sábado, 4 de março de 2017

Míriam Leitão e o machista polonês

Por Altamiro Borges

Na véspera do Dia Internacional das Mulheres, a jornalista Míriam Leitão - bastante afinada com a campanha publicitária milionária do covil de Michel Temer e com as teses regressivas de seus patrões - postou na quarta-feira (1) um artigo no jornal O Globo defendendo o fim da diferença na concessão de aposentadorias entre homens e mulheres - talvez desconhecendo a existência das jornadas duplas e até triplas das trabalhadoras. Segundo sua tese, que possivelmente será usada por algum parlamentar golpista no debate sobre a contrarreforma da Previdência, "é totalmente sem sentido, e desatualizada, a proposta de que a mulher deve ser compensada com uma idade menor de aposentadoria". 

Para uma das mais bem pagas colunistas do império global, esta diferença, fixada pela Constituição Federal, "acaba fortalecendo o papel tradicional da mulher, quando já passa da hora de rever essa divisão envelhecida dos papéis masculino e feminino... O paternalismo em relação à mulher faz parte da discriminação contra ela. É a outra face da mesma moeda... O país está com a Previdência quebrada porque homens e mulheres se aposentaram precocemente, filhas de servidores tiveram benefícios excessivos, e a desigualdade da sociedade foi reproduzida no acesso à Previdência. Isso à custa da exclusão de milhões de brasileiros, a quem só foi dada a possibilidade de um benefício ao fim da vida. Quanto menos desigualdade houver no sistema, melhor ele será", argumenta a jornalista.

Curiosamente, também na semana que antecede o 8 de Março, o deputado polonês Janusz Korwin-Mikke fez um discurso no Parlamento Europeu contra os direitos das mulheres. Segundo a agência de notícias Ansa, "o caso ocorreu durante um debate sobre a diferença salarial entre homens e mulheres. Durante seu discurso, o polonês afirmou que 'é justo que as mulheres ganhem menos, porque são mais fracas, menos inteligentes e menores que os homens'. 'Entre os 100 melhores jogadores de xadrez do mundo, não há nem ao menos uma mulher'. Para ele, esta é uma prova de uma inteligência inferior, o que também justificaria salários menores". 

Ainda de acordo com a agência, "Korwin-Mikke, que já sofreu duas sanções por discursos racistas, poderá sofrer uma terceira. O deputado já ofendeu imigrantes no Parlamento e os definiu como 'lixo humano que não quer trabalhar'. Além disso, afirmou que Hitler não tinha conhecimento sobre o Holocausto. O presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antoni Tajani, abriu inquérito interno após alguns deputados europeus denunciarem o político, incluindo o socialista Gianni Penna. As punições, neste caso, podem variar de multas à suspensão do mandato".

Como se observa, a luta em defesa dos direitos das mulheres é árdua - no Brasil e no mundo. Daí a importância da realização de grandes manifestações na próxima quarta-feira, 8 de Março, contra as regressões propostas na contrarreforma da Previdência do covil golpista de Michel Temer.

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1 comentários:

Márcio disse...

Tem jeito pra Uruba não devia voltar pra Santos Dumont MG