Os latifundiários da mídia e seus colunistas de aluguel, que tanto bravateiam sobre a “liberdade de expressão”, estão preocupados com o uso democrático e crescente da internet no Brasil. Eles temem a migração, principalmente dos jovens, para os blogs, twitter e outras redes sociais. Estão alarmados com a abrupta queda das tiragens dos jornalões tradicionais e mesmo das audiências da TV. O uso da internet, ao menos temporariamente, tem representado um golpe na forma unidirecional e autoritária que impera na mídia. Ela possibilita mecanismos mais participativos e interativos de comunicação, o que abala o pensamento único emburrecedor da ditadura midiática.
“Princípios e valores” dos Marinhos
Segundo informações do sítio Comunique-se, a TV Globo e o jornal Folha de S.Paulo baixaram medidas para coibir os seus funcionários de usarem blogs, twitter e outras redes. “A hospedagem em portais ou outros sites, bem como a associação do nome, imagem ou voz dos contratados da Rede Globo a quaisquer veículos de comunicação que explorem as mídias sociais, ainda que o conteúdo disponibilizado seja pessoal, só poderá acontecer com a prévia autorização formal da empresa”, afirma o comunicado ditatorial da família Marinho de 10 de setembro.
A medida atinge tanto artistas, como jornalistas e outros profissionais da emissora e teria gerado críticas dos funcionários. “A atriz Fernanda Paes Leme reclamou: ‘Não existe arte sem liberdade de expressão. Blog e twitter ajudam o público a conhecer o artista por trás do personagem... Eu vou continuar por aqui’”, registrou o “comunique-se”. Procurada pela redação, a direção da TV Globo alegou que a medida tem o objetivo de “preservar seus princípios e valores”.
Clóvis Rossi, o padre medieval
Já a Folha anunciou em comunicado interno que os jornalistas e colunistas deste veículo deverão seguir “algumas regras” para o uso dos blogs e twitter. “A recomendação, assinada pela editoria executiva, é que os profissionais não assumam opiniões partidárias sobre qualquer candidato ou campanha, e também veda a publicação de conteúdo exclusivo, acessível apenas para assinantes do jornal”. A medida não surpreendeu alguns jornalistas deste jornal, que há muito se queixam do excessivo controle exercido pela direção da empresa na produção de conteúdos.
Já o paparicado colunista Clóvis Rossi, que se acha acima do bem e do mal, deve ter gostado desta nova restrição. Em sua coluna, ele expressou o seu total desprezo pela “praga dos blogs”. Como ironizou o blogueiro Rodrigo Vianna, “o resmungo de Rossi lembra-me a amargura de um padre ‘medieval’, que tinha o monopólio da palavra e do saber e, de repente, sente-se perdido ao ver que, após Gutenberg, a Bíblia poderia ser impressa e interpretada sem a ajuda dos clérigos. O velho jornalismo é conservadorismo em estado bruto. É o absolutismo da informação”.
Rodrigo Vianna também aproveita para descrever a triste trajetória deste colunista da ditabranda. “Quem não vive em São Paulo talvez nem saiba direito quem é ele. O Rossi costumava ser um grande repórter. Ainda hoje, quando vai à rua, produz bons textos... Como colunista, porém, ele tem aquela mania execrável de escrever mais para o patrão (e para a ‘turminha’ da Folha) do que para o leitor”. É este servil jornalista, “em seu pedestal”, que resmunga contra a internet, fazendo coro com as medidas autoritárias que restringem o uso de blogs, twitter e outras redes. Depois, eles ainda fazem as suas bravatas sobre a “liberdade de expressão”. Não há credibilidade que resista!
4 comentários:
Onde está a liberdade de pensamento? Quer dizer que o PIG pooooooode! Que vergonha. Deixei de assistir ao jornalismo da Rede Globo. Não informa, desinforma. Praticam o anti-jornalismo.
Muito bom, Miro. Seus textos são muito bons mesmo. Parabéns! Eu também posso falar por mim. Não leio mais jornal desde a faculdade e, sinceramente, não faz falta. Consigo me informar muito bom pela internet. Os blogs tem sido a salavação. Todos os dias acesso uma série de blogs... Acho que são mais de vinte... Incluindo o do Miro. Tem os sites internacionais também que ajudam muito. E a televisão? Ultimamente só uso para filmes mesmo. Nem o Jornal Nacional não assisto mais... Hehehe...
Gostaria de poder começar o meu comentário de modo surpreso e incrédulo ao saber de uma medida de caráter autoritário. Infelizmente, o que me vem a cabeça é uma frase: eu já imaginava. Que declínio espantoso do profissional. Primeiro, viramos um amontoado de trabalhadores sem uma definição de nossa atividade onde os limites éticos já foram suprimidos; depois, ficamos à mercê de julgamentos subjetivos e bravatas da liberdade de expressão com o fim da Lei de Imprensa. Agora, não poderemos mais exercer nosso direito a falar o que quisermos em um blog ou twitter, nosso por direito. A mídia se perde nos novos rumos da sociedade civil e só pode manter-se privando seus profissionais de reflexôes críticas. Como o poder da informação está sendo descentralizado (ainda que não de modo sólido) o que resta é resguardar a "crediblidade" atrás da cortina do poder econômico e de imposições ditatoriais. O nome da Globo, infantilmente, ainda se confunde com o de seus profissionais. Em uma época onde nossas verdadeiras razões urgem por vir à tona, Folha e Globo mantem seus jornalistas presos à égide da autocensura. Em que tempo estamos? Em que tempo a Globo está? Quanto anacronismo ao mesmo tempo.
Bom Dia Miro ! Quero manifestar aqui no seu blog meu répúdio à batalha televisiva que vem sendo travada entre a Globo e a Record. Nós estamos assistindo muito passivos este espetáculo deprimente.
Acho que deviamos exigir de nossos deputados a abertura imediata de uma CPI para tratar desse assunto. Este é o problema, quando a bola esta pronta para darmos o chute, não aproveitamos. Este é o momento de abrir a toda a sociedade os prodres da mídia ditadora. O que acha caro Miro ??
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