Por Jeferson Miola
No relato ao MP, José Yunes fez revelações esclarecedoras sobre os preparativos do golpe. Sabe-se agora que no processo eleitoral de 2014, Michel Temer e Eduardo Cunha financiaram com propinas as campanhas de 140 deputados oposicionistas que, em contrapartida, assegurariam a eleição de Cunha à presidência da Câmara Federal em fevereiro de 2015.
O depoimento do Yunes é também importante porque elucida o papel do Eliseu Padilha e do doleiro Lúcio Funaro no esquema de Temer e Cunha. Yunes ainda ajuda a entender porque o juiz Sérgio Moro, já em novembro de 2016, atuou como advogado do Temer e anulou as perguntas sobre o próprio Yunes que Cunha direcionou ao presidente usurpador.
Mas as revelações de Yunes ganham maior relevância porque jogam luz nos eventos precedentes da trama golpista, e que eram até então desconhecidos.
Mesmo sendo vice-presidente e candidato à reeleição com Dilma, na eleição de 2014 Temer fez jogo duplo e tomou parte da estratégia conspirativa premeditada com Eduardo Cunha – que foi quem liderou, com Sérgio Cabral e Geddel Vieira Lima, a dissidência peemedebista que aderiu à campanha de Aécio Neves.
Como dissidente, Cunha foi tratado a pão-de-ló por Temer. O plano, como agora se sabe, era eleger uma numerosa bancada de deputados de oposição a Dilma que elegeria Cunha presidente da Câmara Federal, como de fato ocorreu.
Seria ocioso dissertar sobre o poder da presidência da Câmara no acolhimento, no trâmite e, finalmente, na aprovação do impeachment sem fundamento jurídico naquela “assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”, como a imprensa internacional chamou a sessão da Câmara de 17 de abril de 2016.
O que era suspeita ficou confirmado no relato do Yunes: Temer fez jogo duplo desde o período eleitoral de 2014 até março de 2016, quando anunciou o rompimento formal do PMDB com o governo, passando então a se engajar abertamente – e não mais clandestinamente – no golpe para a deposição da Presidente.
Este período foi marcado por traições e lances folclóricos do Temer, como a falsa neutralidade na eleição para a presidência da Câmara, quando na realidade estava empenhado em eleger Cunha; a sabotagem aos interesses do governo quando Dilma confiou-lhe a tarefa de articulação política; a carta patética com queixas e lamúrias à Dilma, prenunciando a saída do governo; e o agravamento da crise política com o inusitado apelo para se credenciar ao lugar da Presidente – “o país precisa de alguém capaz de reunificar a todos”.
É sintomático que, apesar das agressões covardes e canalhices contra a Presidente Dilma, Temer não tenha emitido uma única nota de solidariedade para com sua parceira de governo e chefe constitucional.
Como o Brasil está sob a vigência de um regime de exceção, a denúncia do Yunes não terá os efeitos criminais e políticos que corresponderiam a uma situação de tamanha gravidade, vivesse o país um contexto de normalidade institucional.
Se o Brasil estivesse na plenitude do Estado de Direito, o impeachment fraudulento seria anulado e a Presidente Dilma reconduzida ao cargo para o qual foi eleita com 54.501.118 votos. Temer e Padilha seriam julgados por associação criminosa com Eduardo Cunha e por conspiração para derrubar uma Presidente legitimamente eleita.
Moro, por seu turno, seria demitido do cargo de juiz federal e responderia criminalmente – no mínimo, por prevaricação [sem esquecer a prática corrupta de receber salário acima do teto constitucional].
No contexto do golpe de Estado e do regime de exceção, contudo, a conseqüência máxima da denúncia de Yunes será, se tanto, o afastamento do Padilha, e isso porque sua manutenção no ministério seria de uma indecência insustentável até mesmo para uma oligarquia e uma mídia golpista que perderam todo e qualquer pudor.
Apesar de não gerar as conseqüências devidas, a revelação de Yunes já adquiriu importante valor para a historiografia do golpe; é uma espécie de “wiki leaks” do golpe.
Hoje se sabe que, sem os preparativos armados por Temer e Cunha, a estratégia golpista que foi posta em marcha pelo PSDB, judiciário, MP, PF e pela mídia hegemônica – com a Rede Globo à frente – ficaria seriamente dificultada.
No relato ao MP, José Yunes fez revelações esclarecedoras sobre os preparativos do golpe. Sabe-se agora que no processo eleitoral de 2014, Michel Temer e Eduardo Cunha financiaram com propinas as campanhas de 140 deputados oposicionistas que, em contrapartida, assegurariam a eleição de Cunha à presidência da Câmara Federal em fevereiro de 2015.
O depoimento do Yunes é também importante porque elucida o papel do Eliseu Padilha e do doleiro Lúcio Funaro no esquema de Temer e Cunha. Yunes ainda ajuda a entender porque o juiz Sérgio Moro, já em novembro de 2016, atuou como advogado do Temer e anulou as perguntas sobre o próprio Yunes que Cunha direcionou ao presidente usurpador.
Mas as revelações de Yunes ganham maior relevância porque jogam luz nos eventos precedentes da trama golpista, e que eram até então desconhecidos.
Mesmo sendo vice-presidente e candidato à reeleição com Dilma, na eleição de 2014 Temer fez jogo duplo e tomou parte da estratégia conspirativa premeditada com Eduardo Cunha – que foi quem liderou, com Sérgio Cabral e Geddel Vieira Lima, a dissidência peemedebista que aderiu à campanha de Aécio Neves.
Como dissidente, Cunha foi tratado a pão-de-ló por Temer. O plano, como agora se sabe, era eleger uma numerosa bancada de deputados de oposição a Dilma que elegeria Cunha presidente da Câmara Federal, como de fato ocorreu.
Seria ocioso dissertar sobre o poder da presidência da Câmara no acolhimento, no trâmite e, finalmente, na aprovação do impeachment sem fundamento jurídico naquela “assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”, como a imprensa internacional chamou a sessão da Câmara de 17 de abril de 2016.
O que era suspeita ficou confirmado no relato do Yunes: Temer fez jogo duplo desde o período eleitoral de 2014 até março de 2016, quando anunciou o rompimento formal do PMDB com o governo, passando então a se engajar abertamente – e não mais clandestinamente – no golpe para a deposição da Presidente.
Este período foi marcado por traições e lances folclóricos do Temer, como a falsa neutralidade na eleição para a presidência da Câmara, quando na realidade estava empenhado em eleger Cunha; a sabotagem aos interesses do governo quando Dilma confiou-lhe a tarefa de articulação política; a carta patética com queixas e lamúrias à Dilma, prenunciando a saída do governo; e o agravamento da crise política com o inusitado apelo para se credenciar ao lugar da Presidente – “o país precisa de alguém capaz de reunificar a todos”.
É sintomático que, apesar das agressões covardes e canalhices contra a Presidente Dilma, Temer não tenha emitido uma única nota de solidariedade para com sua parceira de governo e chefe constitucional.
Como o Brasil está sob a vigência de um regime de exceção, a denúncia do Yunes não terá os efeitos criminais e políticos que corresponderiam a uma situação de tamanha gravidade, vivesse o país um contexto de normalidade institucional.
Se o Brasil estivesse na plenitude do Estado de Direito, o impeachment fraudulento seria anulado e a Presidente Dilma reconduzida ao cargo para o qual foi eleita com 54.501.118 votos. Temer e Padilha seriam julgados por associação criminosa com Eduardo Cunha e por conspiração para derrubar uma Presidente legitimamente eleita.
Moro, por seu turno, seria demitido do cargo de juiz federal e responderia criminalmente – no mínimo, por prevaricação [sem esquecer a prática corrupta de receber salário acima do teto constitucional].
No contexto do golpe de Estado e do regime de exceção, contudo, a conseqüência máxima da denúncia de Yunes será, se tanto, o afastamento do Padilha, e isso porque sua manutenção no ministério seria de uma indecência insustentável até mesmo para uma oligarquia e uma mídia golpista que perderam todo e qualquer pudor.
Apesar de não gerar as conseqüências devidas, a revelação de Yunes já adquiriu importante valor para a historiografia do golpe; é uma espécie de “wiki leaks” do golpe.
Hoje se sabe que, sem os preparativos armados por Temer e Cunha, a estratégia golpista que foi posta em marcha pelo PSDB, judiciário, MP, PF e pela mídia hegemônica – com a Rede Globo à frente – ficaria seriamente dificultada.
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