Por Wladimir Pomar, no sítio Correio da Cidadania:
No seu pronunciamento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a presidenta Dilma não só reiterou seu apoio às lutas das mulheres como apelou a elas que se transformem em seus olhos, coração e ouvidos, no sentido de melhorar os problemas nas áreas de saúde e das escolas, no controle dos preços nos supermercados, na eficácia na segurança, no atendimento do SUS e na correção do que em geral está mal.
A presidenta foi explícita em seu apelo à mobilização das mulheres para elevarem sua participação nos bairros, nas cidades e em toda a nação. Aproveitando essa deixa, seria conveniente que os partidos de esquerda entrassem firmes nessa linha de mobilização. Diante do quadro em que se encontra o país e o governo, talvez fosse o momento deles ampliarem o apelo da presidente para todas as camadas e setores democráticos e populares.
O Brasil necessita que essas camadas se tornem participantes ativas, nos locais de trabalho e moradia, nas comunidades e municípios, nos estados e na nação, na luta para enfrentar tanto os problemas e desafios citados pela presidente, quanto os problemas relacionados com o domínio do sistema financeiro sobre a economia nacional, com as baixas taxas de investimentos na industrialização do país, com o tratamento burocrático na efetivação da reforma agrária, com as chantagens dos aliados burgueses na coalizão de governo e com a gritaria de setores militares reacionários contra o levantamento da verdade histórica.
Sem uma mobilização efetiva, tanto em torno dos problemas do dia a dia quanto dos grandes problemas nacionais, tarefa que depende fundamentalmente dos partidos de esquerda, o governo Dilma tende a se tornar cada vez mais refém das manobras e das chicanas, tanto da oposição de direita quanto dos próprios aliados de centro e de direita. Aliás, essas manobras e chicanas tornam cada vez mais evidente a estratégia dos setores mais conservadores da burguesia brasileira, que visa paralisar os projetos do governo dirigido pelo PT e, por aí, sangrar um e outro, tanto nas eleições municipais de 2012 quanto nas eleições proporcionais e presidenciais de 2014, encerrando um ciclo que consideram já haver passado dos limites.
As lutas setoriais mais recentes demonstram a existência de uma série de problemas decorrentes, seja do passado neoliberal, seja dos avanços e conquistas dos próprios governos Lula e Dilma. A fraqueza na seguridade alimentar, com uma produção de alimentos dependente de uma agricultura familiar acossada pelo agronegócio e pelos sistemas oligopolizados de comercialização, pode ser um exemplo significativo.
Essa fraqueza é uma das heranças malditas do neoliberalismo de Collor, Itamar e FHC. Mas ela também se viu agravada pela pressão de demanda causada pela melhoria do padrão de vida das camadas populares e trabalhadoras, tornando-se um dos vilões da inflação e um dos principais fatores de estimulação das lutas por aumentos salariais.
As defasagens salariais, em especial no setor público, são outro problema herdado do período neoliberal, mas agravado com a melhoria do padrão de vida das camadas mais pobres. Não são poucos os setores de trabalhadores assalariados médios que se sentem desamparados do processo de melhoria daquele padrão de vida e se mostram dispostos a confrontar as políticas do governo em virtude disso. O mesmo se pode dizer das licenças para os aumentos das tarifas de transportes e de outros serviços públicos, cujas regras criadas no período neoliberal continuam sendo aplicadas, às vezes mais do que religiosamente.
Assim, temos em desenvolvimento uma tendência de crescimento das lutas salariais, dos enfrentamentos contra os aumentos de preços e, em geral, contra uma série de deformações herdadas do período neoliberal, que os governos Lula e Dilma não conseguiram superar. E um dos aspectos que mais impressionam nessas lutas iniciais, decorrentes daquela tendência, é que os partidos de esquerda, que sustentam o governo, pareciam ausentes delas e da disputa por sua direção. O campo parecia aberto para os partidos e grupos de ultra-esquerda. O que, nas condições de polarização ainda presentes na conjuntura nacional, pode ser considerado o mesmo que deixar o campo aberto para a ação da direita.
Em tais condições, torna-se uma ilusão cada vez mais etérea a suposição de que se pode resolver as disputas no campo da economia e da política apenas com as forças parlamentares, sem contar com um apoio social mais firme do que aqueles que aparecem nas pesquisas de popularidade e de aprovação do governo. Os partidos de esquerda, em especial o PT, talvez já estejam atrasados numa inflexão mais firme para a linha de mobilização proposta pela presidente Dilma.
No seu pronunciamento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a presidenta Dilma não só reiterou seu apoio às lutas das mulheres como apelou a elas que se transformem em seus olhos, coração e ouvidos, no sentido de melhorar os problemas nas áreas de saúde e das escolas, no controle dos preços nos supermercados, na eficácia na segurança, no atendimento do SUS e na correção do que em geral está mal.
A presidenta foi explícita em seu apelo à mobilização das mulheres para elevarem sua participação nos bairros, nas cidades e em toda a nação. Aproveitando essa deixa, seria conveniente que os partidos de esquerda entrassem firmes nessa linha de mobilização. Diante do quadro em que se encontra o país e o governo, talvez fosse o momento deles ampliarem o apelo da presidente para todas as camadas e setores democráticos e populares.
O Brasil necessita que essas camadas se tornem participantes ativas, nos locais de trabalho e moradia, nas comunidades e municípios, nos estados e na nação, na luta para enfrentar tanto os problemas e desafios citados pela presidente, quanto os problemas relacionados com o domínio do sistema financeiro sobre a economia nacional, com as baixas taxas de investimentos na industrialização do país, com o tratamento burocrático na efetivação da reforma agrária, com as chantagens dos aliados burgueses na coalizão de governo e com a gritaria de setores militares reacionários contra o levantamento da verdade histórica.
Sem uma mobilização efetiva, tanto em torno dos problemas do dia a dia quanto dos grandes problemas nacionais, tarefa que depende fundamentalmente dos partidos de esquerda, o governo Dilma tende a se tornar cada vez mais refém das manobras e das chicanas, tanto da oposição de direita quanto dos próprios aliados de centro e de direita. Aliás, essas manobras e chicanas tornam cada vez mais evidente a estratégia dos setores mais conservadores da burguesia brasileira, que visa paralisar os projetos do governo dirigido pelo PT e, por aí, sangrar um e outro, tanto nas eleições municipais de 2012 quanto nas eleições proporcionais e presidenciais de 2014, encerrando um ciclo que consideram já haver passado dos limites.
As lutas setoriais mais recentes demonstram a existência de uma série de problemas decorrentes, seja do passado neoliberal, seja dos avanços e conquistas dos próprios governos Lula e Dilma. A fraqueza na seguridade alimentar, com uma produção de alimentos dependente de uma agricultura familiar acossada pelo agronegócio e pelos sistemas oligopolizados de comercialização, pode ser um exemplo significativo.
Essa fraqueza é uma das heranças malditas do neoliberalismo de Collor, Itamar e FHC. Mas ela também se viu agravada pela pressão de demanda causada pela melhoria do padrão de vida das camadas populares e trabalhadoras, tornando-se um dos vilões da inflação e um dos principais fatores de estimulação das lutas por aumentos salariais.
As defasagens salariais, em especial no setor público, são outro problema herdado do período neoliberal, mas agravado com a melhoria do padrão de vida das camadas mais pobres. Não são poucos os setores de trabalhadores assalariados médios que se sentem desamparados do processo de melhoria daquele padrão de vida e se mostram dispostos a confrontar as políticas do governo em virtude disso. O mesmo se pode dizer das licenças para os aumentos das tarifas de transportes e de outros serviços públicos, cujas regras criadas no período neoliberal continuam sendo aplicadas, às vezes mais do que religiosamente.
Assim, temos em desenvolvimento uma tendência de crescimento das lutas salariais, dos enfrentamentos contra os aumentos de preços e, em geral, contra uma série de deformações herdadas do período neoliberal, que os governos Lula e Dilma não conseguiram superar. E um dos aspectos que mais impressionam nessas lutas iniciais, decorrentes daquela tendência, é que os partidos de esquerda, que sustentam o governo, pareciam ausentes delas e da disputa por sua direção. O campo parecia aberto para os partidos e grupos de ultra-esquerda. O que, nas condições de polarização ainda presentes na conjuntura nacional, pode ser considerado o mesmo que deixar o campo aberto para a ação da direita.
Em tais condições, torna-se uma ilusão cada vez mais etérea a suposição de que se pode resolver as disputas no campo da economia e da política apenas com as forças parlamentares, sem contar com um apoio social mais firme do que aqueles que aparecem nas pesquisas de popularidade e de aprovação do governo. Os partidos de esquerda, em especial o PT, talvez já estejam atrasados numa inflexão mais firme para a linha de mobilização proposta pela presidente Dilma.
0 comentários:
Postar um comentário