Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Alguns amigos têm me criticado pelo que interpretam ser um “pessimismo” de minha parte ao descrever o que se passa com o governo Dilma.
Bem, confesso que otimismo não é, mas estou a anos-luz de achar que é inevitável sua derrubada formal e a consumação de um golpe no Brasil.
São boas e válidas todas as razões do artigo de Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo, com o título “Não vai haver golpe, e aqui estão as razões“.
De fato, todas as condições ausentes, as quais ele lista didaticamente, são uma barreira quase intransponível a uma versão “convencional” de golpe, a militar. Um pouco menos a de um golpe civil-judicial-parlamentar, mas ainda assim relevantes.
Mas é preciso entender que a ideia de golpe – tirar do poder alguém eleito para exercê-lo – é bem mais ampla que a da derrubada do cargo.
É a de impedir, pelo uso de mecanismos espúrios, muito além da oposição congressual, que este governo exerça o poder que a população lhe confiou pelo voto.
A direita precisa pouco do governo, para ela é mais importante que ele exista apenas para a “manutenção da ordem ” e da segurança nas transações financeiras. E, nos países não hegemônicos, que faça fluir para os bolsos privados, por estes mecanismos, os frutos da riqueza coletiva, os da natureza e do trabalho humano.
De alguma forma, o Governo Dilma, por conta destas pressões golpistas, tem sofrido desta paralisia e desorientação.
Que o compromete e compromete a continuidade do projeto popular e nacional que tem em Lula sua maior referência
À medida em que se vai convencendo – com a ajuda da anomia social que se implanta com sua ausência política – de que “o governo acabou”, mais ele se acaba mesmo, porque cessam suas condições de interferir sobre a realidade.
Na política, quando há vazio, reina o imponderável.
A um dos leitores que se impressionou com um suposto pessimismo – impossível para quem teima há décadas em sonhar e fazer da vida ferramenta da utopia – disse que é assim que se faz quando alguém que nos é querido está em dificuldades.
O que lhe dizemos?
-Reaja!
Claro que com equilíbrio, serenidade, dentro da lei – que é, afinal, escudo da democracia – mas demarcando posições, emitindo sinais, tomando atitudes que revelem e ratifiquem seus compromissos, origens e propósitos.
Nada diferente do que se faz quando se precisa conquistar ou renovar a confiança do povo brasileiro, porque isso é um exercício diário para quem tem um projeto que mudou e quer mudar mais o país.
Quem diz que o governo acabou são eles, a direita.
Nós dizemos que o Governo tem de começar e recomeçar.
Alguns amigos têm me criticado pelo que interpretam ser um “pessimismo” de minha parte ao descrever o que se passa com o governo Dilma.
Bem, confesso que otimismo não é, mas estou a anos-luz de achar que é inevitável sua derrubada formal e a consumação de um golpe no Brasil.
São boas e válidas todas as razões do artigo de Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo, com o título “Não vai haver golpe, e aqui estão as razões“.
De fato, todas as condições ausentes, as quais ele lista didaticamente, são uma barreira quase intransponível a uma versão “convencional” de golpe, a militar. Um pouco menos a de um golpe civil-judicial-parlamentar, mas ainda assim relevantes.
Mas é preciso entender que a ideia de golpe – tirar do poder alguém eleito para exercê-lo – é bem mais ampla que a da derrubada do cargo.
É a de impedir, pelo uso de mecanismos espúrios, muito além da oposição congressual, que este governo exerça o poder que a população lhe confiou pelo voto.
A direita precisa pouco do governo, para ela é mais importante que ele exista apenas para a “manutenção da ordem ” e da segurança nas transações financeiras. E, nos países não hegemônicos, que faça fluir para os bolsos privados, por estes mecanismos, os frutos da riqueza coletiva, os da natureza e do trabalho humano.
De alguma forma, o Governo Dilma, por conta destas pressões golpistas, tem sofrido desta paralisia e desorientação.
Que o compromete e compromete a continuidade do projeto popular e nacional que tem em Lula sua maior referência
À medida em que se vai convencendo – com a ajuda da anomia social que se implanta com sua ausência política – de que “o governo acabou”, mais ele se acaba mesmo, porque cessam suas condições de interferir sobre a realidade.
Na política, quando há vazio, reina o imponderável.
A um dos leitores que se impressionou com um suposto pessimismo – impossível para quem teima há décadas em sonhar e fazer da vida ferramenta da utopia – disse que é assim que se faz quando alguém que nos é querido está em dificuldades.
O que lhe dizemos?
-Reaja!
Claro que com equilíbrio, serenidade, dentro da lei – que é, afinal, escudo da democracia – mas demarcando posições, emitindo sinais, tomando atitudes que revelem e ratifiquem seus compromissos, origens e propósitos.
Nada diferente do que se faz quando se precisa conquistar ou renovar a confiança do povo brasileiro, porque isso é um exercício diário para quem tem um projeto que mudou e quer mudar mais o país.
Quem diz que o governo acabou são eles, a direita.
Nós dizemos que o Governo tem de começar e recomeçar.
1 comentários:
Golpe se previne
Se alguém está mesmo preocupado com certa onda golpista que avança no país, chegou o momento de agir.
Criando sites e publicações de análises e denúncias. Promovendo seminários com personalidades jurídicas e acadêmicas. Mobilizando setores da sociedade organizada, com debates em sindicatos, movimentos sociais, agremiações estudantis. Disseminando grupos de estudo nas universidades. Formando redes de militância junto a professores, artistas e intelectuais.
A história de que o povo sairá às ruas em caso de necessidade funciona como narrativa revolucionária, mas na vida real não vale um tiro de festim. O país amanheceria quieto e aliviado, como em abril de 1964. Mesmo na remota hipótese de alguma resistência pontual, ela seria esmagada cruelmente, com respaldo nessa aura de legitimidade que emana dos poderes instituídos.
Havendo um golpe, as estruturas burocráticas e repressivas do Estado imediatamente passariam a defender o grupo vitorioso. Do desembargador ao guarda municipal, todos os agentes públicos estariam a serviço da “autoridade em exercício”. E a mídia tradicional sufocaria a capacidade mobilizadora da blogosfera progressista.
Aqueles que confiam na sublevação popular se aferram à imagem de blindados nas ruas e generais de espada em riste. Essa fantasia mostra como os profetas da ameaça estão despreparados para enfrentar a única verdadeira possibilidade golpista: tropas de choque da PM portando mandados judiciais, ministros do STF prendendo lideranças políticas, Ministério Público, Polícia Federal e magistrados caçando adversários ideológicos.
A falta de medidas coordenadas para impedir uma “virada de mesa” antidemocrática sugere que o risco não é levado realmente a sério. Neste caso, talvez fosse mais produtivo aceitar a permanência inevitável do golpismo e discutir maneiras de lidar com esse desvio. Pois quando o espírito antidemocrático se materializar em conquistas efetivas nas estruturas do poder, será tarde demais para discursos libertários.
Publicado em dezembro passado no blog http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com/
Postar um comentário