Por Caio Botelho, no site da UJS:
Na última quarta-feira, 2/03, o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) formalizou a sua filiação ao Partido Social Cristão (PSC). O objetivo é viabilizar a sua candidatura à presidência da República nas eleições de 2018. De acordo com as mais recentes pesquisas de opinião, o parlamentar gira em torno de 4% a 7% das intenções de voto.
Evidente que é impossível prever o que ocorrerá nas eleições presidenciais vindouras. Se o conturbado cenário político brasileiro nos impede de traçar um panorama para os próximos dois meses, menos ainda para os próximos dois anos. Mas é hora de os setores populares começarem a se debruçar seriamente sobre os motivos que levam uma parcela significativa da população brasileira a flertar com a extrema direita, mesmo depois de quase catorze anos de governos progressistas.
Ao longo do governo Lula e no primeiro mandato da presidenta Dilma, o Brasil logrou êxito em ampliar a renda média da classe trabalhadora. Os programas sociais melhoraram a qualidade de vida de milhões de brasileiros que, antes, eram vítimas do flagelo da fome e da pobreza extrema. O desemprego alcançou patamares aceitáveis. O acesso a bens de consumo, ao carro e à casa própria foram profundamente democratizados. As dificuldades ocasionadas pela crise econômica mundial, a partir de 2009, foram combatidas com medidas anticíclicas e sem adotar o receituário neoliberal que tanto prejuízo causou ao país em décadas anteriores. Antes às vias de serem privatizadas, as grandes estatais - a Petrobrás como maior referência - foram fortalecidas e reafirmadas em seu papel estratégico.
O boom momento econômico e social, possível graças às corretas medidas adotadas, embalou as vitórias eleitorais de Lula em 2006 e de Dilma em 2010 e 2014. Entretanto, acabou-se criando um clima de acomodação diante do cenário até então favorável, o que trouxe imensas dificuldades quando este deixou de sê-lo, em especial a partir do agravamento da crise econômica e da ofensiva política contra o governo, que hoje toma corpo com os intentos golpistas.
Muitos brasileiros foram inseridos a um padrão de consumo mais elevado, mas o nível político-cultural, por seu turno, continuou nivelado por baixo. Pouco foi feito para alterar a essência conservadora do Estado brasileiro. A subestimação da luta de ideias revelou-se o mais grave erro cometido pelos governos liderados por Lula e Dilma.
E o resultado é uma sociedade onde campeia o machismo, o racismo, a homofobia e tantas outras formas de intolerância e preconceito. E não apenas entre as elites – cujo compromisso com esse ideário atrasado já é bem conhecido – mas também em meio às amplas camadas da classe trabalhadora, inclusive aquela que foi beneficiada pelos avanços dos últimos anos. Há uma década, a candidatura de um louco como Bolsonaro dificilmente seria viável e, se hoje ela é, então alguma coisa não está certa. A história prova que é prudente não menosprezar os seus riscos.
Em um momento de agravamento da situação política, a democracia ocupa o centro da agenda. Sob essa bandeira devem se unir todos os setores comprometidos com os interesses populares em uma frente ampla em defesa dos interesses nacionais. Ao mesmo tempo, é preciso que fique gravada a noção de que é preciso superar o modelo de disputa política baseado em cálculos eleitoreiros, no pragmatismo e em ilusões conciliatórias que subestimam os interesses e o lado das classes dominantes.
As forças progressistas – os partidos de esquerda, sobretudo – devem buscar voltar a ser um espaço de aglutinação de ideias, mobilização, organização e elevação do nível de consciência do povo, tendo como horizonte transformações mais profundas.
Se as crises trazem ensinamentos, estamos em um bom momento para aprender.
Na última quarta-feira, 2/03, o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) formalizou a sua filiação ao Partido Social Cristão (PSC). O objetivo é viabilizar a sua candidatura à presidência da República nas eleições de 2018. De acordo com as mais recentes pesquisas de opinião, o parlamentar gira em torno de 4% a 7% das intenções de voto.
Evidente que é impossível prever o que ocorrerá nas eleições presidenciais vindouras. Se o conturbado cenário político brasileiro nos impede de traçar um panorama para os próximos dois meses, menos ainda para os próximos dois anos. Mas é hora de os setores populares começarem a se debruçar seriamente sobre os motivos que levam uma parcela significativa da população brasileira a flertar com a extrema direita, mesmo depois de quase catorze anos de governos progressistas.
Ao longo do governo Lula e no primeiro mandato da presidenta Dilma, o Brasil logrou êxito em ampliar a renda média da classe trabalhadora. Os programas sociais melhoraram a qualidade de vida de milhões de brasileiros que, antes, eram vítimas do flagelo da fome e da pobreza extrema. O desemprego alcançou patamares aceitáveis. O acesso a bens de consumo, ao carro e à casa própria foram profundamente democratizados. As dificuldades ocasionadas pela crise econômica mundial, a partir de 2009, foram combatidas com medidas anticíclicas e sem adotar o receituário neoliberal que tanto prejuízo causou ao país em décadas anteriores. Antes às vias de serem privatizadas, as grandes estatais - a Petrobrás como maior referência - foram fortalecidas e reafirmadas em seu papel estratégico.
O boom momento econômico e social, possível graças às corretas medidas adotadas, embalou as vitórias eleitorais de Lula em 2006 e de Dilma em 2010 e 2014. Entretanto, acabou-se criando um clima de acomodação diante do cenário até então favorável, o que trouxe imensas dificuldades quando este deixou de sê-lo, em especial a partir do agravamento da crise econômica e da ofensiva política contra o governo, que hoje toma corpo com os intentos golpistas.
Muitos brasileiros foram inseridos a um padrão de consumo mais elevado, mas o nível político-cultural, por seu turno, continuou nivelado por baixo. Pouco foi feito para alterar a essência conservadora do Estado brasileiro. A subestimação da luta de ideias revelou-se o mais grave erro cometido pelos governos liderados por Lula e Dilma.
E o resultado é uma sociedade onde campeia o machismo, o racismo, a homofobia e tantas outras formas de intolerância e preconceito. E não apenas entre as elites – cujo compromisso com esse ideário atrasado já é bem conhecido – mas também em meio às amplas camadas da classe trabalhadora, inclusive aquela que foi beneficiada pelos avanços dos últimos anos. Há uma década, a candidatura de um louco como Bolsonaro dificilmente seria viável e, se hoje ela é, então alguma coisa não está certa. A história prova que é prudente não menosprezar os seus riscos.
Em um momento de agravamento da situação política, a democracia ocupa o centro da agenda. Sob essa bandeira devem se unir todos os setores comprometidos com os interesses populares em uma frente ampla em defesa dos interesses nacionais. Ao mesmo tempo, é preciso que fique gravada a noção de que é preciso superar o modelo de disputa política baseado em cálculos eleitoreiros, no pragmatismo e em ilusões conciliatórias que subestimam os interesses e o lado das classes dominantes.
As forças progressistas – os partidos de esquerda, sobretudo – devem buscar voltar a ser um espaço de aglutinação de ideias, mobilização, organização e elevação do nível de consciência do povo, tendo como horizonte transformações mais profundas.
Se as crises trazem ensinamentos, estamos em um bom momento para aprender.
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