Neste sábado, às 10 horas, será realizado um ato de repúdio ao jornal Folha de S.Paulo, que num recente editorial usou o odioso neologismo de “ditabranda” para qualificar a cruel ditadura militar brasileira que prendeu, torturou e assassinou milhares de patriotas. O evento, organizado pelo Movimento dos Sem Mídia, ocorrerá em frente ao prédio do Grupo Folhas, na Alameda Barão de Limeira, 425, no centro da capital paulista. Além do ato, um manifesto de repúdio ao editorial já coletou mais de 7 mil assinaturas.
A mobilização para este protesto democrático, contra a manipulação midiática, tem sido feita basicamente através de internet. Dezenas de sítios e blogs convocam o ato, além de denunciarem a linha editorial da Folha, que se traveste de “plural e democrática”, mas que defendeu o golpe militar de 1964 e deu apoio às brutalidades do regime. Até agora, porém, observa-se pouco engajamento dos movimentos sociais. Presos às demandas do cotidiano, eles nem sempre se dão conta das lutas de caráter mais estratégico – como a batalha nevrálgica pela democratização das comunicações, contra a ditadura midiática.
Passado e presente nefastos
O problema da Folha e da maioria dos meios privados não se restringe ao passado. Com o neologismo “ditabranda”, ela apenas deu um tiro no pé e confessou o crime. A mesma atitude golpista e autoritária, embora mais nuançada, o jornal mantém nos dias atuais. O problema não é histórico, é de classe. A mídia privada defende os interesses da residual minoria capitalista e contrapõe-se aos anseios da maioria do povo, dos trabalhadores. Com recursos poderosos, ela faz de tudo para manipular corações e mentes. Ela ocupa o papel, como já disse o revolucionário italiano Antonio Gramsci, de “partido do capital”.
Uma seleção de recentes editoriais da Folha, que refletem as opiniões da Famíglia Frias, mostra que os movimentos sociais deveriam dar mais atenção ao ato de repúdio. Além da adoração ao “deus-mercado” e da crítica implacável a qualquer medida progressista do governo, o jornal se caracteriza por atacar sem piedade as organizações populares e os direitos sociais e trabalhistas:
Ódio ao MST e ao sindicalismo
- O MST é alvo recorrente. O editorial de 21 de janeiro de 2009, intitulado “Decadente aos 25”, decreta que o movimento “não amadurece”, tenta criar cizânia com o governo Lula e conclui de forma arrogante: “Encurralada pela própria decadência, o MST reage a seu modo. Desta vez, sua vanguarda de ativista recebe a ordem de avançar sobre as cidades, protagonizando mais ações estapafúrdias e desconexas. Enfrentará, além de mais processos judiciais, apenas a indiferença e desconfiança da maioria da população”.
- Os direitos dos trabalhadores, inclusive ao emprego, também são negados. O editorial de 16 de janeiro de 2009, intitulado “Agitações de oratória”, ridiculariza o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, por ele ter criticado a onda de demissões no país. “Descontada a espuma retórica, ninguém haverá de ignorar o irrealismo da proposta de estabilidade no emprego numa situação econômica tão incerta como a atual”, pontifica o jornal, um dos apologistas do modelo neoliberal que levou a economia mundial ao desfiladeiro. Para a Famíglia Frias, os trabalhadores devem pagar o ônus da crise.
Contra os direitos trabalhistas
- Qualquer avanço na área trabalhista ou previdenciária também é rechaçado. O editorial de 7 de janeiro, “Gestão e demagogia”, critica as negociações entre governo e centrais “para substituir o fator previdenciário – sistema implantado em 1999, que estimula a postergação da aposentadoria – por regras mais brandas. Isso comprometeria as contas públicas e representaria um retrocesso num país cuja população está envelhecendo”. Já o editorial de 8 de dezembro de 2008, “Proteção excessiva”, afirma que uma das causas do desemprego e da informalidade é “a legislação trabalhista excessivamente rígida”.
Como se observa, para o jornal Folha de S.Paulo não foi apenas a ditadura militar que foi branda. O capitalismo brasileiro também é brando demais. Deveria coibir os movimentos sociais e retirar ainda mais direitos dos trabalhadores. Apesar das peças publicitárias, a Folha tem mesmo o “rabo preso com o capital”. O leitor incauto é alvo da sua manipulação e os movimentos sociais, dos seus ataques. Não dá se omitir diante deste descarado e arrojado “partido do capital”.
9 comentários:
Sempre li seus artigos através do Vermelho, entretanto decidi adicionar o blog à lista de meus favoritos para não perder nenhuma de suas lúcidas análises.
Acho que todas as explicações para a destilação do veneno midiático está na postagem anterior: a crise capitalista que pode ser um grande trampolim para os movimentos sociais, a defesa heróica do grande capital que rege o fluxo de trabalhadores e de informação em nossos tempos.
Apenas discordo quando você trata o problema da manipulação da FSP como sendo de classe e não histórico. Sim, é verdade que a questão engedra o debate acerca da defesa das elites e da dissolução da sociedade em números que não fazem frente ao poderio midiático. Entretanto, na minha leitura marxista, acho que o problema histórico e indissociável do problema de classes. Infelizmente, a tradição brasileira é de uma mídia hegemônica e concentrada. A síntese desse processo foi a ascensão da credibilidade dos noticiosos e um "suposto" ideal destes de que devem defender suas ideologias acima de tudo. Para a esquerda é fácil perceber esses enquadramentos que deixam de lado fatos como o aumento nunca antes visto do salário mínimo, a subida de um grande número de cidadãos a outras classes, os projetos dos canais públicos e educativos ou o maior preparo do Brasil para atuar na política internacional.
É por isso que defendo que o debate deve levar em conta o desenvolvimento histórico das formas comunicacionais em nosso território. Atrelado ao grande fluxo de verbas oriundo da publicidade está o poder de interferir no capital simbólico de personagens e instituições públicas. Pode ser que a população venha atentando para essas distorções. Mas é bem verdade que elas ainda tendem a desestabilizar o governo e seus aliados.
Perfeito, professor. Mas os ataques aos direitos dos trabalhadores não são novidade para tais grupos (no mesmo caldo entram os Civita, os Marinho...).
Quantas vezes vimos referências a um "novo modelo de trabalhador' nesses panfletos travestidos? Trabalhadores que não deveriam pensar em tirar férias por exemplo, porque deveriam estar se aprimorando, com receio de perder seu "lugar ao sol" para o substituto (essa m... li na veja).
Com esse tipo de mídia, não é de se estranhar que a população veja os Movimentos Sociais com desconfiança.
Tomei a liberdade de publicar teu texto no meu blog.
Há braços.
Miro, não esqueça de marcar comigo outra rodada de Seleta. Abraço, Eduardo Guimarães
De tudo o muito que li sobre o "affair ditabranda", seu post é o mais elaborado, sobretudo por estabelecer correlações entre passado e presente no comportamento da Folha. Para além de "O problema não é histórico, é de classe" vai ao cerne da questão. Nesse caso particularmente, seu background marxista - que, demonizado pela "grande mídia", tanta falta faz ao debate, teoricamente empobrecido - faz toda a diferença.
Também abordei a polêmica sobre a "ditabranda" em meu recém-criado blog, embora numa veia mais cômica. Caso você ou seus leitores tenham interesse em ler, o endereço é http://cinemaeoutrasartes.blogspot.com/
Miro, sou Railton Nascimento Souza, docente na educação básica e superior, diretor de formação do SINPRO-GO. Conheci você no curso de formação realizado no mês de janeiro passado, em Itapecirica da serra. Sua valiosa participação foi uma análise sobre as mudanaças históricas do mundo do trabalho: capitalismo comercial, industrial, taylorismo, fordismo, toyotismo... Foi um momento alto do curso, é certo. Estou acompanhando suas postagens nesse blog. Essa rede de produção crítica da informação e de orientação política com compromisso com as verdadeiras mudanças, está em franco processo de crescimento. É tão visível isso que a elite de direita, retro como sempre, está tentando controlar o ciberespaço por meio de projeto de lei proposto pelo famigerado senador Azeredo. Eles nos temem. Eles tem MEDO! São covardes! Não conseguem viver a democracia sem trapaças. Temem o povo e sua capacidade de mobilização, articulação. Defendem no fundo o estado da vigilancia e da punição.
É realmente muito cínica a Folha, ao lado de Veja & CIA, quando qualifica a ditadura brasileira como DITABRANDA. Também protestei contra isso publicando matéria em meu blog, que lhe convido para visitar: WWW.PROFESSORRAILTONSOUZA.BLOGSPOT. Miro, enquanto a Folha tentou nos fazer passar por anencefalos, o Estado brasileiro, reconheceu dias atrás os crimes cometidos contra um amigo meu, o professor Doutor Avelino, da UCG. A solenidade ocorreu no Rio de Janeiro, semana passada. Ele militava no MR8. Foi preso injustamente durante dois anos, foi baleado, perdeu um rim e o basso, além de danos no intestino. Viveu no exílio até a anistia. Será indezado. E a Dita foi Branda e não Dura. Que cinismo!!!
Obs: Postei também uma matéria acerca da anistia do Avelino no meu blog. Caso o considere interessante link meu endereço no seu blog. O seu já está na minha lista preferencial.
Abração!
Querido Miro, 'foi bonita a festa pá!'
No meio de toda esta canalhice uma boa coisa ocorreu, finalmente, podemos nos conhecer pessoalmente e não só de rede.
Foi emocionante e feliz fiquei de poder compartilhar tudo com gente tão querida como vc.
um grande beijo
Conceição
Olha o que diz a verbete sobre as origens de Otávio Frias na Wipedia: Octavio Frias de Oliveira (Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1912 — São Paulo, 29 de abril de 2007) foi um jornalista, editor e empresário brasileiro.
Filho de Luís Torres de Oliveira, juiz de direito na localidade de Queluz, e de dona Elvira Frias de Oliveira, era descendente dos barões de Itaboraí e de Itambi.
O título de barão da mídia lhe cabe muito bem...sendo assim sabemos a quais interesses advoga: os da burguesia!
Saudações
E como foi o ato?
Abraços de Chapecó-SC pra ti, camarada.
REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA !
Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndios descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosa quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.
Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Osvaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam. Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma,Rafael Correa, Fernando Lugo não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King, Viva Osvaldão, Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.
O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
quilombonnq@bol.com.br
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