Da revista CartaCapital:
A impressionante manifestação realizada no domingo 13, que reuniu 500 mil pessoas em São Paulo segundo o Datafolha e centenas de milhares em outras cidades, de acordo com levantamentos da Polícia Militar, aumentou a pressão sobre o governo Dilma Rousseff e sobre o PT. Não por conta apenas da grande concentração de pessoas, mas pelo contexto em que os protestos se deram.
Desde que foi reeleita, Dilma enfrentou outras quatro manifestações, nenhuma tão grande quanto essa, é verdade, mas desta vez ela e seu governo parecem cada vez mais isolados, com dificuldades de responder à ofensiva oposicionista – e também dos aliados que aparentam estar desembarcando de seu governo.
Neste momento, como mostrou reportagem deCartaCapital no fim de semana, a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um cargo no Palácio do Planalto é vista como a oportunidade para realizar um governo da coalizão sob o comando petista.
Lula gostaria de surgir no governo não como alguém que está em busca de foro privilegiado para fugir do juiz Sergio Moro, que comanda a Operação Lava Jato em primeira instância, mas como um salvador.
Não se sabe, entretanto, até que ponto essa alternativa será vista como solução pelos grupos ainda aliados a Dilma Rousseff, uma vez que a ofensiva contra Lula, tanto no âmbito da Lava Jato quanto na desastrada ação do Ministério Público de São Paulo, serviu para galvanizar os manifestantes.
Sua nomeação como ministro, assim, poderia ser recebida com mais indignação por parte da população, amedrontando os eventuais aliados de uma coalizão centrada em Lula. Se distanciar deste governo e planejar a substituição de Dilma, assim, seria uma alternativa mais atraente.
Na semana passada, dois sinais passados pelo PMDB indicam que a aliança de setores do partido com o Planalto não é tão segura quanto Dilma gostaria.
Picciani e Renan estão de que lado?
Na quarta-feira 9, após tomar café da manhã com Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), participou de um jantar na casa de seu ex-inimigo Tasso Jereissati (PSDB-CE), que incluiu senadores do PSDB e do PMDB.
Diversas soluções para a crise política foram discutidas, mas na saída o tucano informou que os caciques dos dois partidos decidiram "caminhar juntos" na busca por alternativas.
Até aqui, Renan Calheiros é visto como um dos últimos bastiões de salvação de Dilma. O senador enfrentou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o presidente de seu partido, Michel Temer, quando ficou claro que estes tramavam de forma efetiva a derrubada da presidenta.
Entre o fim de 2015 e o início de 2016, Renan se postou como uma espécie de defensor de Dilma e da institucionalidade e demonstrou seu poder e influência. Uma mudança de postura de sua parte colocaria Dilma e o PT em uma situação bastante complicada.
Da mesma forma, surgiram dúvidas sobre a fidelidade do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Picciani (RJ), a Dilma. Como Renan, Picciani surgiu no cenário como defensor de Dilma em contraposição a Temer e Cunha. Com a ajuda do senador, retomou a liderança do PMDB, perdida para um aliado de Cunha em uma manobra do presidente da Câmara, e emplacou dois ministros.
Na sexta-feira passada, no entanto, surgiu um forte indicativo de que Picciani não confia na durabilidade do governo, que em parte é sustentada por ele próprio. Seu pai e padrinho político, Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, disse em uma reunião privada (e vazada) que “o governo federal vai cair nos próximos três meses”.
Enquanto a fatia do PMDB que ainda apoia Dilma dá sinais de que vai desembarcar do governo, a ala anti-Dilma do partido não esconde seu ímpeto em removê-la do Palácio do Planalto. Réu na Lava Jato, Eduardo Cunha confirmou na semana passada que dará continuidade à instalação da comissão especial dedicada à análise do impeachment nesta quinta-feira 17.
O vice-presidente Michel Temer, por sua vez, achou uma boa ideia dar carona ao deputado Carlos Marun (PMDB-RJ) em um voo da FAB que o levou de Brasília a São Paulo no fim de semana. Ferrenho defensor de Cunha e crítico de Dilma, Marun foi participar das manifestações e discursou no carro de som do Movimento Brasil Livre. "Ele não disse para eu não vir nem para eu ir", disse Marun à Folha de S.Paulo.
Nesta sexta-feira 18, um ato a favor de Lula e do governo está marcado para São Paulo. Entidades como a CUT, a UNE e MST devem fazer parte dele, mas é improvável que a manifestação se equipare à realizada contra Dilma, uma vez que seu governo está cada vez mais distante das bases de esquerda que o elegeram. Um público pequeno pode ser mais um sinal de isolamento por parte do PT, que certamente será interpretado como fraqueza pelos oposicionistas e aliados.
A impressionante manifestação realizada no domingo 13, que reuniu 500 mil pessoas em São Paulo segundo o Datafolha e centenas de milhares em outras cidades, de acordo com levantamentos da Polícia Militar, aumentou a pressão sobre o governo Dilma Rousseff e sobre o PT. Não por conta apenas da grande concentração de pessoas, mas pelo contexto em que os protestos se deram.
Desde que foi reeleita, Dilma enfrentou outras quatro manifestações, nenhuma tão grande quanto essa, é verdade, mas desta vez ela e seu governo parecem cada vez mais isolados, com dificuldades de responder à ofensiva oposicionista – e também dos aliados que aparentam estar desembarcando de seu governo.
Neste momento, como mostrou reportagem deCartaCapital no fim de semana, a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um cargo no Palácio do Planalto é vista como a oportunidade para realizar um governo da coalizão sob o comando petista.
Lula gostaria de surgir no governo não como alguém que está em busca de foro privilegiado para fugir do juiz Sergio Moro, que comanda a Operação Lava Jato em primeira instância, mas como um salvador.
Não se sabe, entretanto, até que ponto essa alternativa será vista como solução pelos grupos ainda aliados a Dilma Rousseff, uma vez que a ofensiva contra Lula, tanto no âmbito da Lava Jato quanto na desastrada ação do Ministério Público de São Paulo, serviu para galvanizar os manifestantes.
Sua nomeação como ministro, assim, poderia ser recebida com mais indignação por parte da população, amedrontando os eventuais aliados de uma coalizão centrada em Lula. Se distanciar deste governo e planejar a substituição de Dilma, assim, seria uma alternativa mais atraente.
Na semana passada, dois sinais passados pelo PMDB indicam que a aliança de setores do partido com o Planalto não é tão segura quanto Dilma gostaria.
Picciani e Renan estão de que lado?
Na quarta-feira 9, após tomar café da manhã com Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), participou de um jantar na casa de seu ex-inimigo Tasso Jereissati (PSDB-CE), que incluiu senadores do PSDB e do PMDB.
Diversas soluções para a crise política foram discutidas, mas na saída o tucano informou que os caciques dos dois partidos decidiram "caminhar juntos" na busca por alternativas.
Até aqui, Renan Calheiros é visto como um dos últimos bastiões de salvação de Dilma. O senador enfrentou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o presidente de seu partido, Michel Temer, quando ficou claro que estes tramavam de forma efetiva a derrubada da presidenta.
Entre o fim de 2015 e o início de 2016, Renan se postou como uma espécie de defensor de Dilma e da institucionalidade e demonstrou seu poder e influência. Uma mudança de postura de sua parte colocaria Dilma e o PT em uma situação bastante complicada.
Da mesma forma, surgiram dúvidas sobre a fidelidade do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Picciani (RJ), a Dilma. Como Renan, Picciani surgiu no cenário como defensor de Dilma em contraposição a Temer e Cunha. Com a ajuda do senador, retomou a liderança do PMDB, perdida para um aliado de Cunha em uma manobra do presidente da Câmara, e emplacou dois ministros.
Na sexta-feira passada, no entanto, surgiu um forte indicativo de que Picciani não confia na durabilidade do governo, que em parte é sustentada por ele próprio. Seu pai e padrinho político, Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, disse em uma reunião privada (e vazada) que “o governo federal vai cair nos próximos três meses”.
Enquanto a fatia do PMDB que ainda apoia Dilma dá sinais de que vai desembarcar do governo, a ala anti-Dilma do partido não esconde seu ímpeto em removê-la do Palácio do Planalto. Réu na Lava Jato, Eduardo Cunha confirmou na semana passada que dará continuidade à instalação da comissão especial dedicada à análise do impeachment nesta quinta-feira 17.
O vice-presidente Michel Temer, por sua vez, achou uma boa ideia dar carona ao deputado Carlos Marun (PMDB-RJ) em um voo da FAB que o levou de Brasília a São Paulo no fim de semana. Ferrenho defensor de Cunha e crítico de Dilma, Marun foi participar das manifestações e discursou no carro de som do Movimento Brasil Livre. "Ele não disse para eu não vir nem para eu ir", disse Marun à Folha de S.Paulo.
Nesta sexta-feira 18, um ato a favor de Lula e do governo está marcado para São Paulo. Entidades como a CUT, a UNE e MST devem fazer parte dele, mas é improvável que a manifestação se equipare à realizada contra Dilma, uma vez que seu governo está cada vez mais distante das bases de esquerda que o elegeram. Um público pequeno pode ser mais um sinal de isolamento por parte do PT, que certamente será interpretado como fraqueza pelos oposicionistas e aliados.
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