Reproduzo artigo de Gilka Resende, publicado no sítio do jornal Brasil de Fato:
Cerca de 100 comunicadores e representantes de movimentos sociais de diversos países das América Latina se reuniram no seminário “Um diálogo para democratizar a comunicação e impulsionar a integração” em Assunção, Capital do Paraguai. O evento aconteceu nos dias 9 e 10 de agosto, prévios ao quarto Fórum Social das Américas (11 a 15/8).
Os povos originários foram lembrados durante a cerimônia de abertura por ser o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Um documento enviado por indígenas da Colômbia ressaltou que “o direito ao acesso aos meios de comunicação de massa privados e públicos, e a apropriação de meios indígenas, não são garantidos pelos Estados nacionais colonizadores".
A jornalista colombiana Vilma Almendra acredita que o diálogo entre movimentos sociais e governos é uma prioridade. Ela pertence à etnia indígena Nasa e é uma das organizadoras do Seminário. “A comunicação é muito importante para os povos indígenas, em especial uma comunicação que seja democrática e integradora. Queremos uma integração que permita articular políticas de transformação social, democratizar a comunicação e juntar lutas para que possamos resistir ao modelo econômico transnacional”, apontou Vilma.
A luta pela comunicação popular no Paraguai
O ministro das comunicações paraguaio Augusto dos Santos esteve presente ao Seminário. Ele afirmou que “A reforma comunicativa é urgente e necessária nos países da America Latina”. À frente da Secretaria de Informação e Comunicação para o Desenvolvimento do Paraguai, disse que houve avanços na região em relação às políticas de comunicação e integração entre os países. No entanto, ressalta que os meios de comunicação dos governos devem estar nas mãos dos cidadãos para se tornarem realmente públicos.
Augusto enfatizou: “Os meios (de comunicação) públicos devem se fortalecer a partir das questões públicas e cidadãs. É certo que com isso veremos um pouco menos os rostos dos presidentes e ministros. Mas não por os meios de comunicação nas mãos dos cidadãos é um erro que não se deve cometer mais nessa América”.
Os movimentos sociais presentes ao Seminário afirmaram que a comunicação deve ser vista como direito humano, e não como mercadoria. Porém, assim como no Brasil, a situação das emissoras comunitárias no Paraguai não está fácil, segundo Altanácio Galeano, da Associação de Rádios Vozes do Paraguai. Ele faz parte da rádio Kasike FM, da cidade de Lambare, distante 30 quilômetros da capital Assunção.
“A nova lei de telecomunicações criminaliza quem quer exercer o direto à comunicação no país. Estávamos dialogando com o governo de Fernando Lugo, mas é como se todos os avanços tivessem se apagado. Em suas alianças, o governo deixou o setor de telecomunicações com a direita. Essa lei, por exemplo, prevê a prisão de pessoas e concede às comunitárias um alcance muito pequeno”, contou Altanácio.
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