Quer dizer, então, que o baronato que controla a mídia no Brasil se converteu subitamente em paladino da defesa dos direitos dos presidiários brasileiros, que penam nas sucursais do inferno que são as nossas penitenciárias. É o que se deduz da obsessão como os jornalões, emissoras de rádio e TV e revistas ligados ao PIG vêm tratando a crise da segurança pública no Maranhão, alçada à condição de principal tema jornalístico neste tórrido verão dos trópicos.
Não que a questão seja de menor gravidade. Não que o crime organizado não represente uma ameaça à sociedade maranhense. Não que as cenas de decapitações de presos e incêndios de ônibus com vítimas fatais não mereçam o mais forte repúdio das pessoas de bem e ações enérgicas integradas dos três poderes. Mas desde quando a vida desgraçada dos que cumprem pena de privação de liberdade no Brasil merece tanta atenção por parte do monopólio midiático brasileiro, a ponto de todos os veículos deslocarem para São Luís repórteres para cobrir exclusivamente a crise, com prioridade absoluta no tempo e no espaço das emissoras e jornais ?
Qualquer ser pensante não tem dúvidas quanto à responsabilidade do clã dos Sarney para que o estado ostente um dos piores índices de desenvolvimento humano do país, embora tenha melhorado um pouco na última década. O que pretendo denunciar aqui é a seletividade política da imprensa também no quesito violência. Pergunto: é só no Maranhão que o crime organizado dá as cartas nos presídios ? Por que nas tantas vezes em que o PCC aterrorizou São Paulo, por exemplo, os governos tucanos não foram duramente cobrados e responsabilizados como vem sendo Roseana Sarney ?
Ora, até um tonto capaz de deixar extraviar uma tartaruga sob sua guarda sabe que os canhões midiáticos só disparam com tanta intensidade contra o Maranhão com um único objetivo : atingir o governo federal devido à sua aliança, em nome da governabilidade, com a família Sarney.
Longe de mim defender a obra dos Sarney no Maranhão. Eles fazem por merecer grande parte das acusações de corrupção, patrimonialismo, fisiologismo, compadrio e insensibilidade social na condução da coisa pública. No entanto, reparem sutilezas importantes nas coberturas do PIG sobre violência. Se for em São Paulo, no Rio (onde os governantes, embora aliados do governo federal, têm ótimas relações com a mídia) ou em Minas, o foco principal é a selvageria e o sadismo dos bandidos, o poder de fogo das facções, como elas se organizam dentro e fora dos presídios, etc.
Mas quando, como no caso do Maranhão, o PIG vislumbra a oportunidade de desgastar o governo federal, só se fala na incompetência da área de segurança pública do estado, no baixo investimento público, na corrupção do aparelho policial e na omissão do governo federal. São dois pesos e duas medidas na veia. Afinal, na terra do queridinho Alckmin, os PCCs da vida fazem infinitamente mais estragos no sistema carcerário do que em qualquer outro estado da federação.
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