domingo, 6 de outubro de 2013

842 milhões de pessoas passam fome

Por Altamiro Borges

Um em cada oito habitantes do mundo sofreu de fome crônica entre 2011 e 2013, com dificuldades de acesso a alimentos suficientes para levar uma vida digna e saudável. Em todo o planeta, 842 milhões de pessoas passaram fome neste período. Estes dados deprimentes fazem parte do relatório anual "O Estado da Insegurança Alimentícia no Mundo (SOFI)", publicado na semana passada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA). Eles evidenciam que o capitalismo - sistema econômico hegemônico na atualidade - não serve à humanidade.

O resultado da pesquisa só não foi pior graças ao desempenho dos chamados países emergentes, que aplicam políticas públicas mais ousadas de combate à miséria e evitam seguir o receituário neoliberal imposto pelos organismos do capital financeiro. Entre 2010 e 2012, o número de famintos no mundo foi de 868 milhões. "O constante crescimento econômico nos países em desenvolvimento melhorou a renda e o acesso aos alimentos", afirma o relatório da FAO. 

Apesar dos tímidos progressos, o relatório alerta que há diferenças marcantes na redução da fome. A África Subsaariana continua a ser a região com a maior prevalência de subnutrição, com uma em cada quatro pessoas passando fome (o equivalente a 24,8% da população). Já a Ásia Ocidental não registou progressos, enquanto o Sul da Ásia e o Norte da África apresentaram progressos lentos. Segundo a organização, na América Latina, na Ásia Oriental e no Sudeste Asiático foram registradas as reduções mais importantes no número de pessoas que passam fome. Desde 1990-92, o número total de pessoas subalimentadas nos países em desenvolvimento caiu 17%, passando de 995,5 a 826,6 milhões. 

O relatório da FAO alerta que, diante do atual ritmo de redução, é improvável que se cumpra a meta fixada em 1996 pela Cúpula Mundial sobre a Alimentação (CMA) de reduzir pela metade, em 498 milhões de pessoas, a quantidade de famintos no mundo até 2015. O documento ressalta ainda que o crescimento econômico é o fator decisivo para o combate à fome, mas que é necessário a adoção de políticas públicas para enfrentar esta grave mazela social. "Nos países pobres, a redução da fome e da pobreza só será alcançada com um crescimento que não seja somente sustentado, mas também seja amplamente partilhado", afirma o relatório.

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