Reproduzo matéria de Anselmo Massad, publicada na Rede Brasil Atual:
Ativistas e lideranças do PT de São Paulo defenderam, em encontro na noite de quinta-feira (5) no centro da capital, ações para acabar com o que chamaram de blindagem da mídia aos governos do PSDB. Para eles, os meios de comunicação do estado são os principais responsáveis pela continuidade tucana no Palácio dos Bandeirantes.
O encontro buscava detalhar propostas de políticas de comunicação para um eventual governo de Aloízio Mercadante, candidato da legenda em São Paulo. Para Aparecido Luiz da Silva, o Cidão, secretário de Comunicação do PT-SP, um dos caminhos seria adotar um modelo de distribuição de anúncios do setor público semelhante ao empregado na gestão federal. "Precisaríamos dividir o bloco publicitário com os veículos menores, do interior e democratizar a comunicação, para não passar quatro anos de raiva com a mídia falando mal da gente", sugeriu.
Para Paulo Salvador, diretor da Editora Atitude, que produz a Rede Brasil Atual, a Revista do Brasil, a Rádio e os jornais Brasil Atual, é preciso superar um patamar de ingenuidade. "A ideia de que uma boa assessoria de imprensa resolve já se mostrou equivocada, porque a mídia é destrutiva em relação às construções sociais. Não podemos acreditar que vamos mudar o país e o estado com essa mídia que não tem apreço sequer à verdade e aos fatos", criticou.
"É necessária uma tomada de consciência de que a comunicação é estratégica", insistiu. Salvador usou a articulação de 60 sindicatos em torno dos projetos de comunicação a que representa como um exemplo dessa prioridade.
"Após oito anos de governo Lula, deveríamos estar democratizando a comunicação", criticou Joaquim Palhares, diretor da agência Carta Maior. "Na América Latina, o que se vê (em termos de democracia nos meios de comunicação) é ainda pior, o que nos coloca em uma posição de fragilidade da soberania dos povos", avalia. Ele considera que sem avançar na pluralidade da mídia, "perde-se tudo em cinco anos de governo de direita", por não terem sido estabelecidas raízes das transformações junto à população.
Palhares mostrou que todos os veículos da mídia conservadora, os maiores grupos, dependem de verba publicitária do setor público. Por isso, ele defendeu que, em uma eventual gestão de Mercadante, 20% dos recursos publicitários do estado sejam destinados a criar um fundo para projetos de comunicação escolhidos por meio de editais públicos.
Essas e outras propostas colhidas no encontro, realizado instantes antes do início do primeiro debate entre os presidenciávies, poderão ser incorporadas ao programa de governo petista em São Paulo.
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