Por Bepe Damasco, em seu blog:
Se todas as pesquisas estiveram apontando na direção correta, Bolsonaro terá sérias dificuldades para dormir na madrugada de 3 para 4 de novembro, quando sai o resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos, ou pelo menos uma projeção segura da opção eleitoral dos eleitores norte-americanos.
Claro que ainda estão rolando os dados; que Trump lançará mão dos recursos mais sórdidos e sujos, como é de seu caráter; que o sistema eleitoral híbrido e confuso dos EUA permite qualquer surpresa; que nem sempre ganha quem tem mais votos populares, como aconteceu com Hilary Clinton contra Trump e Al Gore quando disputou com Bush filho e que até uma vacina contra a covid-19 Trump está prometendo entregar antes da eleição.
Tudo isso somado e considerado, é inegável o favoritismo do candidato democrata Joe Biden. O comportamento genocida de Trump diante da pandemia do novo coronavírus e sua proverbial grosseria, falta de empatia e obscurantismo parecem ter cansado largas parcelas da sociedade americana.
Não é à toa que até em vários estados importantes, nos quais tradicionalmente os republicanos dão as cartas, Biden está na frente por boa margem.
Não é à toa que algumas figuras destacadas do Partido Republicano, dentre elas deputados, senadores e até governadores, pularam do barco de Trump e estão apoiando Biden.
Livro recentemente lançado pelo renomado jornalista americano Bob Woodward ampliou o desgaste de Trump. O jornalista, ganhador de dois prêmios Pulitzer e um dos responsáveis, junto com seu colega Carl Berstein, pela revelação do caso Watergate, que levou à renúncia de Nixon da presidência, mostra com todas as letras que Trump sabia que o coronavírus era letal, mas preferiu enganar deliberadamente a população.
Também teve grande repercussão um vídeo que viralizou no país na última quinta-feira (17). Nele, Olivia Troye, ex-assessora da Casa Branca e integrante da força-tarefa criada pelo governo para enfrentar a pandemia do coronavírus, acertou o fígado do presidente. Segundo Olívia, em reuniões das quais participou com a presença de Trump, ele só falava de sua preocupação com as eleições e referia-se ao vírus como uma farsa.
Outro fator de forte preocupação na campanha republicana é a volta do crescimento de novos casos de infectados pelo coronavírus, bem como do número de vítimas fatais.
E justamente em meio a essa onda favorável ao candidato democrata é que começou a eleição nesta sexta-feira (18), com a votação antecipada no estado de Minnesota, onde Biden, segundo os levantamentos, está na dianteira com mais de dez pontos percentuais do que o rival. Devido à pandemia do coronavírus, no pleito deste ano, mais eleitores poderão votar pelo correio, enquanto alguns estados abrirão suas urnas de forma antecipada.
Sempre considerei equivocadas as análises simplistas que não enxergam diferenças entre governos republicanos e democratas. No que toca ao imperialismo e ao papel de polícia do mundo, governos de ambos os partidos têm deveras muitas convergências. Daí a antipatia e a indignação crescente que essa política de estado norte-americana gera no mundo inteiro.
Mas em questões-chave como direitos humanos, especialmente no plano interno, é grande a distância que separa os dois partidos. Praticamente todo o movimento negro, mulheres, hispânicos e sindicalistas compõem a banda de esquerda do Partido Democrata.
No Brasil, talvez nunca uma eleição nos EUA tenha sido tão importante para os democratas e socialistas como a deste ano. Uma derrota de Trump quebrará uma perna do governo Bolsonaro, jogando por terra a política externa de subserviência total, de espinha curvada aos interesses dos EUA, que cobre a nação brasileira de vergonha.
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