O neoliberalismo, com a sua política de desmonte do Estado e de libertinagem financeira, tem sofrido forte desgaste no mundo todo devido à grave crise capitalista que ajudou a detonar. Mas os neoliberais continuam na ativa na sua adoração ao “deus-mercado”. A decisão do governo de trocar o presidente do Banco do Brasil é prova cabal disto. De imediato, os banqueiros e alguns jornalistas de aluguel criticaram a “obsessão” do presidente Lula em baixar os juros e o spread.
Os porta-vozes do capital financeiro avaliam que a troca no BB é uma interferência indevida na economia. No Jornal Nacional da TV Globo, que ainda é recordista na audiência, a apresentadora Fátima Bernardes vaticinou: “O mercado reagiu mal à mudança”. Já no Jornal da Globo, no final da noite, o ancora William Waack foi o ventríloquo dos banqueiros. Para ele, a “obsessão” do presidente Lula em baixar os juros e o spread bancário equivale “a decretar a felicidade”.
Escândalo do spread bancário
Como afirma Osvaldo Bertolino, num excelente artigo no Vermelho, a mudança no comando do BB “mostra a disposição da equipe econômica de atacar um dos focos que travam a aplicação de políticas contra os efeitos da crise econômica global no país. Ao assumir o posto de Lima Neto, o novo presidente do banco, Aldemir Bendine, terá pela frente, como disse o ministro da Fazenda, um ‘contrato de gestão’. Sua missão consiste em elevar o volume de crédito e reduzir o spread (a diferença entre o custo do banco para captar dinheiro e a taxa cobrada dos clientes)”.
A taxa do spread no Brasil, inclusive no BB, é um escândalo. O dinheiro que poderia servir para irrigar a economia nacional é entesourado nos cofres das instituições financeiras. Somente no ano passado, os brasileiros pagaram R$ 134,5 bilhões em spread, segundo cálculos da Federação do Comércio de São Paulo. Estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que irritou os banqueiros e ameaçou o posto de Marcio Pochmann, comprova que o empréstimo para pessoa física no país custa dez vezes mais do que em qualquer agência bancária na Europa. O valor pago em spread em 2008 correspondeu ao dobro do orçamento do Ministério da Saúde.
Lima Neto, indicado para a presidência do BB em 2006, achava-se acima das orientações de um governo democraticamente eleito pelo povo. Na prática, representava os banqueiros no interior do governo. Ele vivia às turras com o ministro Guido Mantega, mantendo-se fiel à ortodoxia dos neoliberais. A sua substituição dá novo alento ao governo para enfrentar a grave crise mundial do capitalismo que, deixada ao sabor da “mão invisível do mercado”, resultará em mais falências, demissões e retração dos investimentos nas áreas sociais. Aldemir Bendine, ao reduzir os juros e o spread, injetando mais dinheiro na economia, colocará na parede os poderosos banqueiros.
6 comentários:
Caros concidadãos,
Insisto em dizer que a questão crucial a ser debatida pelo povo brasileiro é o destino dado aos nossos impostos. Praticando juros que chegaram a mais de 45% ao ano, FHC transformou uma dívida - repassada por Itamar na casa de R$ 70 bilhões - em algo como R$ 700 bilhões, a tal herança maldita da qual chegaram ainda a falar alguns petistas.
E Lula, mesmo após pagar nos 6 primeiros anos de seu governo - só de gastos com os serviços da dívida !!! - cerca de R$ 800 bilhões, não impediu que a tal dívida pública, chamada de "interna" para "descer mais redondo", alcançasse mais de R$ 1,5 trilhão. Apenas no ano de 2008, essa sangria consumiu cerca de R$ 170 bilhões, privilegiando 20 mil famílias rentistas. Para o Bolsa-Família (que alcança 30 milhões de cidadãos) foram apenas R$ 8 bi, para a Saúde - 55 bi, Educação - 40 bi, C&T - 3 bi...
Ou seja, Lula continuou seguindo essa política conservadora e agora falsamente dicotomizada entre PT e seus aliados e PSDB et caterva. Atente-se que colocou no BC um elemento oriundo do sistema financeiro e, pasmem, dos quadros do "rival" PSDB.
E assim, ao demitir o cara errado, permanecem sendo represados, agora já por mais de 500 anos, os anseios deste sofrido povo brasileiro, que continua, mesmo sobre este berço esplêndido, a viver sem saúde, sem educação, sem segurança, sem cultura, sem consciência... Mas com crise ou sem crise, sempre haverá dinheiro para cumprir com as "obrigações" financeiras da tal dívida... Até quando???
É uma atitude ousada do governo e sua equipe econômica, buscar trazer da extratosfera o spread bancário brasileiro. O xilique da mídia hegemônica trata-se de defesa do interesse privado que será afetado pela concorrência.
Altamiro, o governo precisa também mudar a política da categoria dos empregados públicos, digo, do BB, Caixa, BASA e BNB. Está havendo um verdadeiro massacre dos empregados destas instutuições, e não vejo ninguém levantar uma bandeira em defesa dos mesmos. Eles são campeões em infrigir as normas trabalhistas, praticar terrorismo contra seus empregados. Os salários estão altamente defasados, mas as exigências para que os empregados se desdobrem para vender produtos chega as rais do absurdo.
Gostaria que você fizesse um artigo tratando desta questão.
Estou fazendo uma campanha de doações para criar uma minibiblioteca comunitaria na minha comunidade carente aqui no Rio de Janeiro,preciso da ajuda de todos.Doações no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3 Que DEUS abençõe todos nos.Meu e-mail asilvareis10@gmail.com
É sempre assim, administradores da coisa pública se revestem de um furor empresarial gerindo os negócios do Estado à serviço da Elite financeira. Se forem eficientes nesta tarefa, de volta so setor privado, serão aquinhoados com belos cargos e altos salários pelos bons serviços prestados a Res-capitalista.
Quem viver verá.
Ousadia seria mexer no BC e colocar MEIRELES para correr. Mas LULA parece que não tem CORAGEM suficiente para isso. Os banqueiros e seus prepostos, o PIG, já alertaram LULA com a exoneração do presidente do BB que mexer em MEIRELES é mexer com ELES, que querem que a FARRA por aqui continue. Só MEIRELES garante a farra.O bom nisso tudo é que, no pega para capá, o PIG continua mostrando sua verdadeira face. Para criticar e desacreditar o governo, critica em manchetes os juros altos, entretanto quando ver qualquer mudancinha que seja nesse sentido, a mascara cai, mostrando que na realidade são defensores dos BANQUEIROS e rentistas contra o povo brasileiro.
Postar um comentário