Por Thalita Pires, na Rede Brasil Atual:
O nível do Sistema da Cantareira, a maior fonte de abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo, atingiu hoje (29) mais um recorde negativo: está operando com apenas 11% da sua capacidade.
Desde fevereiro o sistema vem apresentando sucessivas quedas em seu nível. Medidas para a diminuição do consumo, no entanto, demoraram para aparecer. Por cálculo eleitoral, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) descartou a possibilidade de aplicar o rodízio de água – pelo menos com esse nome – quando o nível da água ainda estava próximo dos 20%.
Com o prolongamento da estiagem, o governo anunciou neste mês algumas medidas de incentivo à economia, enquanto prefeituras da região que não diminuíram o consumo foram punidas. É importante lembrar que, após as grandes chuvas do verão 2009/10, o sistema chegou a 100% de sua capacidade até dois anos atrás, de acordo com informações do próprio governo estadual.
Apesar de a crise ter estourado em fevereiro, a queda do volume do Sistema Cantareira é constante desde maio do ano passado. Por que medidas de precaução não foram tomadas com antecedência é uma pergunta que permanece sem resposta. O Ministério Público de São Paulo está investigando o caso.
O caos da água está longe de ser o único problema grave nos assuntos de responsabilidade do governo estadual. Há quase três meses, o Metrô de São Paulo passou por uma de seus dias mais críticos. Uma cascata de falhas e incidentes paralisaram a circulação das composições da Linha 3 – Vermelha no horário de pico da tarde. Além dos problemas na linha mais lotada da cidade e no pior horário possível, houve também uma falha da Linha 4 – Amarela, a mais nova da rede.
Naquele dia 4 de fevereiro e nos subsequentes, a linha de resposta aos problemas da Companhia do Metrô e do governo do estado foi a de acusar a existência de um complô contra o sistema de trens e de chamar os usuários de vândalos. A Polícia Civil afirmou, no dia 15, ter aberto investigação contra seis pessoas por vandalismo, mas até agora nenhuma conclusão foi divulgada.
O que o usuário do Metrô sabe é que as falhas continuam acontecendo. Ainda em fevereiro pelo menos mais dois problemas aconteceram. No dia 26, uma composição da Linha 3 circulou por alguns minutos com as portas abertas. No dia anterior, trens da Linha 4 pararam na via a poucos metros de distância um do outro. Usuários publicaram fotos nas redes sociais onde era possível ver a proximidade indevida entre os trens.
A vida dos passageiros do Metrô continua em risco e esse fato continua sendo subapreciado pela população. Os defeitos são noticiados, mas não há esforço no noticiário para entender os problemas que vêm acontecendo de uma maneira ampla. E nem entro aqui nas suspeitas de corrupção na contratação de obras e compra de trens.
Da mesma forma, a grave crise de abastecimento de água na Grande São Paulo continua sendo encarada como um evento “natural”, que será revertido assim que as chuvas voltarem ao normal, se é que ainda se pode falar em normalidade do clima no mundo.
O governador Geraldo Alckmin, apesar de todas as evidências de má gestão, continua respondendo às críticas da mesma maneira: ou “todas as falhas serão investigadas” ou tudo se resume a “questões técnicas”. Ora, como não seriam? É evidente que há problemas técnicos a serem solucionados nos dois casos.
Esse tipo de resposta tenta tirar de suas costas a responsabilidade política tanto por um sistema que era o orgulho da cidade, mas que vem apresentando o maior número de falhas de sua história, quanto dos problemas de gestão da questão da água no estado. Se os problemas são técnicos, a decisão de como enfrentá-los é política. E é nesse campo que o discurso tecnicista vem vencendo. Ao tentar jogar para os técnicos a responsabilidade pela solução dos problemas, Alckmin se vende como administrador sério, que não se mete em questões ideológicas e permite que entendidos resolvam os problemas, sem espaço para questionamentos.
O governador sabe o que faz quando adota tal estratégia. Esse discurso tem grande apelo em São Paulo, estado que já o elegeu três vezes. Se deu certo antes, por que não daria certo de novo? Entretanto, é preciso desconstruir a ideia de que não há ideologia por trás dessa estratégia. Há, e muito clara: a do estado mínimo.
O nível do Sistema da Cantareira, a maior fonte de abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo, atingiu hoje (29) mais um recorde negativo: está operando com apenas 11% da sua capacidade.
Desde fevereiro o sistema vem apresentando sucessivas quedas em seu nível. Medidas para a diminuição do consumo, no entanto, demoraram para aparecer. Por cálculo eleitoral, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) descartou a possibilidade de aplicar o rodízio de água – pelo menos com esse nome – quando o nível da água ainda estava próximo dos 20%.
Com o prolongamento da estiagem, o governo anunciou neste mês algumas medidas de incentivo à economia, enquanto prefeituras da região que não diminuíram o consumo foram punidas. É importante lembrar que, após as grandes chuvas do verão 2009/10, o sistema chegou a 100% de sua capacidade até dois anos atrás, de acordo com informações do próprio governo estadual.
Apesar de a crise ter estourado em fevereiro, a queda do volume do Sistema Cantareira é constante desde maio do ano passado. Por que medidas de precaução não foram tomadas com antecedência é uma pergunta que permanece sem resposta. O Ministério Público de São Paulo está investigando o caso.
O caos da água está longe de ser o único problema grave nos assuntos de responsabilidade do governo estadual. Há quase três meses, o Metrô de São Paulo passou por uma de seus dias mais críticos. Uma cascata de falhas e incidentes paralisaram a circulação das composições da Linha 3 – Vermelha no horário de pico da tarde. Além dos problemas na linha mais lotada da cidade e no pior horário possível, houve também uma falha da Linha 4 – Amarela, a mais nova da rede.
Naquele dia 4 de fevereiro e nos subsequentes, a linha de resposta aos problemas da Companhia do Metrô e do governo do estado foi a de acusar a existência de um complô contra o sistema de trens e de chamar os usuários de vândalos. A Polícia Civil afirmou, no dia 15, ter aberto investigação contra seis pessoas por vandalismo, mas até agora nenhuma conclusão foi divulgada.
O que o usuário do Metrô sabe é que as falhas continuam acontecendo. Ainda em fevereiro pelo menos mais dois problemas aconteceram. No dia 26, uma composição da Linha 3 circulou por alguns minutos com as portas abertas. No dia anterior, trens da Linha 4 pararam na via a poucos metros de distância um do outro. Usuários publicaram fotos nas redes sociais onde era possível ver a proximidade indevida entre os trens.
A vida dos passageiros do Metrô continua em risco e esse fato continua sendo subapreciado pela população. Os defeitos são noticiados, mas não há esforço no noticiário para entender os problemas que vêm acontecendo de uma maneira ampla. E nem entro aqui nas suspeitas de corrupção na contratação de obras e compra de trens.
Da mesma forma, a grave crise de abastecimento de água na Grande São Paulo continua sendo encarada como um evento “natural”, que será revertido assim que as chuvas voltarem ao normal, se é que ainda se pode falar em normalidade do clima no mundo.
O governador Geraldo Alckmin, apesar de todas as evidências de má gestão, continua respondendo às críticas da mesma maneira: ou “todas as falhas serão investigadas” ou tudo se resume a “questões técnicas”. Ora, como não seriam? É evidente que há problemas técnicos a serem solucionados nos dois casos.
Esse tipo de resposta tenta tirar de suas costas a responsabilidade política tanto por um sistema que era o orgulho da cidade, mas que vem apresentando o maior número de falhas de sua história, quanto dos problemas de gestão da questão da água no estado. Se os problemas são técnicos, a decisão de como enfrentá-los é política. E é nesse campo que o discurso tecnicista vem vencendo. Ao tentar jogar para os técnicos a responsabilidade pela solução dos problemas, Alckmin se vende como administrador sério, que não se mete em questões ideológicas e permite que entendidos resolvam os problemas, sem espaço para questionamentos.
O governador sabe o que faz quando adota tal estratégia. Esse discurso tem grande apelo em São Paulo, estado que já o elegeu três vezes. Se deu certo antes, por que não daria certo de novo? Entretanto, é preciso desconstruir a ideia de que não há ideologia por trás dessa estratégia. Há, e muito clara: a do estado mínimo.
2 comentários:
O neoliberalismo exige Estado mínimo, partido mínimo, governador mínimo e mídia mínima, para tudo isso a Direita e o PiG se prestam perfeitamente, pois o que importa é bem estar MÁXIMO das elites e do empresariado.
E a Dilma reina com o apagão da infra-estrutura e a volta da inflação.
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