Da revista CartaCapital:
O Banco Central bloqueou cerca de 2 milhões de reais de contas de 46 investigados na Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira, 17. Após cerca de 1.100 agentes cumprirem 309 mandados em sete estados (27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão), a Justiça Federal determinou o bloqueio de até 1 bilhão de reais por investigado.
As contas bloqueadas tinham valores bem inferiores, que iam de centavos até 500 mil reais, informou o BC. O valor de 1 bilhão, esclareceu, era o teto estipulado pela Justiça, e não o valor que havia sido identificado nas investigações. Alguns dos principais grupos da indústria alimentícia do País estão na mira da operação, como o BRF, que detém as marcas Sadia e Perdigão, e o JBS, que opera com Seara, Swift, Friboi e Vigor.
De acordo com a PF, uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários emitia certificados sanitários sem fiscalização em troca de propina. Os frigoríficos envolvidos no esquema, dizem os investigadores, "maquiavam" carnes vencidas com ácido ascórbico. Dessa forma, podiam embalar o alimento novamente para colocar à venda. A carne imprópria para consumo era destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação.
"Ficou claro que uma parte da propina era revertida para partido político. Já foi falado ao longo da investigação sobre dois partidos: PP e PMDB", disse o delegado Maurício Moscardi Grillo, que até mês passado coordenava a força-tarefa da Lava Jato. Não é tudo. O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, figura em conversas telefônicas interceptadas pela PF. Em um dos áudios, o peemedebista chama de "grande chefe" o suposto líder do esquema: Daniel Gonçalves Filho, que foi superintendente regional do Ministério da Agricultura entre julho de 2007 e fevereiro de 2014 e entre junho de 2015 e abril de 2016.
No sábado 18, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, saiu em defesa do sistema de inspeção agropecuária brasileiro. Afirmou que a fiscalização é “forte, robusta e séria”. Segundo ele, não há motivos para a população ter receio de consumir carne. Em nota, a pasta também afirmou que o “Serviço de Inspeção Federal brasileiro é considerado um dos mais eficientes e rigorosos do mundo”.
O escândalo já havia corrido o mundo. Para o New York Times, o episódio "lança dúvidas sobre a indústria brasileira do agronegócio". O diário norte-americano ressaltou que o "partido do presidente Michel Temer" também é acusado de receber propinas. A rede de televisão CNN relatou que "a notícia foi recebida com raiva e frustração no Brasil, que já está cambaleando com os escândalos de corrupção que afetam os mais altos escalões do governo". O futuro da indústria de carne brasileira, que "ascendeu na última década para se tornar uma das mais importantes do mundo", também foi questionado pelo Financial Times.
Diante do dano à imagem do governo e da indústria alimentícia, Temer convocou uma reunião de emergência com Maggi, prevista para a tarde deste domingo, 19. Participarão do encontro representantes de associações de indústrias exportadoras de carnes e de proteína animal, além da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Segundo os palacianos, o objetivo é debater as medidas adotadas pelo Ministério da Agricultura até agora e os possíveis impactos do escândalo sobre as exportações de carnes brasileiras. O governo federal também deve divulgar uma nota para as embaixadas, na tentativa de esclarecer a amplitude do esquema de corrupção desvendado pela PF.
O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador, fornecendo para mais de 150 países. As multinacionais envolvidas no escândalo insistem que seus produtos são seguros, apesar do receio entre o público consumidor.
O escândalo surge num momento bastante sensível, quando o Brasil e outros membros do Mercosul procuram um acordo de comércio com a União Europeia. A operação da PF também pode abalar as relações comerciais com os Estados Unidos, que começaram a receber importações de carne crua brasileira no ano passado.
Segundo informações do Ministério da Agricultura, em 2016, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina. Os principais destinos foram Hong Kong, Egito, China e Rússia. Também foram exportados cerca de 3,9 milhões de toneladas de carne de frango in natura, cujos principais compradores foram Arábia Saudita, China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Hong Kong. No mesmo ano foram abatidas 42,3 milhões de cabeças de suínos para os mercados interno e externo.
As contas bloqueadas tinham valores bem inferiores, que iam de centavos até 500 mil reais, informou o BC. O valor de 1 bilhão, esclareceu, era o teto estipulado pela Justiça, e não o valor que havia sido identificado nas investigações. Alguns dos principais grupos da indústria alimentícia do País estão na mira da operação, como o BRF, que detém as marcas Sadia e Perdigão, e o JBS, que opera com Seara, Swift, Friboi e Vigor.
De acordo com a PF, uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários emitia certificados sanitários sem fiscalização em troca de propina. Os frigoríficos envolvidos no esquema, dizem os investigadores, "maquiavam" carnes vencidas com ácido ascórbico. Dessa forma, podiam embalar o alimento novamente para colocar à venda. A carne imprópria para consumo era destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação.
"Ficou claro que uma parte da propina era revertida para partido político. Já foi falado ao longo da investigação sobre dois partidos: PP e PMDB", disse o delegado Maurício Moscardi Grillo, que até mês passado coordenava a força-tarefa da Lava Jato. Não é tudo. O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, figura em conversas telefônicas interceptadas pela PF. Em um dos áudios, o peemedebista chama de "grande chefe" o suposto líder do esquema: Daniel Gonçalves Filho, que foi superintendente regional do Ministério da Agricultura entre julho de 2007 e fevereiro de 2014 e entre junho de 2015 e abril de 2016.
No sábado 18, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, saiu em defesa do sistema de inspeção agropecuária brasileiro. Afirmou que a fiscalização é “forte, robusta e séria”. Segundo ele, não há motivos para a população ter receio de consumir carne. Em nota, a pasta também afirmou que o “Serviço de Inspeção Federal brasileiro é considerado um dos mais eficientes e rigorosos do mundo”.
O escândalo já havia corrido o mundo. Para o New York Times, o episódio "lança dúvidas sobre a indústria brasileira do agronegócio". O diário norte-americano ressaltou que o "partido do presidente Michel Temer" também é acusado de receber propinas. A rede de televisão CNN relatou que "a notícia foi recebida com raiva e frustração no Brasil, que já está cambaleando com os escândalos de corrupção que afetam os mais altos escalões do governo". O futuro da indústria de carne brasileira, que "ascendeu na última década para se tornar uma das mais importantes do mundo", também foi questionado pelo Financial Times.
Diante do dano à imagem do governo e da indústria alimentícia, Temer convocou uma reunião de emergência com Maggi, prevista para a tarde deste domingo, 19. Participarão do encontro representantes de associações de indústrias exportadoras de carnes e de proteína animal, além da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Segundo os palacianos, o objetivo é debater as medidas adotadas pelo Ministério da Agricultura até agora e os possíveis impactos do escândalo sobre as exportações de carnes brasileiras. O governo federal também deve divulgar uma nota para as embaixadas, na tentativa de esclarecer a amplitude do esquema de corrupção desvendado pela PF.
O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador, fornecendo para mais de 150 países. As multinacionais envolvidas no escândalo insistem que seus produtos são seguros, apesar do receio entre o público consumidor.
O escândalo surge num momento bastante sensível, quando o Brasil e outros membros do Mercosul procuram um acordo de comércio com a União Europeia. A operação da PF também pode abalar as relações comerciais com os Estados Unidos, que começaram a receber importações de carne crua brasileira no ano passado.
Segundo informações do Ministério da Agricultura, em 2016, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina. Os principais destinos foram Hong Kong, Egito, China e Rússia. Também foram exportados cerca de 3,9 milhões de toneladas de carne de frango in natura, cujos principais compradores foram Arábia Saudita, China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Hong Kong. No mesmo ano foram abatidas 42,3 milhões de cabeças de suínos para os mercados interno e externo.
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