Por Pedro Tierra, no site da Fundação Perseu Abramo:
A queda do Primeiro-Ministro Eduardo Cunha, articulador do golpe parlamentar, midiático e judiciário que conduziu o Brasil a um regime parlamentarista bastardo revela aos cidadãos desatentos um singelo absurdo tropical: o governo (Fora) Temer tornou-se uma Concessão Pública da Rede Globo de Televisão.
Não há indícios, nem convicções de que a Câmara Federal tenha sofrido um surto virtuoso na noite de 12 de setembro. A composição política tecida pelo próprio Primeiro-Ministro delinquente – e que acabou sendo decisiva para sua cassação – sofreu um suave deslocamento rumo aos confortos do governo usurpador, que resolveu não quebrar lanças em sua defesa, ocupado em cuidar da própria sobrevivência.
Como se sabe, depois que o Partido dos Trabalhadores negou-lhe os três votos necessários para barrar no Conselho de Ética o exame da cassação do seu mandato, o então Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pôs em andamento o assalto ao Palácio do Planalto. A partir desse gesto seu: acolher o pedido de impeachment e abrir o processo que resultou na interrupção do mandato da Presidente eleita Dilma Rousseff, como gosta de ser lembrado. Sem ele não haveria impeachment.
A ação do governo usurpador, nesse 12 de setembro, reduziu seu séquito. Deixou-o cercado por apenas dez leais cavaleiros da távola redonda. Outros valentes, não compareceram. Estavam, sem dúvida, a pelejar em outras batalhas em defesa da família e de outros objetivos menos nobres e não puderam vir em seu socorro. A legião que foi vista em festa no 17 de abril, adotou uma sóbria postura, compatível com a dimensão dos fatos históricos, no momento de cravar os punhais em suas costas. Para um carreirista político, sem dúvida experimentado, que maneja a arma do sarcasmo “O PT só ganha quando a gente deixa...” Eduardo Cunha, apontado por muitos, nesses tempos em que o cinismo fez escola, como “um gênio”, “o meu malvado favorito”, conseguiu num lapso de tempo extremamente breve, converter-se do todo-poderoso Presidente da Câmara que impôs ao país uma agenda reacionária em todas as frentes, em alvo do ataque de interesses contraditórios: da mídia que o incensou como herói quando acolheu o pedido de impedimento Presidente Dilma Rousseff; do governo Temer, do qual foi parteiro; dos seus aliados no Parlamento que o traíram miseravelmente na noite de 12 de setembro e dos seus inimigos políticos inconciliáveis, o PT e os partidos de esquerda que entraram com o pedido de sua cassação ou apoiaram a iniciativa.
O 12 de setembro consolida mais um passo no esforço por higienizar do golpe. E oferecer ao país a falácia do “normal funcionamento das instituições”. Ao assumir o comando da base parlamentar do governo usurpador, a Rede Globo recomenda: serviço feito. A crise acabou. Lavemos as mãos. Vamos esquecer o Cunha. Ainda que ele insista em ser lembrado. Vamos olhar para a frente, sermos realistas e limar da Constituição de 88 essas veleidades de direitos dos trabalhadores. Vamos dar o salto para o futuro: abolir a CLT, reformar essa previdência perdulária, reestabelecer a jornada de 80 horas semanais, como nos tempos do imperador, retirar férias e o 13º, por um freio nos gastos públicos com saúde e educação, de outra forma como poderíamos pagar os juros dos bancos que nos financiam? Fatiar a Petrobrás, vender o que for vendável, antes que a cidadania acorde!
O ambiente político que engendrou Cunha, agora a caminho de acertar suas contas com a justiça, no entanto, permanece intacto. E estimulado, como uma chocadeira, produzirá a eclosão de outros ovos com essas características já conhecidas somadas a outras que ainda desconhecemos, seguramente mais nefastas, mais fascistas. Para onde voltar as campanhas de desobediência civil contra o governo ilegítimo? A sociedade desperta a partir dos seus setores mais sensíveis diante do escárnio do processo de assalto ao poder por parte dos rejeitados pelas urnas e diante da tragédia que se anuncia com a implantação do seu programa igualmente derrotado nas últimas quatro eleições.
A juventude e os movimentos sociais dos trabalhadores assumem a liderança da resistência ao golpe e indicam os primeiros passos que podem se articular num amplo movimento de desobediência civil contra o governo ilegítimo e usurpador. Modelar os instrumentos adequados para unificar as ações, na rua e no Parlamento, é o desafio fundamental para a nova etapa de reconstrução democrática no Brasil.
* Pedro Tierra (Hamilton Pereira), é poeta e presidente do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.
A queda do Primeiro-Ministro Eduardo Cunha, articulador do golpe parlamentar, midiático e judiciário que conduziu o Brasil a um regime parlamentarista bastardo revela aos cidadãos desatentos um singelo absurdo tropical: o governo (Fora) Temer tornou-se uma Concessão Pública da Rede Globo de Televisão.
Não há indícios, nem convicções de que a Câmara Federal tenha sofrido um surto virtuoso na noite de 12 de setembro. A composição política tecida pelo próprio Primeiro-Ministro delinquente – e que acabou sendo decisiva para sua cassação – sofreu um suave deslocamento rumo aos confortos do governo usurpador, que resolveu não quebrar lanças em sua defesa, ocupado em cuidar da própria sobrevivência.
Como se sabe, depois que o Partido dos Trabalhadores negou-lhe os três votos necessários para barrar no Conselho de Ética o exame da cassação do seu mandato, o então Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pôs em andamento o assalto ao Palácio do Planalto. A partir desse gesto seu: acolher o pedido de impeachment e abrir o processo que resultou na interrupção do mandato da Presidente eleita Dilma Rousseff, como gosta de ser lembrado. Sem ele não haveria impeachment.
A ação do governo usurpador, nesse 12 de setembro, reduziu seu séquito. Deixou-o cercado por apenas dez leais cavaleiros da távola redonda. Outros valentes, não compareceram. Estavam, sem dúvida, a pelejar em outras batalhas em defesa da família e de outros objetivos menos nobres e não puderam vir em seu socorro. A legião que foi vista em festa no 17 de abril, adotou uma sóbria postura, compatível com a dimensão dos fatos históricos, no momento de cravar os punhais em suas costas. Para um carreirista político, sem dúvida experimentado, que maneja a arma do sarcasmo “O PT só ganha quando a gente deixa...” Eduardo Cunha, apontado por muitos, nesses tempos em que o cinismo fez escola, como “um gênio”, “o meu malvado favorito”, conseguiu num lapso de tempo extremamente breve, converter-se do todo-poderoso Presidente da Câmara que impôs ao país uma agenda reacionária em todas as frentes, em alvo do ataque de interesses contraditórios: da mídia que o incensou como herói quando acolheu o pedido de impedimento Presidente Dilma Rousseff; do governo Temer, do qual foi parteiro; dos seus aliados no Parlamento que o traíram miseravelmente na noite de 12 de setembro e dos seus inimigos políticos inconciliáveis, o PT e os partidos de esquerda que entraram com o pedido de sua cassação ou apoiaram a iniciativa.
O 12 de setembro consolida mais um passo no esforço por higienizar do golpe. E oferecer ao país a falácia do “normal funcionamento das instituições”. Ao assumir o comando da base parlamentar do governo usurpador, a Rede Globo recomenda: serviço feito. A crise acabou. Lavemos as mãos. Vamos esquecer o Cunha. Ainda que ele insista em ser lembrado. Vamos olhar para a frente, sermos realistas e limar da Constituição de 88 essas veleidades de direitos dos trabalhadores. Vamos dar o salto para o futuro: abolir a CLT, reformar essa previdência perdulária, reestabelecer a jornada de 80 horas semanais, como nos tempos do imperador, retirar férias e o 13º, por um freio nos gastos públicos com saúde e educação, de outra forma como poderíamos pagar os juros dos bancos que nos financiam? Fatiar a Petrobrás, vender o que for vendável, antes que a cidadania acorde!
O ambiente político que engendrou Cunha, agora a caminho de acertar suas contas com a justiça, no entanto, permanece intacto. E estimulado, como uma chocadeira, produzirá a eclosão de outros ovos com essas características já conhecidas somadas a outras que ainda desconhecemos, seguramente mais nefastas, mais fascistas. Para onde voltar as campanhas de desobediência civil contra o governo ilegítimo? A sociedade desperta a partir dos seus setores mais sensíveis diante do escárnio do processo de assalto ao poder por parte dos rejeitados pelas urnas e diante da tragédia que se anuncia com a implantação do seu programa igualmente derrotado nas últimas quatro eleições.
A juventude e os movimentos sociais dos trabalhadores assumem a liderança da resistência ao golpe e indicam os primeiros passos que podem se articular num amplo movimento de desobediência civil contra o governo ilegítimo e usurpador. Modelar os instrumentos adequados para unificar as ações, na rua e no Parlamento, é o desafio fundamental para a nova etapa de reconstrução democrática no Brasil.
* Pedro Tierra (Hamilton Pereira), é poeta e presidente do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.
1 comentários:
E A CASA DO ‘mor(T)o’ CAIU!
TEXTO IMPERDÍVEL
Ah se 'nois' tivéssemos um STF e Forças Armadas nacionalistas!
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Que serviços Moro presta aos EUA?
Ninguém chega ali, assim, por acaso. Não é isso, Tio Sam?
publicado 19/09/2016
(…)
FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.conversaafiada.com.br/politica/que-servicos-moro-presta-aos-eua
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