segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Marina vai para o banco de reservas

Por Altamiro Borges

"A candidatura de Eduardo Campos é uma decisão já tomada. Não há problema da pessoa no banco de reservas ser forte. A Marina, ao tomar decisão de vir para o PSB, veio porque disse que queria apoiar a candidatura de Eduardo Campos". A taxativa afirmação é de Fernando Bezerra, em entrevista à Veja desta semana. Ex-ministro do governo Dilma, ele foi indicado pela direção do PSB para coordenar a elaboração do programa do presidenciável Eduardo Campos. O novo homem forte da pré-campanha do governador de Pernambuco colocou a ex-verde no seu devido lugar, apesar dos holofotes da mídia. 

Na semana passada, a partir da surpreendente decisão de Marina Silva de aderir ao PSB, a imprensa difundiu a versão de que ela teria superpoderes na aliança. Em várias entrevistas e reportagens, ela opinou sobre alianças, programa e rumos da campanha. A sua forte exposição midiática gerou atritos e constrangimentos, atrapalhando as costuras pragmáticas já entabuladas pela legenda. Agora, porém, o coordenador de programa de Eduardo Campos tenta botar ordem na casa, o que não deverá agradar os "sonháticos" da Rede que sonhavam - e já se articulavam - para impor a vice como candidata.

Na entrevista à Veja, Fernando Bezerra não foge das polêmicas. Sobre as alianças, ele é peremptório: "Claro que não dá para desprezar. Quanto mais alianças, melhor... Marina inaugura um novo momento e cria quase a figura de um consórcio partidário. Sem perder a integridade dela, ela vai entrar dentro dessa proposta a ser construída agora entre o PSB e a Rede... Até junho de 2014, nas convenções partidárias, se esse acordo programático for mobilizador, é evidente que os partidos que estão estruturados tendem a se aproximar. A partir daí, discutimos onde vai ser possível formar aliança, porque todos precisam de alianças para viabilizar tempo de televisão e candidaturas proporcionais". 

"A Marina terá poder de veto nas alianças?" - indaga a revista. A resposta é incisiva: "Não. A Marina está entrando no PSB trazendo uma série de contribuições. Pegue o Paulo Bornhausen, por exemplo, que é originário mais da direita e que apoia Eduardo Campos. Os que quiserem aderir à candidatura de Eduardo Campos vão ter de aderir ao programa e às ideias. E nossa questão não é em relação ao passado. Queremos tratar de construir o futuro. Queremos olhar o Brasil para frente, e não para trás".

"Como o PSB vê a Marina, que pode ser vice na chapa, sendo mais forte e tendo maior preferência do eleitorado?". Resposta: "Isso está sendo administrado com muita tranquilidade no partido. A candidatura de Eduardo Campos é uma decisão já tomada. Não há problema de a pessoa no banco de reservas ser forte. A Marina, ao tomar decisão de vir para o PSB, veio porque disse que queria apoiar a candidatura de Eduardo Campos... Agora estamos vivendo o momento mais rico dessa pré-campanha com a decisão dela vir para o PSB. Precisamos saber se essa decisão vai ter desdobramentos do ponto de vista eleitoral". 

As respostas de Fernando Bezerra devem acirrar ainda mais os ânimos - que já estão exaltados - neste exótico "consórcio partidário". Neste final de semana, numa reunião que durou dez horas, a direção da Rede decidiu que não vai integrar a executiva do PSB, rejeitando um convite já formalizado.  Segundo matéria do sítio Brasil-247, "a comissão nacional provisória do partido resolveu criar um grupo com cinco membros para fazer o diálogo com o partido com o qual está coligado. A decisão mantem em aberto a possibilidade de Marina ainda se candidatar à Presidência em 2014".

"Nenhum membro da Rede vai participar das instâncias do PSB", garantiu Bazileu Margarido, membro da direção provisória da Rede. Ele também reconheceu que "a decisão de última hora de Marina de se aliar a Eduardo Campos para as eleições de 2014 ainda não está superada na sigla e já causou algumas perdas", segundo relato do sítio. Uma das baixas já contabilizadas é a do deputado federal Domingos Dutra, que deixou o PT para ingressar na Rede, mas que discorda das alianças do PSB no Maranhão.

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2 comentários:

Amadeu disse...

Essa postura que parece tão peremptória, não vai durar muito, porque o pragmático vai vencer o programático. Quem tem mais votos é cabeça de chapa. E ponto. Caso contrário é o naufrágio de uma proposta de construir a terceira via. Ambos, Marina e Eduardo, sinalizaram isso enfaticamente, ao dizerem que são possibilidades. Portanto a ideologia vai perder, mais uma vez. E a Rede vai se esfacelar diante do jogo sujo da política, fornicando descaradamente com os "socialistas"
e abrindo mão da tão propalada pureza, que nem Madre Tereza de Caucutá conseguiu alcançar um dia.

Anônimo disse...

É bom lembrar Estanilau que jogou na Ponte Preta , aquele que cantava uma valsinha em total contradição com a realidade.
“Síndrome de Pôncio Pilatos, terra tenente do Imperador, quem condenou a morte o socialista e colocou a responsabilidade por seu ato ao controle social, lavou as mãos, e há mais de 2000 anos todos os domingos os fiéis vão a igreja reafirmar, sem mágoas, que não o esqueceram”.