Por Altamiro Borges
A decisão da presidenta Dilma Rousseff de promover um corte cirúrgico de 50 bilhões no Orçamento da União confirma que os tecnocratas neoliberais estão com a bola toda no início do novo governo. Eles já bombardearam a proposta de aumento real do salário mínimo, aplaudiram a decisão do Banco Central de elevar a taxa de juros e, agora, festejam os cortes nos gastos púbicos. Tudo bem ao gosto das elites rentistas e para delírio da mídia do capital, que agora decidiu bajular a nova presidenta.
Na justificativa para o corte dos gastos, o ministro Guido Mantega, tão duro contra o sindicalismo na questão do salário mínimo, mostrou-se dócil diante do “deus-mercado”. Sem meias palavras, ele afirmou: “Nós estaremos revertendo todos os estímulos que fizemos para a economia brasileira entre 2009 e 2010... Nós já estamos retirando esses incentivos e agora falta uma parte deles que estão sendo retirados do Orçamento de 2011, que são os gastos públicos, que ajudaram a estimular a demanda”.
Um triste regresso ao “malocismo”?
Numa linguagem empolada, típica de quem esconde as maldades, Mantega argumentou que “este ajuste, esta consolidação fiscal, possibilitará que nós alcancemos o superávit primário” – outro termo que causa orgasmos nos banqueiros e rentistas. A União, explicou o ministro, já teria reservado “quase R$ 81,8 bilhões” somente para o pagamento dos juros – isto é, o dobro dos investimentos orçamentários destinados ao Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC (de R$ 40,15 bilhões).
Na prática, as decisões recentes do governo parecem indicar um triste regresso ao “malocismo” – uma mistura de Pedro Malan, czar da economia no reinado de FHC, e Antonio Palocci, czar da economia no primeiro mandato de Lula. Os seus efeitos poderão ser dramáticos, inclusive para a popularidade da presidenta Dilma. De imediato, as medidas de elevação dos juros e redução dos investimentos representam um freio no crescimento da economia e, conseqüentemente, na geração de emprego e renda.
Suspensão de concursos e outras maldades
Além de reduzir o papel do Estado como indutor do crescimento, o corte drástico de R$ 50 bilhões no Orçamento da União terá impacto nos serviços públicos prestados à população. O governo já anunciou a suspensão dos concursos para a contratação de novos funcionários e protelou a nomeação de 40 mil servidores aprovados em seleções anteriores. Para Maria Thereza Sombra, diretora da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursados, estas medidas levarão ao “estrangulamento da máquina”.
Empolgado com a retomada de alguns dogmas neoliberais, O Globo diariamente dá manchete às medidas de “ajuste fiscal” do ministro Mantega. Na edição de 10 de fevereiro, o jornal festejou: “O corte de R$ 50 bilhões nas despesas do Orçamento de 2011 deixará alguns ministérios a pão e água”. No estratégico Ministério da Ciência e Tecnologia, por exemplo, o corte previsto é de R$ 1,3 bilhão. Até o sistema de vigilância ambiental, alardeado após a tragédia carioca das chuvas, corre sério risco de ser enterrado.
A ditadura do capital financeiro
Como se observa, as perspectivas no início do governo da presidenta Dilma Rousseff são preocupantes. Ainda é cedo para se fazer qualquer avaliação mais conclusiva, taxativa. Mas há indícios de que as velhas teses ortodoxas voltaram a ganhar força no Palácio do Planalto, sob o comando do todo-poderoso ministro Antonio Palocci. Na prática, a opção por retomar a desgastada ortodoxia neoliberal, com aumento dos juros e cortes dos investimentos, evidencia a força da ditadura financeira no Brasil.
Esta opção, porém, não tem nada de racional sob o ponto de vista dos trabalhadores. Foram exatamente as medidas heterodoxas de estímulo ao mercado interno, adotadas no segundo mandado de Lula, que evitaram que o país afundasse na crise mundial que abala o capitalismo desde 2008. Nas eleições de 2010, o povo votou na continuidade e no avanço daquele modelo econômico de desenvolvimento e não na regressão à ortodoxia neoliberal.
A decisão da presidenta Dilma Rousseff de promover um corte cirúrgico de 50 bilhões no Orçamento da União confirma que os tecnocratas neoliberais estão com a bola toda no início do novo governo. Eles já bombardearam a proposta de aumento real do salário mínimo, aplaudiram a decisão do Banco Central de elevar a taxa de juros e, agora, festejam os cortes nos gastos púbicos. Tudo bem ao gosto das elites rentistas e para delírio da mídia do capital, que agora decidiu bajular a nova presidenta.
Na justificativa para o corte dos gastos, o ministro Guido Mantega, tão duro contra o sindicalismo na questão do salário mínimo, mostrou-se dócil diante do “deus-mercado”. Sem meias palavras, ele afirmou: “Nós estaremos revertendo todos os estímulos que fizemos para a economia brasileira entre 2009 e 2010... Nós já estamos retirando esses incentivos e agora falta uma parte deles que estão sendo retirados do Orçamento de 2011, que são os gastos públicos, que ajudaram a estimular a demanda”.
Um triste regresso ao “malocismo”?
Numa linguagem empolada, típica de quem esconde as maldades, Mantega argumentou que “este ajuste, esta consolidação fiscal, possibilitará que nós alcancemos o superávit primário” – outro termo que causa orgasmos nos banqueiros e rentistas. A União, explicou o ministro, já teria reservado “quase R$ 81,8 bilhões” somente para o pagamento dos juros – isto é, o dobro dos investimentos orçamentários destinados ao Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC (de R$ 40,15 bilhões).
Na prática, as decisões recentes do governo parecem indicar um triste regresso ao “malocismo” – uma mistura de Pedro Malan, czar da economia no reinado de FHC, e Antonio Palocci, czar da economia no primeiro mandato de Lula. Os seus efeitos poderão ser dramáticos, inclusive para a popularidade da presidenta Dilma. De imediato, as medidas de elevação dos juros e redução dos investimentos representam um freio no crescimento da economia e, conseqüentemente, na geração de emprego e renda.
Suspensão de concursos e outras maldades
Além de reduzir o papel do Estado como indutor do crescimento, o corte drástico de R$ 50 bilhões no Orçamento da União terá impacto nos serviços públicos prestados à população. O governo já anunciou a suspensão dos concursos para a contratação de novos funcionários e protelou a nomeação de 40 mil servidores aprovados em seleções anteriores. Para Maria Thereza Sombra, diretora da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursados, estas medidas levarão ao “estrangulamento da máquina”.
Empolgado com a retomada de alguns dogmas neoliberais, O Globo diariamente dá manchete às medidas de “ajuste fiscal” do ministro Mantega. Na edição de 10 de fevereiro, o jornal festejou: “O corte de R$ 50 bilhões nas despesas do Orçamento de 2011 deixará alguns ministérios a pão e água”. No estratégico Ministério da Ciência e Tecnologia, por exemplo, o corte previsto é de R$ 1,3 bilhão. Até o sistema de vigilância ambiental, alardeado após a tragédia carioca das chuvas, corre sério risco de ser enterrado.
A ditadura do capital financeiro
Como se observa, as perspectivas no início do governo da presidenta Dilma Rousseff são preocupantes. Ainda é cedo para se fazer qualquer avaliação mais conclusiva, taxativa. Mas há indícios de que as velhas teses ortodoxas voltaram a ganhar força no Palácio do Planalto, sob o comando do todo-poderoso ministro Antonio Palocci. Na prática, a opção por retomar a desgastada ortodoxia neoliberal, com aumento dos juros e cortes dos investimentos, evidencia a força da ditadura financeira no Brasil.
Esta opção, porém, não tem nada de racional sob o ponto de vista dos trabalhadores. Foram exatamente as medidas heterodoxas de estímulo ao mercado interno, adotadas no segundo mandado de Lula, que evitaram que o país afundasse na crise mundial que abala o capitalismo desde 2008. Nas eleições de 2010, o povo votou na continuidade e no avanço daquele modelo econômico de desenvolvimento e não na regressão à ortodoxia neoliberal.
12 comentários:
Não conheço coisa pior do que a miserável ignorância com dinheiro. E não há doença pior do que a alienação miserável que a midiocracia do labirinto do nada produz em seu auto beneficio para o malefício das massas senzaladas que "ESQUENTA" e explora na ignorância e infantilismo. Não escapa ninguém. Autoridades e especialistas na dolosa casa grande e na culposa senzala. É o "hiperestupidismo" brasileiro (e internacional).
Enquanto isto avançam no verdadeiro campo de batalha genocida onde matam os escravos insurretos substituindo-os por "máquinas humanas" burras e obedientes, os "intocáveis" verdadeiros inimigos da humanidade que são os inumanos fazedores de leis "TRABALHANTES" que esta democracia de faz de conta nos faz autorizar coonestando-os com nossos "ingênuos" votos. CONTINUAMOS JOGANDO CONVERSA FORA E AUTORIZANDO O DESMONTE E SAQUE DO BRASIL PELA PIRATARIA INTERNACIONAL.
Tô aqui pensando como agradecer aos intocáveis deuses banqueiros, donos da vida e da morte, com sua eficiente administração da escassez planejada de tudo, e o que fazer com este "discutidíssimo" falso aumento no salário mínimo para compra de "pirão de farinha com prazo de validade vencida" antes que os "invisíveis" HAARP & CHEMTRAILS, sem aviso prévio e sem carta de alforria, acabe conosco como fez com a região serrana do Rio de Janeiro e vem fazendo com outras localidades mundo a fora e que a midiocracia não nos mostra. Sinto muito. Aceito sugestões... Sou grato.
É verdade, preocupa sim. Há outros fatos menores que são sintomáticos: a virtual mudança de política do MinC, com a 'rediscussão' da questão dos direitos autorais, agora sob a orientação do ECAD; a tímida atuação do Ministérios das Relações Exteriores nos recentes acontecimentos no Egito, foram apenas 3 notas e uma final em apoio à 'transição'.
O PIG está exultante... Acho que a militância, virtual e real tem que estar atenta e participante.
Não precisa ser um especialista, econômico para perceber que a politica é outra. Mas o povo votou pela continuidade e não por mudança, se quisécemos mudança, teríamos Marina como opção ou radicalmente José Serra. Se as coisas não caminharem para o desenvolvimento social e emancipação econômica do povo, ela só terá esse mandato e digo mais, acaba prejudicando um presidente que fez o melhor que pode pela sua nação! Luíz Inácio Lula da Silva deve está preocupado, e o povo, amedrotado! Aqui em Fortaleza Luiziane´já decpcionou e agora Dilma, coitada das mulheres, o machismo vai aflorar.
Mantega está seguindo Maquiavel: a maldade no início e de uma vez; as bondades depois, aos poucos.
O sistema econômico do Brasil é capitalista, portanto estamos envolvidos na aldeia global com todas as suas particularidades.
Não tem mágica nesse assunto. Se não segurar agora, vai acontecer como no governo de FH e a inflação vai para 16%, que é o número que estava em dezembro de 2002.
O crescimento econômico está acontecendo, uma pequena distribuição de renda também. Além disso, há a garantia do crescimento da renda do trabalho e a principal razão de ser desse governo é a melhoria da qualidade de vida da população.
Ver o PSDB defender um salário mínimo de 600 é de matar de rir.
Por isso, devemos aguardar 2011 antes de sair dando tiros para todos os lados.
Não estou dizendo para vocês fazerem isso, é apenas uma opinião.
Prezado Miro, também me preocupo como você, mas acho um pouco cedo para concluir algo com absoluta certeza. Por enquanto sigo observando; preocupado, sim, mas observando.
Abraços
Luiz Augusto, Rio de Janeiro.
A verdade, Miro, é que LULA mostrou mais uma vez o quanto são medrosos os tecnocratas (e ai incluo DILMA). Se borram de medo de inflação (que nunca acabou, diminuiu, mas numa economia amarrada) e têm medo de crescer. Zueni Ventura chama os economistas de "PROFETAS DO PASSADO". Vejam o que fazem China e Japão. Olha o que fez agora a união européia, com a criação de uma nova bolsa (para fugir do risco EUA). E nós, que arrebentamos com o mundo em 2010, o metalurgico dando show, temos que engolir os tecnocratas de volta. Triste realidade. Têm medo de crescer. Que DILMA não tinha carisma, nós sabíamos, mas que iria se afastar de LULA desse jeito....é traição! Tomara qu eu esteja errado!
Miro,
eu já havia percebido isso, estava aguardando um post de algum blogueiro. É que fica sempre aquele velho receio de dar munição para a oposição, traumas da eleição passada. Mas tudo indica que há realmente um certo retrocesso na linha de condução do governo e a oposição já percebeu isso.
Inclusive Mirão, olha o tamanho do PIB em 2010 anunciado hoje, e que o núcleo duro da grana no governo já sabia: 7,8% de crescimento ante os 3,5% previsto no fim de 2009 pós crise midiática do PIG. E o governo quer que a negociação em torno do minimo feita no começo de 2010 continue o mesmo? Esse cavalo de batalha do minimo sinaliza também a queda de braço de opções de para onde apontar os rumos do governo. A única coisa concreta que o governo está conseguindo com isto é dar margens pra divisões no campo governista e ainda alimentar o PIG pra fazer especulações sobre um tal "super poder de consumo" dos trabalhadores e aí sim na base da especulação midiática obterem alta de preços e um pouquinho a mais de inflação. Com isto vem o Malocci dar remédio amargo e aumentar mais uma vez a taxa selic, e tome mais dinheiro pra banqueiro. E tem gente achando que temos que ficar calados???? Vão pra baixa da égua.
Tem um grande problema,que não arece ser resolvido:a quest
ao CORREIOS.Com a suspensão de concursos públicos,a prova cancelada ano passado para contratação na ECT,os CORREIOS parecem receber a última estocada da falência.
Carlos Rico
Pior que o Mantega que nunca fingiu ser de esquerda é esse pilantra do Carlos Lupi, "Ministro" do Trabalho e Emprego. Tira onda com os empregos gerados pelo PAC. Mas nada funciona no MTE. Transformou o PDT num partido de boquinhas. Todas as superintendencias do trabalho no Brasil inteiro entupidas de funcionários despreparados e protegidos dele.Que nada fizeram para ajudar na campanha da Dilma. Ele só sabe falar que foi o primeiro a fechar com Dilma.Não tinha candidato, Porra!E quem não lembra como ele xingava o Lula?É um oportunista,cercado de incompetentes com medo de ser engolido. A Dilma devia dar o Ministério para pessoa séria ou para os militantes do PT que trabalharam para valer na sua campanha. Para algum partido que valorize a pessoa humana. O MTE é uma verdadeira enganação.
Pelo menos o Mantega não engana ninguém. Mas o Carlos Lupi até a Dilma consegue enganar.
Já acabou a obrigação com Brizola. O Carlos Lupi já encheu bem o bolso com o dinheiro do FAT, assim como esse paulinho da Força.
Chega.Basta.Brizola está morto. E a Dilma não tem que carregar essas malas nas costas, ou melhor, o povo brasileiro.
Tenhos as mesmas peocupações que tu, companheiro Miro. Mas teu texto aumenta minha percepção. Pertmiti-me reproduzir tua análise em meu blog com uma apreciação à tua pessoa. Abraços, Dom Orvandil www.padreorvandil.blogspot.com
Postar um comentário