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Com a localização neste final de semana de mais 20 corpos, subiu para 359 o número de imigrantes africanos mortos em 3 de outubro num naufrágio perto da ilha de Lampedusa, na Itália. Já na sexta-feira (11), outros dois graves acidentes com embarcações frágeis foram registrados. No sul de Malta, um barco com cerca de 250 imigrantes afundou, causando a morte de 39 pessoas. Já na costa do Egito, a desesperada tentativa de travessia até a Europa matou ao menos 12 imigrantes.
Os desastres ocorrem exatamente no momento em que o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) alerta para o aumento do número de imigrantes que tentam fugir da pobreza e da instabilidade política no norte da África e no Oriente Médio. Segundo a agência, 30.100 imigrantes chegaram à Itália e a Malta até 30 de setembro deste ano, contra metade da cifra em 2012 inteiro. A Acnur diz que sem uma resposta coletiva da Europa novas tragédias são inevitáveis.
No caso do naufrágio em Lampedusa, a embarcação de madeira, com 20 metros de comprimento, levava quase 500 imigrantes – em sua maioria da Eritreia, Somália e Gana. Quando já se aproximava da ilha, o motor parou de funcionar e os imigrantes – incluindo crianças e mulheres grávidas – ficaram à deriva por várias horas. Para chamar a atenção de outros barcos, eles incendiaram um cobertor. O fogo se alastrou pelo barco, gerando pânico entre os passageiros, que se aglomeraram no canto oposto ao incêndio. Com a movimentação, o barco virou e afundou. Seus destroços foram encontrados a cerca de 550 metros da costa de Lampedusa e a 40 metros de profundidade.
“O barco estava em chamas e muitos de nós já tinham pulado na água em meio aos gritos quando ele virou de cabeça para baixo", disse um sobrevivente ao jornal italiano "La Repubblica". Segundo ele, “não havia espaço para se mexer” na embarcação. Desesperado, o diretor dos serviços de saúde de Lampedusa, Pietro Bartolo, pedia; “Nós precisamos de caixões, não de ambulâncias”. Estas tragédias revelam o caos produzido pelo sistema capitalista, que afunda na miséria as nações africanas e impõe medidas restritivas à imigração. O próprio papa Francisco, que esteve em Lampedusa em julho passado para denunciar a tragédia das imigrações, afirmou que “o enésimo trágico naufrágio é uma vergonha”.
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