Foto: Adriano Machado/Reuters |
A participação ativa do general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército (2015-2019), na onda de extrema-direita que resultou na deposição de Dilma Rousseff, na prisão abusiva de Lula e na ascensão ao poder do fascista Jair Bolsonaro, já é bem conhecida. Mas nos últimos tempos, por problemas de saúde, o famoso conspirador andava meio nas trevas, mesmo usufruindo da boquinha de assessor do “capetão” no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Já sua família, porém, seguia bem conectada ao golpismo.
Isto fica evidente nas mensagens coletadas no celular de Gabriela Cid, esposa do tenente-coronel Mauro Cid, o ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro, que está preso em Brasília desde o início de maio. Na quinta-feira passada (15), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a retirada do sigilo do relatório da Polícia Federal com a análise do conteúdo encontrado nos celulares do casal.
Em mensagens de 2 de novembro de 2022, três dias após as eleições presidenciais, Gabriela Cid troca ideias com Ticiana Villas Bôas. Elas conversam sobre os bloqueios criminosos promovidos por apoiadores do fascista em diferentes estradas do país. A filha do general afirma que o Exército “tinha que mandar alguém falar com os cabeças dos caminhoneiros e dizer quais tem que ser a reivindicação deles [sic]”.
Alexandre de Moraes era o alvo principal
Já a esposa do ex-ajudante de ordens afirma que “estão falando em intervenção federal” e pondera: “Mas tem que ser novas eleições com voto impresso”. Ticiana Villas Bôas responde: “Ou isso, ou a queda do Moraes”. Gabriela Cid concorda: "Também acho, esse homem tem que cair. Ele está estragando o país. O resto é remediável”. “Se conseguirmos tirar ele, o STF dá uma recuada. Porque o que eles querem é prender o presidente com base no inquérito das fake news”, completa a herdeira do general.
Ticiana Villas Bôas ainda defende que “os caminhoneiros tem que parar, mas sem obstruir [as estradas]. Alguém precisa articular isso com eles e os manifestantes [acampados nos quartéis do Exército]. Alguém tinha que falar com eles”. Gabriela Cid concorda: “Sim! Foi o que pediu o presidente. E acho que todos que podem tem que vir pra Bsb. Invadir Brasília como no 7 de setembro e dessa vez o presidente com toda essa força agirá”.
A troca de mensagens comprova que a filha do general-conspirador estava bem animada com as ações golpistas. Como aponta reportagem da revista Fórum, “a dupla [Ticiana e Gabriela] estava revoltada com o resultado das eleições e buscava narrativas e estratégias que pudessem viabilizar um golpe de estado. Era comum acordo que os manifestantes não deveriam reivindicar uma ‘intervenção federal’. Em troca, o correto seria exigir o impeachment de Alexandre de Moraes”.
0 comentários:
Postar um comentário