Por Altamiro Borges
Lançado no início desta semana, o “novo” Partido Social-Democrático (PSD), liderado pelo prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, ainda é uma incógnita. Não se sabe ao certo qual será a sua dimensão, o tamanho das adesões à legenda. Também não se conhece quais serão seus compromissos programáticos e sua tática, suas alianças e alinhamentos.
Artilharia pesada dos demos
De concreto, sabe-se que a fundação do novo partido representa um duro baque para os demos e respinga também nos tucanos. Caciques do DEM estão irritados com o ex-filiado. Em seu twitter, ACM Neto chamou a nova legenda de “partido sem decência” e “partido sem dignidade”, ironizando suas iniciais. O líder dos demos, mais sujo do que pau de galinheiro, não se olha no espelho!
O partido também já decidiu abrir guerra contra o atual prefeito paulistano. “O DEM tem de ir para a oposição ao Kassab. Vamos enfrentá-lo em São Paulo... Kassab abandonou São Paulo para espalhar a política de baixo nível pelo país. Paulistano não perdoa. Não é à toa ele ter 43% de rejeição”, declarou, em tom belicista, o líder da bancada dos demos.
Temores dos tucanos
Já no caso dos tucanos, o temor é o do maior encolhimento da oposição de direita no país. Os chefões do PSDB evitam criticar em público o novo partido, mas sabem que as conseqüências podem ser negativas no futuro. O senador Aécio Neves, que parece ter tomado de assalto o que sobrou do DEM, lamenta a possível perda de importantes bases de apoio para o seu sonho presidencial.
Já José Serra, que bancou Gilberto Kassab para a prefeitura da capital e era considerado seu padrinho – “durmo de paletó para atendê-lo”, chegou a brincar na TV o servil prefeito ao falar sobre ex-governador notívago –, também teme os desdobramentos da crise no bloco neoliberal-conservador. Segundo o Portal IG, “Serra orientou aliados a ficarem longe do novo partido de Kassab”.
Base governista solta rojões
Enquanto a oposição de direita lambe suas feridas, os partidos de sustentação do governo Dilma Rousseff soltam rojões e exploram as contradições no campo adversário. O líder governista na Câmara Federal, deputado Cândido Vaccarezza (PT/SP), já adiantou que irá procurar o PSD com o objetivo de “discutir e fortalecer os laços com o novo partido que se forma... Todo fortalecimento do governo é positivo. O Kassab não entrou no PT. Ele formou um partido e esse partido vem para a base do governo”.
Kassab também tem recebido afagos diretos do Palácio do Planalto. O secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, já fez questão de dar entrevistas elogiando o prefeito paulistano. “Ele sempre manteve um comportamento cuidadoso. Eu diria até um pouco distinto da tradição. Ele nunca fez uma inauguração sem convidar o presidente. Ao contrário de prefeitos e até aliados nossos que, às vezes, se apropriam de recursos e faturam apenas para si. Nesse sentido, Kassab foi diferente”.
As dúvidas sobre o futuro
Habilidoso, Gilberto Carvalho avaliou como positiva e “contraditória” a aproximação do prefeito. “Apoio você nunca recusa... Em São Paulo, a oposição do PT ao Kassab é forte. Mas, com governo federal do presidente Lula e agora com a presidenta Dilma, o prefeito sempre manteve um comportamento cuidadoso... Não vejo nenhum problema de ele nos apoiar. O que não significa compromisso do governo federal com o partido dele. Vamos ver qual vai ser o comportamento deste partido novo”.
As dúvidas do secretário-geral da Presidência sobre o futuro do PSD são procedentes. Afinal, a fundação do partido ficou aquém do que se alardeava. A mídia alardeou que Kassab conseguiria a adesão de mais 20 deputados federais, a maioria deles do DEM, e também do governador de Santa Catarina. Até agora, porém, menos de dez ingressaram na legenda e o demo Colombo preferiu recuar. Em São Paulo, principal base do prefeito, metade dos eleitos em 2010 com seu apoio direto rejeitaram a sedução.
Contradições ou oportunismo?
O deputado Eli Corrêa Filho anunciou hoje que não ingressará no PSD do seu “amigo” prefeito. “Sempre fui desse partido e estou bem aqui”. Além dele, continuarão no DEM os deputados Rodrigo Garcia, Jorge Tadeu Mudalen e Alexandre Leite. Abandonarão o barco os deputados Guilherme Campos, Junji Abe, Eleuses Paiva e Walter Ihoshi, além do vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos. Segundo notícias de bastidores, demos e tucanos montaram uma operação de guerra para conter a sangria.
Além da quebra de expectativas sobre as adesões, há muitas indagações sobre como se comportará o novo partido. No ato em São Paulo, na segunda-feira (21), Gilberto Kassab afirmou que a legenda seria “independente”, fez elogios ao governador Geraldo Alckmin e disse a aliança com PSDB no Estado “é indestrutível”. Já num evento na Bahia, ele sinalizou que o PSD fará parte da base de sustentação do governo federal. “O melhor para o Brasil será ajudar a presidenta Dilma”. Contradição ou oportunismo?
Programa de centro-direita
Já no que se refere ao seu perfil ideológico, o PSD surge como uma legenda tipicamente de centro-direita. Entre os “12 princípios” anunciados nesta semana, ele defende a “livre iniciativa, liberdade individual, respeito aos contribuintes, direito de propriedade e respeito a contratos”, segundo revelou o jornal Valor. O partido ainda propõe a flexibilização dos direitos trabalhistas, “com o predomínio do negociado sobre o legislado” – uma velha tese dos demos, ex-PFL, ainda no reinado de FHC.
“A nova legenda, articulada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, defende também o voto distrital. Em uma das poucas concessões a uma plataforma de esquerda está o apoio a programas voltados às famílias carentes”, descreve o Valor. Segundo informa, o ultra-liberal Guilherme Afif Domingos ficou responsável por coordenar a elaboração do programa final do partido, que deverá ser apresentado em agosto. Mas com estes “doze princípios” já dá para prever que boa coisa não vai surgir!
Lançado no início desta semana, o “novo” Partido Social-Democrático (PSD), liderado pelo prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, ainda é uma incógnita. Não se sabe ao certo qual será a sua dimensão, o tamanho das adesões à legenda. Também não se conhece quais serão seus compromissos programáticos e sua tática, suas alianças e alinhamentos.
Artilharia pesada dos demos
De concreto, sabe-se que a fundação do novo partido representa um duro baque para os demos e respinga também nos tucanos. Caciques do DEM estão irritados com o ex-filiado. Em seu twitter, ACM Neto chamou a nova legenda de “partido sem decência” e “partido sem dignidade”, ironizando suas iniciais. O líder dos demos, mais sujo do que pau de galinheiro, não se olha no espelho!
O partido também já decidiu abrir guerra contra o atual prefeito paulistano. “O DEM tem de ir para a oposição ao Kassab. Vamos enfrentá-lo em São Paulo... Kassab abandonou São Paulo para espalhar a política de baixo nível pelo país. Paulistano não perdoa. Não é à toa ele ter 43% de rejeição”, declarou, em tom belicista, o líder da bancada dos demos.
Temores dos tucanos
Já no caso dos tucanos, o temor é o do maior encolhimento da oposição de direita no país. Os chefões do PSDB evitam criticar em público o novo partido, mas sabem que as conseqüências podem ser negativas no futuro. O senador Aécio Neves, que parece ter tomado de assalto o que sobrou do DEM, lamenta a possível perda de importantes bases de apoio para o seu sonho presidencial.
Já José Serra, que bancou Gilberto Kassab para a prefeitura da capital e era considerado seu padrinho – “durmo de paletó para atendê-lo”, chegou a brincar na TV o servil prefeito ao falar sobre ex-governador notívago –, também teme os desdobramentos da crise no bloco neoliberal-conservador. Segundo o Portal IG, “Serra orientou aliados a ficarem longe do novo partido de Kassab”.
Base governista solta rojões
Enquanto a oposição de direita lambe suas feridas, os partidos de sustentação do governo Dilma Rousseff soltam rojões e exploram as contradições no campo adversário. O líder governista na Câmara Federal, deputado Cândido Vaccarezza (PT/SP), já adiantou que irá procurar o PSD com o objetivo de “discutir e fortalecer os laços com o novo partido que se forma... Todo fortalecimento do governo é positivo. O Kassab não entrou no PT. Ele formou um partido e esse partido vem para a base do governo”.
Kassab também tem recebido afagos diretos do Palácio do Planalto. O secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, já fez questão de dar entrevistas elogiando o prefeito paulistano. “Ele sempre manteve um comportamento cuidadoso. Eu diria até um pouco distinto da tradição. Ele nunca fez uma inauguração sem convidar o presidente. Ao contrário de prefeitos e até aliados nossos que, às vezes, se apropriam de recursos e faturam apenas para si. Nesse sentido, Kassab foi diferente”.
As dúvidas sobre o futuro
Habilidoso, Gilberto Carvalho avaliou como positiva e “contraditória” a aproximação do prefeito. “Apoio você nunca recusa... Em São Paulo, a oposição do PT ao Kassab é forte. Mas, com governo federal do presidente Lula e agora com a presidenta Dilma, o prefeito sempre manteve um comportamento cuidadoso... Não vejo nenhum problema de ele nos apoiar. O que não significa compromisso do governo federal com o partido dele. Vamos ver qual vai ser o comportamento deste partido novo”.
As dúvidas do secretário-geral da Presidência sobre o futuro do PSD são procedentes. Afinal, a fundação do partido ficou aquém do que se alardeava. A mídia alardeou que Kassab conseguiria a adesão de mais 20 deputados federais, a maioria deles do DEM, e também do governador de Santa Catarina. Até agora, porém, menos de dez ingressaram na legenda e o demo Colombo preferiu recuar. Em São Paulo, principal base do prefeito, metade dos eleitos em 2010 com seu apoio direto rejeitaram a sedução.
Contradições ou oportunismo?
O deputado Eli Corrêa Filho anunciou hoje que não ingressará no PSD do seu “amigo” prefeito. “Sempre fui desse partido e estou bem aqui”. Além dele, continuarão no DEM os deputados Rodrigo Garcia, Jorge Tadeu Mudalen e Alexandre Leite. Abandonarão o barco os deputados Guilherme Campos, Junji Abe, Eleuses Paiva e Walter Ihoshi, além do vice-governador paulista, Guilherme Afif Domingos. Segundo notícias de bastidores, demos e tucanos montaram uma operação de guerra para conter a sangria.
Além da quebra de expectativas sobre as adesões, há muitas indagações sobre como se comportará o novo partido. No ato em São Paulo, na segunda-feira (21), Gilberto Kassab afirmou que a legenda seria “independente”, fez elogios ao governador Geraldo Alckmin e disse a aliança com PSDB no Estado “é indestrutível”. Já num evento na Bahia, ele sinalizou que o PSD fará parte da base de sustentação do governo federal. “O melhor para o Brasil será ajudar a presidenta Dilma”. Contradição ou oportunismo?
Programa de centro-direita
Já no que se refere ao seu perfil ideológico, o PSD surge como uma legenda tipicamente de centro-direita. Entre os “12 princípios” anunciados nesta semana, ele defende a “livre iniciativa, liberdade individual, respeito aos contribuintes, direito de propriedade e respeito a contratos”, segundo revelou o jornal Valor. O partido ainda propõe a flexibilização dos direitos trabalhistas, “com o predomínio do negociado sobre o legislado” – uma velha tese dos demos, ex-PFL, ainda no reinado de FHC.
“A nova legenda, articulada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, defende também o voto distrital. Em uma das poucas concessões a uma plataforma de esquerda está o apoio a programas voltados às famílias carentes”, descreve o Valor. Segundo informa, o ultra-liberal Guilherme Afif Domingos ficou responsável por coordenar a elaboração do programa final do partido, que deverá ser apresentado em agosto. Mas com estes “doze princípios” já dá para prever que boa coisa não vai surgir!
2 comentários:
Vai se vingar de quem, do Serra?
Miro,
fico imaginando duas cosias:
1) O Aécio ganhou - enfraqueceu Serra sem precisar se dirigir pessoalmente a ele, foi pior: fez o principal (e último e mais estratégico) aliado serrista a abandonar o barco. Novo partido, do jeito que o Aécio queria, agora é só questão de tempo o Aécio ir e comandar. (A não ser que ele prefira herdar o PSDB, que tem mais representatividade, mas estará sempre à direita)
2) O Serra ganhou´. O PSDB como um todo não aguenta mais o Serra, aí o Kassab vai e faz uma casinha pra eles. O Serra vai querer posar de desenvolvimentista em 2014. Acontece que nesses meses ele (Serra) já percebeu que o PSDB é do Aécio e que o DEM já era, em 2014 o PSDB estará muito mais nas mãos de Aécio do que já está. Então o Serrá tem a porta aberta pra entrar no PSD "herdeiro de jucelino". O que acha?
@robsonfs9
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