Por Dennis de Oliveira, no blog Quilombo:
A cada momento que passa, vai ficando nítido o perfil da maioria dos que defendem o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Os fatos listados abaixo são emblemáticos.
1- Capa da IstoÉ: uma montagem farsesca para sustentar uma visão machista
Na semana passada, a revista IstoÉ lançou uma capa com a manchete “As explosões nervosas da presidente”. O tom da capa e da matéria que remonta a ideia de uma “histeria” atribuída a mulheres que se recusam a se submeter a um ordenamento masculino gerou revoltas em várias organizações feministas. A própria Presidência da República lançou uma nota de repúdio a capa da revista reclamando do tom misógino e machista. (clique aqui para ler).
Lembro ainda a resistência da mídia hegemônica em não tratar Dilma Roussef de “presidenta” e sim “a presidente”. Pura ranhice dos manda-chuvas da mídia hegemônica. Dicionários da língua portuguesa desde 1899 já continham a palavra presidenta. O uso dela tem um significado simbólico: marcar a passagem, pela primeira vez, de uma mulher no mais alto cargo executivo do país. Porém, o incômodo que isto causou em boa parte dos machos comandantes fez com que, por birra, não adotasse o termo. E a birra se expressa, em diversos momentos, em violências como a capa da Isto É.
2- O espetáculo da professora na Faculdade de Direito da USP
No dia 4 de abril, a professora Janaína Paschoal, uma das signatárias do pedido de impeachment da presidenta da República, fez um discurso inflamado e totalmente irracional em um ato convocado pelos defensores do afastamento de Dilma. O vídeo [aqui] viralizou nas redes sociais. Para além do destempero da docente, de quem se espera sensatez e serenidade para contribuir para um debate político racional, chama a atenção do uso excessivo de qualificativos para justificar a sua posição. Por diversas vezes chama de “cobras”, “jararacas”… Quem é a cobra, a jararaca? A presidenta da República, o ex-presidente Lula? Este é o fundamento “jurídico” do pedido de um impeachment apresentado por uma professora de Direito?
O tom virulento apresentado pela docente demonstra até onde vão os ânimos de quem defende esta posição. Sinaliza para uma total negação de respeito ao adversário, de negação de diálogo, enfim, tudo que não se adequa a uma democracia.
3- As mentiras preconceituosas sobre o Bolsa Família
Em todas as vitórias recentes do Partido dos Trabalhadores, comentaristas da mídia hegemônica dizem que os programas de transferência de renda (em especial o Bolsa Família) foram os responsáveis pela vitória dos petistas. Afirmam que pessoas muito pobres votam no PT somente porque recebem o benefício. Uma revista semanal chegou a lançar a ideia de que quem recebe o benefício estaria impedido de votar. Um outro jornal diário chegou a chamá-lo de “mensalinho”.
Nas rodas de conversa entre os defensores do impeachment, é comum afirmar que os pobres fazem filhos aos montes para poder receberem o bolsa. Os dados do IBGE recentes desmentem isto. (clique aqui para ler) Porém, a mídia hegemônica pouco repercutiu pois este tipo de informação desmonta preconceitos. E os preconceitos são necessários para sustentar determinadas posições.
4- As difamações contra os intelectuais e artistas que são contra o golpe
O colega da revista Fórum, Renato Rovai, cobra seriedade dos artistas que defendem o golpe que acusam os que são contra de defenderem o governo Dilma por se beneficiarem das políticas de fomento a cultura. Os dados apresentados por Rovai desmascaram esta outra farsa. Fernando Henrique Cardoso, Globo, Lobão, Suzana Vieira, Jota Quest e outros estão entre os mais agraciados com projetos aprovados para captação na Lei Rouanet. Isto é, seus projetos possibilitarão a isenção fiscal das empresas patrocinadoras (que, assim, vão fazer propaganda das suas marcas com dinheiro público).
5- A única coisa sincera: inconformados com a democracia querem o país só para eles
Talvez a única frase que seja sincera nesta movimentação dos golpistas é “quero o meu país de volta”. Querem que a nação seja somente usufruída por uma minoria, que a grande maioria da população continue à margem de tudo, sendo obrigada a se submeter a todos os racismos, machismos, regionalismos e classismos que sempre pautaram a história do país.
Os que portam os cartazes abaixo realmente são sinceros: querem continuar sendo os únicos donos de um país que historicamente sempre deixou no subterrâneo a maioria da população. Aquela gente bronzeada que nunca teve valor, só para divertir os menos bronzeados.
A cada momento que passa, vai ficando nítido o perfil da maioria dos que defendem o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Os fatos listados abaixo são emblemáticos.
1- Capa da IstoÉ: uma montagem farsesca para sustentar uma visão machista
A foto que deu origem a capa foi uma montagem (do site Pragmatismo Político) |
Na semana passada, a revista IstoÉ lançou uma capa com a manchete “As explosões nervosas da presidente”. O tom da capa e da matéria que remonta a ideia de uma “histeria” atribuída a mulheres que se recusam a se submeter a um ordenamento masculino gerou revoltas em várias organizações feministas. A própria Presidência da República lançou uma nota de repúdio a capa da revista reclamando do tom misógino e machista. (clique aqui para ler).
Lembro ainda a resistência da mídia hegemônica em não tratar Dilma Roussef de “presidenta” e sim “a presidente”. Pura ranhice dos manda-chuvas da mídia hegemônica. Dicionários da língua portuguesa desde 1899 já continham a palavra presidenta. O uso dela tem um significado simbólico: marcar a passagem, pela primeira vez, de uma mulher no mais alto cargo executivo do país. Porém, o incômodo que isto causou em boa parte dos machos comandantes fez com que, por birra, não adotasse o termo. E a birra se expressa, em diversos momentos, em violências como a capa da Isto É.
2- O espetáculo da professora na Faculdade de Direito da USP
No dia 4 de abril, a professora Janaína Paschoal, uma das signatárias do pedido de impeachment da presidenta da República, fez um discurso inflamado e totalmente irracional em um ato convocado pelos defensores do afastamento de Dilma. O vídeo [aqui] viralizou nas redes sociais. Para além do destempero da docente, de quem se espera sensatez e serenidade para contribuir para um debate político racional, chama a atenção do uso excessivo de qualificativos para justificar a sua posição. Por diversas vezes chama de “cobras”, “jararacas”… Quem é a cobra, a jararaca? A presidenta da República, o ex-presidente Lula? Este é o fundamento “jurídico” do pedido de um impeachment apresentado por uma professora de Direito?
O tom virulento apresentado pela docente demonstra até onde vão os ânimos de quem defende esta posição. Sinaliza para uma total negação de respeito ao adversário, de negação de diálogo, enfim, tudo que não se adequa a uma democracia.
3- As mentiras preconceituosas sobre o Bolsa Família
Em todas as vitórias recentes do Partido dos Trabalhadores, comentaristas da mídia hegemônica dizem que os programas de transferência de renda (em especial o Bolsa Família) foram os responsáveis pela vitória dos petistas. Afirmam que pessoas muito pobres votam no PT somente porque recebem o benefício. Uma revista semanal chegou a lançar a ideia de que quem recebe o benefício estaria impedido de votar. Um outro jornal diário chegou a chamá-lo de “mensalinho”.
Nas rodas de conversa entre os defensores do impeachment, é comum afirmar que os pobres fazem filhos aos montes para poder receberem o bolsa. Os dados do IBGE recentes desmentem isto. (clique aqui para ler) Porém, a mídia hegemônica pouco repercutiu pois este tipo de informação desmonta preconceitos. E os preconceitos são necessários para sustentar determinadas posições.
4- As difamações contra os intelectuais e artistas que são contra o golpe
O colega da revista Fórum, Renato Rovai, cobra seriedade dos artistas que defendem o golpe que acusam os que são contra de defenderem o governo Dilma por se beneficiarem das políticas de fomento a cultura. Os dados apresentados por Rovai desmascaram esta outra farsa. Fernando Henrique Cardoso, Globo, Lobão, Suzana Vieira, Jota Quest e outros estão entre os mais agraciados com projetos aprovados para captação na Lei Rouanet. Isto é, seus projetos possibilitarão a isenção fiscal das empresas patrocinadoras (que, assim, vão fazer propaganda das suas marcas com dinheiro público).
5- A única coisa sincera: inconformados com a democracia querem o país só para eles
Talvez a única frase que seja sincera nesta movimentação dos golpistas é “quero o meu país de volta”. Querem que a nação seja somente usufruída por uma minoria, que a grande maioria da população continue à margem de tudo, sendo obrigada a se submeter a todos os racismos, machismos, regionalismos e classismos que sempre pautaram a história do país.
Os que portam os cartazes abaixo realmente são sinceros: querem continuar sendo os únicos donos de um país que historicamente sempre deixou no subterrâneo a maioria da população. Aquela gente bronzeada que nunca teve valor, só para divertir os menos bronzeados.
Manifestação a favor do impeachment |
2 comentários:
O velho ditado: "Diz-me com quem andas e te direi quem és" é muito apropriado para o momento. Os coxinhas têm ótimas companhias e ídolos: JB o menino pobre que mudou o Brasil (sonegando) e foi morar em Miami; Aécio octa delatado e mimimi; Moro - fascista; Cunha ladrão - somos todos Cunha; Japonês da Federal - contrabandista preso; Bolsonaro - facista; Kim Katanguiri - analfabeto político e com ligações perigosas; Temer - traíra e respondendo a processos na justiça; Paulinho da Força - respondendo a processos na justiça; e outros corruptos mais, a lista e grande.
Coxinhas de Pato Fiesp, vocês não têm vergonha não?
Pensei que leria uma pesquisa seria, com dados estratificados por renda, formação, região geográfica etc. Só encontrei casos pontuais. Conheço mais de uma mão cheia de gente decente defendendo ambos lados.
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