o hábil político sempre tentou manter as pontes com os setores mais progressistas – principalmente no Rio de Janeiro, famoso por seu eleitorado rebelde. Esta postura camaleônica rende votos, mas não resiste aos fatos. Hoje, inclusive, ele tenta posar de aliado do presidente Lula, que goza de alta popularidade. Mas numa longa entrevista à revista Veja, em junho de 2005, ele taxou o governo Lula de “uma farsa”, “uma traição”. Na mesma entrevista, ele ridicularizou o marxismo e também comemorou o “fracasso completo do socialismo”.
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