Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
A tortura e morte do pedreiro Amarildo é uma tragédia que define um limite em nossa política de segurança pública.
Amarildo foi morto nas dependências de uma UPP, a mais avançada iniciativa das autoridades do Rio de Janeiro para defender a população pobre daquele Estado.
Não conheço nenhuma crítica racional às UPPs nem encontrei uma única voz capaz de apresentar objeções consistentes às perspectivas de melhoria que elas oferecem a milhões de brasileiros excluídos pela Historia.
As UPPs não representam uma porta para o Paraíso mas são uma janela realista para a conquista de um padrão mínimo de bem-estar pela maioria da população.
Devem ser aprimoradas.
A tragédia revela, porém, a distância entre aquilo que se fez e o que precisa ser feito.
A descoberta de que, após a morte de Amarildo, entrou em ação uma máquina bem azeitada para apagar pistas capazes de levar aos responsáveis, embaralhar indícios e confundir a investigação demonstra o grau de cumplicidade de uma parcela da hierarquia da Polícia Militar com um crime definido, pela Constituição, como imprescritível e inafiançável.
Cabe, portanto, investigar e apurar todas responsabilidades.
Mas não cabe transformar o esforço de investigação numa campanha política contra as próprias UPPs, como registra Janio de Freitas em sua coluna de hoje:
“A campanha estendeu-se de (Sergio) Cabral para as UPPs, e recaiu sobre o secretário Beltrame. Ou seja, o uso político da tragédia de Amarildo levou seu efeito corrosivo ao trabalho social que decorre do modelo de ação nas favelas, ou "comunidades", já com resultados que mudaram o convívio urbano e suburbano em grande parte do Rio.
Para Janio, “o pobre Amarildo foi um morto comum nas mãos de policiais com vocação criminosa, entre tantos cujos nomes e destinos pouco ou nada importam à opinião pública. O morto Amarildo tornou-se arma política. “
A questão é essa.
A tortura e a execução de cidadãos pelas autoridades policiais constituem crimes frequentes na existência dos brasileiros humildes, tenham ou não antecedentes criminais.
As UPPs representam uma possibilidade de mudança nesta situação, também. Em outros tempos, seria difícil imaginar uma reação tão vigorosa da família de um pedreiro, de seus amigos, e daquilo que se costumava chamar de “sociedade civil” pelo receio de empregar o termo politicamente adequado, que é povo.
A prisão de 25 PMs apanhados em graus diversos de responsabilidade no caso permite pensar que se criou -- com auxílio das próprias UPPs -- uma situação política nova, incompatível com o massacre de cidadãos comuns. É um progresso sem antecedentes e sem comparação.
Não pode servir, portanto, para abrir caminho a um retrocesso.
A tortura e morte do pedreiro Amarildo é uma tragédia que define um limite em nossa política de segurança pública.
Amarildo foi morto nas dependências de uma UPP, a mais avançada iniciativa das autoridades do Rio de Janeiro para defender a população pobre daquele Estado.
Não conheço nenhuma crítica racional às UPPs nem encontrei uma única voz capaz de apresentar objeções consistentes às perspectivas de melhoria que elas oferecem a milhões de brasileiros excluídos pela Historia.
As UPPs não representam uma porta para o Paraíso mas são uma janela realista para a conquista de um padrão mínimo de bem-estar pela maioria da população.
Devem ser aprimoradas.
A tragédia revela, porém, a distância entre aquilo que se fez e o que precisa ser feito.
A descoberta de que, após a morte de Amarildo, entrou em ação uma máquina bem azeitada para apagar pistas capazes de levar aos responsáveis, embaralhar indícios e confundir a investigação demonstra o grau de cumplicidade de uma parcela da hierarquia da Polícia Militar com um crime definido, pela Constituição, como imprescritível e inafiançável.
Cabe, portanto, investigar e apurar todas responsabilidades.
Mas não cabe transformar o esforço de investigação numa campanha política contra as próprias UPPs, como registra Janio de Freitas em sua coluna de hoje:
“A campanha estendeu-se de (Sergio) Cabral para as UPPs, e recaiu sobre o secretário Beltrame. Ou seja, o uso político da tragédia de Amarildo levou seu efeito corrosivo ao trabalho social que decorre do modelo de ação nas favelas, ou "comunidades", já com resultados que mudaram o convívio urbano e suburbano em grande parte do Rio.
Para Janio, “o pobre Amarildo foi um morto comum nas mãos de policiais com vocação criminosa, entre tantos cujos nomes e destinos pouco ou nada importam à opinião pública. O morto Amarildo tornou-se arma política. “
A questão é essa.
A tortura e a execução de cidadãos pelas autoridades policiais constituem crimes frequentes na existência dos brasileiros humildes, tenham ou não antecedentes criminais.
As UPPs representam uma possibilidade de mudança nesta situação, também. Em outros tempos, seria difícil imaginar uma reação tão vigorosa da família de um pedreiro, de seus amigos, e daquilo que se costumava chamar de “sociedade civil” pelo receio de empregar o termo politicamente adequado, que é povo.
A prisão de 25 PMs apanhados em graus diversos de responsabilidade no caso permite pensar que se criou -- com auxílio das próprias UPPs -- uma situação política nova, incompatível com o massacre de cidadãos comuns. É um progresso sem antecedentes e sem comparação.
Não pode servir, portanto, para abrir caminho a um retrocesso.
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