Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Não deve ter dado muito certo o primeiro encontro de Joaquim Barbosa com os dirigentes do PSB a quem foi apresentado na tarde desta quinta-feira. Na saída do encontro, Barbosa foi reticente: “Há dificuldades dos dois lados. O partido tem sua história e eu tenho dificuldades do lado pessoal. Não convenci a mim mesmo que devo ser candidato”.
Se assim é, melhor o establishment mercadista-midiático procurar outro candidato menos vacilante para chamar de seu. Ao longo do dia, o nome novo que surgiu foi o de Pedro Parente, ex-ministro de FHC, presidente da Petrobras e agora também do conselho da BRF.
Se continuar assim, vão acabar colocando anúncio nos jornais: “Procura-se um candidato a presidente da República. Não é preciso ter experiência”.
*****
Até outro dia, meus amigos mais conservadores, vamos dizer assim, não sabiam em quem votar.
Em outras eleições presidenciais era fácil: bastava o PSDB indicar um nome para enfrentar o PT, e o problema estava resolvido.
Para quem divide o mundo entre liberais (o nome da direita no Brasil) e vermelhos, a disputa eleitoral se resumia a um Fla-Flu.
Nas últimas quatro disputas, o PT venceu, e o PSDB, aliado ao PMDB, resolveu virar a mesa, logo após ser anunciado o resultado de 2014.
Dilma caiu, Temer assumiu, Lula está preso, Aécio virou réu, e agora tudo virou uma confusão danada.
Cansado de perder, o estabilishment nacional, que resume os interesses do chamado mercado, ancorado no Judiciário, na Fiesp e na mídia, tirou o PT do jogo, mas ainda não achou um candidato para chamar de seu.
Testaram vários nomes desde o ano passado e, à medida em que entravam e saíam da lista os seus preferidos, ficaram cada vez mais perdidos na busca do candidato rotulado de “novo”.
O primeiro a se apresentar, logo após a sua posse, foi o prefeito paulistano João Doria, montado no cavalo do antipetistmo, disposto a rifar o candidato natural dos tucanos, seu padrinho Geraldo Alckmin.
Foi também o primeiro a cair do cavalo ao despencar nas pesquisas de popularidade em São Paulo por priorizar sua campanha presidencial, viajando pelo Brasil e pelo mundo.
Logo depois, apareceu assim do nada, embalado pelo ex-presidente FHC, o animador de auditório Luciano Huck, que logo seria agasalhado pelo PPS, o antigo partido comunista fundado por Luis Carlos Prestes e hoje nas mãos de Roberto Freire, linha auxiliar do PSDB.
Era tudo em nome do “novo” depois que os partidos tradicionais foram dizimados pela Lava Jato.
A toda hora aparecia mais um nanico no campo da direita ávido a ocupar o posto de “novo”, e até Fernando Collor ressuscitou na lista de presidenciáveis.
Maia, Meirelles, os desconhecidos João Amoêdo e Flávio Rocha e outros que esqueci engrossaram a turma do 1% nas pesquisas.
Diante deste cenário desolador, o próprio Michel Temer, presidente mais rejeitado da história republicana, ofereceu-se-se como candidato à reeleição para “defender seu legado”. Por que não?
No vale tudo do mercado de votos, o tempo passava, e nada dos meus amigos encontrarem um candidato.
Agora, a menos de seis meses para a eleição, o mercado resolveu jogar suas fichas em dois nomes que nem são tão “novos” assim: Joaquim Barbosa e Marina Silva.
Como acontece a cada quatro anos, Marina reapareceu no cenário para se lançar pela terceira vez, agora pela Rede Sustentabilidade, partido mini-nanico que tem um senador, dois deputados e um prefeito de capital, além de 12 segundos de tempo de TV.
Na última eleição, concorrendo pelo PSB de Eduardo Campos, morto em acidente de avião no início da campanha, Marina chegou em terceiro lugar.
Com o recall das duas campanhas anteriores em que se apresentava como “terceira via”, Marina apareceu em terceiro lugar no último Datafolha, com 16%, um abaixo de Jair Bolsonaro e 15 pontos atrás de Lula.
Quem pode ocupar seu lugar agora como candidato do PSB, por coincidência, é o outro “novo”, Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF que se consagrou no julgamento do mensalão petista.
Barbosa ainda está sendo apresentado ao seu partido para saber quais são, afinal, os seus planos para o Brasil, já que ninguém até agora sabe o que ele pensa sobre assunto algum.
Com uma estrutura partidária bem maior do que a Rede e mais tempo de TV (52 segundos), Barbosa apareceu com 10% em sua estreia no Datafolha e tornou-se o queridinho da vez do mercado ainda órfão.
Não por acaso, a Folha mancheteia nesta quinta-feira: “Campanha de Barbosa fará aceno ao mercado financeiro”.
Tornou-se praxe no Brasil, como sabemos, pré-candidatos serem sabatinados por bancos e outras instituições financeiras antes de saírem em busca de votos do eleitorado.
Absolutamente virgem em campanhas eleitorais, ainda não se sabe como o novato se relacionará no partido, que já foi de Miguel Arraes e está dividido entre os que querem apoiar Alckmin em São Paulo e Lula em Pernambuco, nem como será sua incursão pelo mercado financeiro.
Um detalhe que escapou nesta extemporânea candidatura do magistrado é que ele se aposentou precocemente logo depois de comandar o mensalão, alegando problemas de saúde para depois trabalhar como advogado em São Paulo.
Se ele não tinha condições físicas para continuar servindo no STF, como poderá exercer a função muito mais extenuante de presidente da República?
A singela pergunta ganha relevância quando nos lembramos que este país tem uma tradição de vices assumindo o poder no impedimento do titular.
Surge então outra pergunta: quem será vice na chapa de Barbosa?
Marina não será. Bem que a turma do mercado tentou juntar os dois numa chapa só, considerada imbatível, mas um não quer ser vice do outro.
Posso imaginar como seria um diálogo entre Marina e Barbosa discutindo reforma da previdência, por exemplo, sem intérpretes.
Vida que segue.
Se assim é, melhor o establishment mercadista-midiático procurar outro candidato menos vacilante para chamar de seu. Ao longo do dia, o nome novo que surgiu foi o de Pedro Parente, ex-ministro de FHC, presidente da Petrobras e agora também do conselho da BRF.
Se continuar assim, vão acabar colocando anúncio nos jornais: “Procura-se um candidato a presidente da República. Não é preciso ter experiência”.
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Até outro dia, meus amigos mais conservadores, vamos dizer assim, não sabiam em quem votar.
Em outras eleições presidenciais era fácil: bastava o PSDB indicar um nome para enfrentar o PT, e o problema estava resolvido.
Para quem divide o mundo entre liberais (o nome da direita no Brasil) e vermelhos, a disputa eleitoral se resumia a um Fla-Flu.
Nas últimas quatro disputas, o PT venceu, e o PSDB, aliado ao PMDB, resolveu virar a mesa, logo após ser anunciado o resultado de 2014.
Dilma caiu, Temer assumiu, Lula está preso, Aécio virou réu, e agora tudo virou uma confusão danada.
Cansado de perder, o estabilishment nacional, que resume os interesses do chamado mercado, ancorado no Judiciário, na Fiesp e na mídia, tirou o PT do jogo, mas ainda não achou um candidato para chamar de seu.
Testaram vários nomes desde o ano passado e, à medida em que entravam e saíam da lista os seus preferidos, ficaram cada vez mais perdidos na busca do candidato rotulado de “novo”.
O primeiro a se apresentar, logo após a sua posse, foi o prefeito paulistano João Doria, montado no cavalo do antipetistmo, disposto a rifar o candidato natural dos tucanos, seu padrinho Geraldo Alckmin.
Foi também o primeiro a cair do cavalo ao despencar nas pesquisas de popularidade em São Paulo por priorizar sua campanha presidencial, viajando pelo Brasil e pelo mundo.
Logo depois, apareceu assim do nada, embalado pelo ex-presidente FHC, o animador de auditório Luciano Huck, que logo seria agasalhado pelo PPS, o antigo partido comunista fundado por Luis Carlos Prestes e hoje nas mãos de Roberto Freire, linha auxiliar do PSDB.
Era tudo em nome do “novo” depois que os partidos tradicionais foram dizimados pela Lava Jato.
A toda hora aparecia mais um nanico no campo da direita ávido a ocupar o posto de “novo”, e até Fernando Collor ressuscitou na lista de presidenciáveis.
Maia, Meirelles, os desconhecidos João Amoêdo e Flávio Rocha e outros que esqueci engrossaram a turma do 1% nas pesquisas.
Diante deste cenário desolador, o próprio Michel Temer, presidente mais rejeitado da história republicana, ofereceu-se-se como candidato à reeleição para “defender seu legado”. Por que não?
No vale tudo do mercado de votos, o tempo passava, e nada dos meus amigos encontrarem um candidato.
Agora, a menos de seis meses para a eleição, o mercado resolveu jogar suas fichas em dois nomes que nem são tão “novos” assim: Joaquim Barbosa e Marina Silva.
Como acontece a cada quatro anos, Marina reapareceu no cenário para se lançar pela terceira vez, agora pela Rede Sustentabilidade, partido mini-nanico que tem um senador, dois deputados e um prefeito de capital, além de 12 segundos de tempo de TV.
Na última eleição, concorrendo pelo PSB de Eduardo Campos, morto em acidente de avião no início da campanha, Marina chegou em terceiro lugar.
Com o recall das duas campanhas anteriores em que se apresentava como “terceira via”, Marina apareceu em terceiro lugar no último Datafolha, com 16%, um abaixo de Jair Bolsonaro e 15 pontos atrás de Lula.
Quem pode ocupar seu lugar agora como candidato do PSB, por coincidência, é o outro “novo”, Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF que se consagrou no julgamento do mensalão petista.
Barbosa ainda está sendo apresentado ao seu partido para saber quais são, afinal, os seus planos para o Brasil, já que ninguém até agora sabe o que ele pensa sobre assunto algum.
Com uma estrutura partidária bem maior do que a Rede e mais tempo de TV (52 segundos), Barbosa apareceu com 10% em sua estreia no Datafolha e tornou-se o queridinho da vez do mercado ainda órfão.
Não por acaso, a Folha mancheteia nesta quinta-feira: “Campanha de Barbosa fará aceno ao mercado financeiro”.
Tornou-se praxe no Brasil, como sabemos, pré-candidatos serem sabatinados por bancos e outras instituições financeiras antes de saírem em busca de votos do eleitorado.
Absolutamente virgem em campanhas eleitorais, ainda não se sabe como o novato se relacionará no partido, que já foi de Miguel Arraes e está dividido entre os que querem apoiar Alckmin em São Paulo e Lula em Pernambuco, nem como será sua incursão pelo mercado financeiro.
Um detalhe que escapou nesta extemporânea candidatura do magistrado é que ele se aposentou precocemente logo depois de comandar o mensalão, alegando problemas de saúde para depois trabalhar como advogado em São Paulo.
Se ele não tinha condições físicas para continuar servindo no STF, como poderá exercer a função muito mais extenuante de presidente da República?
A singela pergunta ganha relevância quando nos lembramos que este país tem uma tradição de vices assumindo o poder no impedimento do titular.
Surge então outra pergunta: quem será vice na chapa de Barbosa?
Marina não será. Bem que a turma do mercado tentou juntar os dois numa chapa só, considerada imbatível, mas um não quer ser vice do outro.
Posso imaginar como seria um diálogo entre Marina e Barbosa discutindo reforma da previdência, por exemplo, sem intérpretes.
Vida que segue.
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