Por Tatiana Carlotti, no site Carta Maior:
Em Assembleia Geral, na última sexta-feira (18.01), representantes do Fórum 21 debateram e aprovaram o estatuto da organização não governamental (ONG) “Fórum 21: ideias para o avanço social”. A entidade é a consolidação da frente Fórum 21 que, desde o ano passado, vem articulando uma série de encontros, manifestos e ações em defesa da democracia e contra a perda dos direitos sociais ameaçados pelo avanço da direita e do ajuste fiscal do governo.
Composto por intelectuais, professores universitários, jornalistas progressistas, lideranças sociais, sindicalistas e militantes políticos, de várias partes do Brasil, o Fórum 21 se constitui em um “espaço de convergência e debates em rede, horizontal, empenhado na conformação de sínteses programáticas que contribuam para a renovação do pensamento de esquerda no Brasil”, como afirma em sua Carta de Princípios.
Na sexta-feira passada, na sede da Carta Maior, em São Paulo, após uma rodada de discussão sobre a conjuntura econômica e política do país, foi aprovado o estatuto da nova entidade e eleita a sua diretoria. Por unanimidade, o cientista social Anivaldo Padilha foi eleito o presidente do Fórum 21.
“Vivemos um momento de absoluta necessidade de se aprofundar a reflexão sobre diversos problemas e desafios da sociedade brasileira, principalmente, em relação à preservação e ao avanço das conquistas democráticas no Brasil. O Fórum 21 vem preencher um pouco essa lacuna, contribuindo para que possamos avançar no discernimento dos grandes desafios que enfrentamos hoje; para que possamos incentivar e encorajar a luta pelo aprofundamento do processo democrático brasileiro”, afirmou Anivaldo Padilha.
“A quem serve o Banco Central? ”
A crise econômica foi um dos temas debatidos durante o encontro que contou com a presença dos professores Eduardo Fagnani (Plataforma Política Social), Pedro Paulo Zahluth Bastos (Economia-Unicamp), Ladislau Dowbor (PUC-SP) e outros economistas, membros do Fórum 21. Frente ao aumento da taxa de juros Selic, programado para esta semana, pelo Copom, o Fórum 21 discutiu os termos da nota “A quem serve o Banco Central?”, em repúdio à elevação da taxa de juros no país. A nota foi divulgada nesta segunda-feira (leia aqui).
A importância da estruturação do Fórum foi destacada por Dowbor. “O Fórum 21 vem atender à necessidade de uma melhor articulação para os que querem retomar rumos mais democráticos do desenvolvimento econômico e social frente a ofensiva da direita. A direita que reúne os grandes grupos econômicos, as grandes potências financeiras, as articulações das embaixadas que se articulam muito mais rapidamente e com gigantescos recursos”, avaliou.
Em contrapartida, explicou o economista, “os movimentos populares, os sindicatos, o conjunto das forças progressistas, sobretudo, em um país imenso como este têm muito mais dificuldade de se articular e conformar a sua indignação em força política organizada. Então, toda a estruturação do Fórum 21, quanto sua vinculação com uma movimentação mais ampla que está se formando, é vital para preservar a democracia e retomar as recentes conquistas do país”.
Desmonte da Petrobras
Outro tema debatido durante o encontro do Fórum 21 foi o desmonte da Petrobras e os caminhos da Operação Lava Jato. O líder sindical Francisco Soriano, do Sindpetro-RJ, um dos representantes da frente no Rio de Janeiro, citou o desmonte artificial do Governo Dilma, apontando os desmandos da Lava Jato e suas consequências no agravamento da crise econômica.
“É bem verdade que estamos enfrentando um problema de desemprego, mas a crise intensiva de mão de obra está na construção civil. As grandes empresas nacionais estão na Lava Jato e não têm mais o poder de competir e de fazer propostas. Fica muito claro a que veio a Lava Jato”, afirmou.
Soriano chamou a atenção para o fato de não haver nenhum tesoureiro preso, entre os 40 partidos brasileiros, além do tesoureiro do PT. “Isso é seletivo. O Manifesto dos Juristas denunciou os desmandos cometidos [pela Lava Jato] e se posicionou contra o impeachment. Há claramente uma intenção de remover a presidente”, ponderou o líder sindical.
Em sua visão, não se trata de defender a presidenta, mas as instituições democráticas do país: “de que adianta ter petróleo e ser uma Arábia Saudita? Ter um faraó e o restante do país ser escravo? Eu vi aqui uma reunião de sábios e patriotas dispostos a fazer alguma coisa. Nessas horas tem que fazer. Como dizia o Carlos Marighella: ´A ação faz a vanguarda’.”
“Temos que reagir e vamos reagir”
A necessidade de agir também foi destacada pela professora e socióloga Maria Victória Benevides, membro do Fórum 21, que afirmou estar “contentíssima” com a consolidação da ONG. “É isso o que nós precisamos, reunir forças, fazer diagnósticos da realidade e agir. Esse grupo que reúne intelectuais, militantes, trabalhadores de várias partes do país tem condições de desenvolver um trabalho que enfrente esses problemas cruciais. ”
Segundo Maria Victoria, “o maior problema do país é, e sempre foi, a desigualdade social. Em épocas de crise, com propostas pavorosas de ajuste fiscal que levam ao desemprego, que levam à retomada de surtos de pobreza e de miséria só fará aprofundar essa desigualdade. Temos que reagir e vamos reagir. ”
Já o ativista social José Luís Del Roio destacou a estreita ligação entre o Fórum e os movimentos sociais: “o Fórum reúne um grupo de ativistas e intelectuais que podem ter um papel muito importante nessa fase histórica, porque raramente o intelectual tem a sorte que tem no Brasil, nesse momento: a de estar ligado aos movimentos sociais e às grandes e amplas massas. ”
Partido da Mídia Brasileira
Outra pauta das discussões dos Fórum 21, na última sexta-feira, foi a conjuntura internacional e, sobretudo, as mobilizações na Argentina em defesa da Lei de Medios. Altamiro Borges, do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé; e o jornalista Laurindo Lalo Leal Filho destacaram em suas falas a politização dos meios de comunicação no Brasil.
Segundo Lalo Leal, “cada vez mais, a sociedade brasileira necessita se organizar diante da poderosa organização que já existe há muito tempo e que é coordenada pela grande mídia nacional, contra os interesses nacionais e os interesses da maioria da população”.
Nesse sentido, o jornalista aponta que “um órgão como o Fórum 21, com a estrutura que está se criando aqui, tem que ser muito imbricado pelo Brasil, porque é a única condição, o único caminho que temos para enfrentar esse partido monstruoso: o Partido da Mídia Brasileira que é contra os interesses nacionais”.
Em Assembleia Geral, na última sexta-feira (18.01), representantes do Fórum 21 debateram e aprovaram o estatuto da organização não governamental (ONG) “Fórum 21: ideias para o avanço social”. A entidade é a consolidação da frente Fórum 21 que, desde o ano passado, vem articulando uma série de encontros, manifestos e ações em defesa da democracia e contra a perda dos direitos sociais ameaçados pelo avanço da direita e do ajuste fiscal do governo.
Composto por intelectuais, professores universitários, jornalistas progressistas, lideranças sociais, sindicalistas e militantes políticos, de várias partes do Brasil, o Fórum 21 se constitui em um “espaço de convergência e debates em rede, horizontal, empenhado na conformação de sínteses programáticas que contribuam para a renovação do pensamento de esquerda no Brasil”, como afirma em sua Carta de Princípios.
Na sexta-feira passada, na sede da Carta Maior, em São Paulo, após uma rodada de discussão sobre a conjuntura econômica e política do país, foi aprovado o estatuto da nova entidade e eleita a sua diretoria. Por unanimidade, o cientista social Anivaldo Padilha foi eleito o presidente do Fórum 21.
“Vivemos um momento de absoluta necessidade de se aprofundar a reflexão sobre diversos problemas e desafios da sociedade brasileira, principalmente, em relação à preservação e ao avanço das conquistas democráticas no Brasil. O Fórum 21 vem preencher um pouco essa lacuna, contribuindo para que possamos avançar no discernimento dos grandes desafios que enfrentamos hoje; para que possamos incentivar e encorajar a luta pelo aprofundamento do processo democrático brasileiro”, afirmou Anivaldo Padilha.
“A quem serve o Banco Central? ”
A crise econômica foi um dos temas debatidos durante o encontro que contou com a presença dos professores Eduardo Fagnani (Plataforma Política Social), Pedro Paulo Zahluth Bastos (Economia-Unicamp), Ladislau Dowbor (PUC-SP) e outros economistas, membros do Fórum 21. Frente ao aumento da taxa de juros Selic, programado para esta semana, pelo Copom, o Fórum 21 discutiu os termos da nota “A quem serve o Banco Central?”, em repúdio à elevação da taxa de juros no país. A nota foi divulgada nesta segunda-feira (leia aqui).
A importância da estruturação do Fórum foi destacada por Dowbor. “O Fórum 21 vem atender à necessidade de uma melhor articulação para os que querem retomar rumos mais democráticos do desenvolvimento econômico e social frente a ofensiva da direita. A direita que reúne os grandes grupos econômicos, as grandes potências financeiras, as articulações das embaixadas que se articulam muito mais rapidamente e com gigantescos recursos”, avaliou.
Em contrapartida, explicou o economista, “os movimentos populares, os sindicatos, o conjunto das forças progressistas, sobretudo, em um país imenso como este têm muito mais dificuldade de se articular e conformar a sua indignação em força política organizada. Então, toda a estruturação do Fórum 21, quanto sua vinculação com uma movimentação mais ampla que está se formando, é vital para preservar a democracia e retomar as recentes conquistas do país”.
Desmonte da Petrobras
Outro tema debatido durante o encontro do Fórum 21 foi o desmonte da Petrobras e os caminhos da Operação Lava Jato. O líder sindical Francisco Soriano, do Sindpetro-RJ, um dos representantes da frente no Rio de Janeiro, citou o desmonte artificial do Governo Dilma, apontando os desmandos da Lava Jato e suas consequências no agravamento da crise econômica.
“É bem verdade que estamos enfrentando um problema de desemprego, mas a crise intensiva de mão de obra está na construção civil. As grandes empresas nacionais estão na Lava Jato e não têm mais o poder de competir e de fazer propostas. Fica muito claro a que veio a Lava Jato”, afirmou.
Soriano chamou a atenção para o fato de não haver nenhum tesoureiro preso, entre os 40 partidos brasileiros, além do tesoureiro do PT. “Isso é seletivo. O Manifesto dos Juristas denunciou os desmandos cometidos [pela Lava Jato] e se posicionou contra o impeachment. Há claramente uma intenção de remover a presidente”, ponderou o líder sindical.
Em sua visão, não se trata de defender a presidenta, mas as instituições democráticas do país: “de que adianta ter petróleo e ser uma Arábia Saudita? Ter um faraó e o restante do país ser escravo? Eu vi aqui uma reunião de sábios e patriotas dispostos a fazer alguma coisa. Nessas horas tem que fazer. Como dizia o Carlos Marighella: ´A ação faz a vanguarda’.”
“Temos que reagir e vamos reagir”
A necessidade de agir também foi destacada pela professora e socióloga Maria Victória Benevides, membro do Fórum 21, que afirmou estar “contentíssima” com a consolidação da ONG. “É isso o que nós precisamos, reunir forças, fazer diagnósticos da realidade e agir. Esse grupo que reúne intelectuais, militantes, trabalhadores de várias partes do país tem condições de desenvolver um trabalho que enfrente esses problemas cruciais. ”
Segundo Maria Victoria, “o maior problema do país é, e sempre foi, a desigualdade social. Em épocas de crise, com propostas pavorosas de ajuste fiscal que levam ao desemprego, que levam à retomada de surtos de pobreza e de miséria só fará aprofundar essa desigualdade. Temos que reagir e vamos reagir. ”
Já o ativista social José Luís Del Roio destacou a estreita ligação entre o Fórum e os movimentos sociais: “o Fórum reúne um grupo de ativistas e intelectuais que podem ter um papel muito importante nessa fase histórica, porque raramente o intelectual tem a sorte que tem no Brasil, nesse momento: a de estar ligado aos movimentos sociais e às grandes e amplas massas. ”
Partido da Mídia Brasileira
Outra pauta das discussões dos Fórum 21, na última sexta-feira, foi a conjuntura internacional e, sobretudo, as mobilizações na Argentina em defesa da Lei de Medios. Altamiro Borges, do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé; e o jornalista Laurindo Lalo Leal Filho destacaram em suas falas a politização dos meios de comunicação no Brasil.
Segundo Lalo Leal, “cada vez mais, a sociedade brasileira necessita se organizar diante da poderosa organização que já existe há muito tempo e que é coordenada pela grande mídia nacional, contra os interesses nacionais e os interesses da maioria da população”.
Nesse sentido, o jornalista aponta que “um órgão como o Fórum 21, com a estrutura que está se criando aqui, tem que ser muito imbricado pelo Brasil, porque é a única condição, o único caminho que temos para enfrentar esse partido monstruoso: o Partido da Mídia Brasileira que é contra os interesses nacionais”.
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