Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:
É assim com os dois milhões que se encontram na fila no INSS, com a juventude estudantil vítima do desastre do ENEM, com os 12,8 milhões de desempregados, os 11 milhões de subempregados e os 51,8% de assalariados que tiveram perda de renda em 2019.
Pelo menos desse ponto de vista, Bolsonaro mostra-se coerente.
A postura gaguejante de Jair Bolsonaro diante da deportação de 50 brasileiros transportados como animais pelo governo dos Estados Unidos é a demonstração definitiva da incapacidade de seu governo para defender a dignidade do Brasil e dos brasileiros.
"O que eu vou falar aqui vai dar polêmica", disse Bolsonaro. "Eu acho que qualquer país, as suas leis têm que ser respeitadas. Qualquer país do mundo onde pessoas estão lá de forma clandestina é um direito daquele chefe de Estado, usando da lei, devolver esses nacionais". (O Globo, 25/01/2020).
Primeiro governo a permitir a deportação em massa de brasileiros, a responsabilidade de Bolsonaro neste drama lamentável está clara no início, no meio e no fim.
Seu governo tem uma responsabilidade óbvia pela emigração em massa para os Estados Unidos - num recorde histórico, no último ano 18 000 viajantes foram presos, acusados de entrar no país sem portar documentos apropriados.
Não há como eximir Bolsonaro-Paulo Guedes pela incapacidade de oferecer uma perspectiva de vida melhor para a população. Como ocorria no Brasil no final do regime militar, a incapacidade do governo para dar rumos a um país em prolongada crise econômica só reforçou em milhares de famílias a visão de que o aeroporto é o melhor caminho para uma vida melhor.
Bolsonaro também agravou a situação legal dos viajantes quando admitiu que os brasileiros sejam tratados como cidadãos de segunda classe. Dispensou a exigência de visto de entrada para norte-americanos que ingressam em nosso país, sem cobrar o mesmo tratamento para brasileiros que viajam aos EUA. Permitiu assim que a imigração norte-americana tratasse os brasileiros com os métodos duros de sempre, reforçados pela brutalidade com estrangeiros que marca a demagogia do (supostamente) muy amigo Donald Trump.
"Lamento que brasileiros que foram buscar novas oportunidades lá fora voltem deportados," disse Bolsonaro, tentando passar a impressão de que nada tem a ver com isso. "Lamento, mas é a política e temos que respeitar a soberania de outros países".
Na verdade, mesmo quando um cidadão comete um ato que pode ser considerado ilegal no Exterior, o governo de seu país tem obrigação de fazer o possível para manifestar seu inconformismo e tentar impedir um tratamento degradante, incompatível com as convenções humanitárias do planeta.
As relações diplomáticas não servem apenas para alimentar grandes negócios que podem ser úteis a economia do país. Também devem atender às necessidades do cidadão comum, em particular aquele que sente-se forçado a deixar o próprio país para encontrar um destino melhor para si e sua família.
Ao desprezar direitos de brasileiros e brasileiras que foram tentar a sorte no exterior, o governo Bolsonaro reproduz o mesmo tratamento cruel que seu governo dispensa a população pobre dentro do país.
"O que eu vou falar aqui vai dar polêmica", disse Bolsonaro. "Eu acho que qualquer país, as suas leis têm que ser respeitadas. Qualquer país do mundo onde pessoas estão lá de forma clandestina é um direito daquele chefe de Estado, usando da lei, devolver esses nacionais". (O Globo, 25/01/2020).
Primeiro governo a permitir a deportação em massa de brasileiros, a responsabilidade de Bolsonaro neste drama lamentável está clara no início, no meio e no fim.
Seu governo tem uma responsabilidade óbvia pela emigração em massa para os Estados Unidos - num recorde histórico, no último ano 18 000 viajantes foram presos, acusados de entrar no país sem portar documentos apropriados.
Não há como eximir Bolsonaro-Paulo Guedes pela incapacidade de oferecer uma perspectiva de vida melhor para a população. Como ocorria no Brasil no final do regime militar, a incapacidade do governo para dar rumos a um país em prolongada crise econômica só reforçou em milhares de famílias a visão de que o aeroporto é o melhor caminho para uma vida melhor.
Bolsonaro também agravou a situação legal dos viajantes quando admitiu que os brasileiros sejam tratados como cidadãos de segunda classe. Dispensou a exigência de visto de entrada para norte-americanos que ingressam em nosso país, sem cobrar o mesmo tratamento para brasileiros que viajam aos EUA. Permitiu assim que a imigração norte-americana tratasse os brasileiros com os métodos duros de sempre, reforçados pela brutalidade com estrangeiros que marca a demagogia do (supostamente) muy amigo Donald Trump.
"Lamento que brasileiros que foram buscar novas oportunidades lá fora voltem deportados," disse Bolsonaro, tentando passar a impressão de que nada tem a ver com isso. "Lamento, mas é a política e temos que respeitar a soberania de outros países".
Na verdade, mesmo quando um cidadão comete um ato que pode ser considerado ilegal no Exterior, o governo de seu país tem obrigação de fazer o possível para manifestar seu inconformismo e tentar impedir um tratamento degradante, incompatível com as convenções humanitárias do planeta.
As relações diplomáticas não servem apenas para alimentar grandes negócios que podem ser úteis a economia do país. Também devem atender às necessidades do cidadão comum, em particular aquele que sente-se forçado a deixar o próprio país para encontrar um destino melhor para si e sua família.
Ao desprezar direitos de brasileiros e brasileiras que foram tentar a sorte no exterior, o governo Bolsonaro reproduz o mesmo tratamento cruel que seu governo dispensa a população pobre dentro do país.
É assim com os dois milhões que se encontram na fila no INSS, com a juventude estudantil vítima do desastre do ENEM, com os 12,8 milhões de desempregados, os 11 milhões de subempregados e os 51,8% de assalariados que tiveram perda de renda em 2019.
Pelo menos desse ponto de vista, Bolsonaro mostra-se coerente.
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