Por Frei Betto, no sítio da Adital:
Desde 1981 visito a Itália, anualmente, para proferir uma semana de palestras a convite da associação de solidariedade internacional Rete Radié Resch, de perfil cristão.
Em 1999, numa pequena cidade do interior da Toscana, veio ao meu encontro um homem de avançada idade, trajes simples, barba por fazer, interessado em conversar sobre Teologia da Libertação.
Este senhor, um rico empresário, havia se reconvertido à fé cristã por leituras dessa corrente teológica progressista. Entusiasmado com a visão evangélica da Teologia da Libertação, insistia em difundi-la pelo mundo a partir de seu local de origem – a América Latina.
Expus a ele as dificuldades com as quais lidamos em nosso Continente para realizar tal proeza. Foi então que ele propôs fundarmos uma agência de notícias, cuja ótica predominante fosse inspirada na Teologia da Libertação. Com que recursos? indaguei. Ele não titubeou: sugeriu que eu me dedicasse a tal empreitada. Ele se encarregaria de providenciar os recursos.
Falei de minhas múltiplas atividades, mas logo pensei em um amigo, o padre Ermanno Allegri que, na época, dirigia uma pequena agência noticiosa vinculada à pastoral da arquidiocese de Fortaleza. Quem sabe ele aceitaria assumir o projeto? Com a vantagem de morar numa importante capital do Nordeste brasileiro, o que significaria descentralizar esse tipo de veículo, pois quase todas as agências noticiosas do Brasil se situam no Sudeste do país.
Ermanno aceitou o desafio, e ainda teve a brilhante ideia de dar à agência o nome de Frei Tito de Alencar Lima, frade dominicano nascido em Fortaleza e falecido, aos 28 anos, em 1974, em decorrência de torturas sofridas sob a ditadura militar brasileira (1964-1985), pela qual foi preso, barbaramente seviciado e, posteriormente, banido do país (suicidou-se em decorrência dos sofrimentos no cárcere, quando vivia próximo a Lyon, na França).
Objetivos e raio de alcance
Em 2000 nasceu a Adital – Agência de Informação Frei Tito para América Latina. Seu surgimento coincidiu com a realização do I Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o que facilitou sua divulgação entre os participantes oriundos de diversos países do Continente.
A Adital funciona graças a uma pequena e eficiente equipe: seu presidente, o filósofo Manfredo Araújo de Oliveira; seu diretor executivo, Ermanno Allegri; cinco jornalistas e três estagiários. Juridicamente é uma entidade sem fins econômicos, autônoma, sem vínculos institucionais com setores econômicos, religiosos, políticos ou sindicais. Ocupa uma página Web: http://www.adital.com.br/
A Adital é um instrumento ético e profissional, que tem por objetivos favorecer a democratização da informação; expressar tudo que interessa como notícia do universo dos oprimidos (pensamento e práticas de movimentos sociais, universidades, igrejas, ONGs e formadores de opinião da América Latina e Caribe); divulgar iniciativas de políticas públicas de governos progressistas; noticiar e analisar os processos sociais que criaram o atual momento da América Latina, hoje majoritariamente sob governos progressistas.
Seu público-alvo são profissionais da grande mídia, líderes de movimentos sociais, parlamentares, ONGs, religiosos, professores e estudantes de universidades, entidades institucionais (ministérios e secretarias de governos, FAO, UNESCO, OIT, empresas etc.) e seus veículos de comunicação: jornais, revistas, boletins, sites, blogs, rádios etc.
Ao longo de seus 10 anos de atividade, a Adital criou uma excepcional rede de fontes graças a milhares de entidades e pessoas comprometidas com a cidadania para um "jornalismo social”.
Até julho de 2011, a Adital publicou cerca de 57.000 matérias e divulgou-as através de 62.000 endereços eletrônicos (matérias reproduzidas por sites, blogs, Twitter e Facebook).
Êxitos jornalísticos
Nos últimos dois anos a Adital priorizou, em sites especiais, temas como Economia Solidária, Igrejas e Religiões, e Tráfico de Pessoas (que poderá se tornar site das "Questões de Gênero”, incluindo, além do tráfico, o feminicídio, LGBTT e exploração sexual de crianças e adolescentes).
Criou-se agora a Adital/Jovem, dirigida aos jovens da América Latina e Caribe.
A Adital conta com mais de 400 articulistas e produz informações em forma de notícias diárias, análises políticas, sociais, econômicas, religiosas etc; documentos (textos de estudo ou pronunciamentos de grupos, movimentos, conferências episcopais, fóruns etc.); reportagens (Plano Colômbia, Igreja da Libertação na América Latina, Base de Manta (Equador), Los Embalses (Panamá), Madres de la Plaza de Mayo (Argentina), ECOPETROL (Colômbia), V Conferência do CELAM etc.); entrevistas exclusivas (Evo Morales (Bolívia), Nora Cortiñas (Argentina), Rigoberta Menchu (Guatemala), personalidades do Programa Fome Zero (Brasil), Jon Sobrino (El Salvador), Camille Chalmers (Haiti), teólogos/as e bispos); e coberturas especiais de eventos.
A Adital atua em parcerias com rádios (uma dezena de rádios de Peru, Espanha, Equador, Venezuela etc.); participa de campanhas, como o referendo pela suspensão da venda de armas, a concessão do Prêmio Nobel da Paz às mulheres Africanas, e denúncias da Anistia Internacional.
Para o Programa Fome Zero (2003-2004) do governo Lula, a Adital divulgou cerca de 500 matérias, patrocinou a impressão de seis mil cópias de uma cartilha sobre o programa e produziu o vídeo "Vozes contra a Fome”, com duração de 20 minutos.
O conteúdo da Adital é divulgado em português e espanhol, e traduzido para os principais idiomas da Europa, incluindo os do Leste Europeu.
Entre as atividades que Adital participou, destaca-se a 1ª Conferência Nacional de Comunicação que, pela primeira vez no Brasil, reuniu, em 2009, os meios de comunicação chamados alternativos.
Prêmios
Pela qualidade de seu trabalho, a Adital já mereceu os seguintes prêmios:
- Boas ideias e melhores práticas, concedido pela UNESCO, "pelo êxito comprovado da iniciativa, o aspecto inovador do projeto, a qualidade do conteúdo produzido, a capacidade de chegar às comunidades marginais” (Junho/2005).
- Prêmio Dom Helder Camara de Comunicação, concedido pela CNBB, referente ao tema "Os meios de comunicação a serviço do entendimento entre os povos” e por sua cobertura do Fórum Social Brasileiro, considerada uma "prática exemplar de jornalismo cidadão" (Maio/2005).
- Selo Direito nota 10 DHNET: "Um dos melhores sites de direitos humanos em língua portuguesa na categoria Mídia”, concedido pela Rede de Direitos Humanos & Cultura - Dhnet (Dezembro/2005).
Desde 1981 visito a Itália, anualmente, para proferir uma semana de palestras a convite da associação de solidariedade internacional Rete Radié Resch, de perfil cristão.
Em 1999, numa pequena cidade do interior da Toscana, veio ao meu encontro um homem de avançada idade, trajes simples, barba por fazer, interessado em conversar sobre Teologia da Libertação.
Este senhor, um rico empresário, havia se reconvertido à fé cristã por leituras dessa corrente teológica progressista. Entusiasmado com a visão evangélica da Teologia da Libertação, insistia em difundi-la pelo mundo a partir de seu local de origem – a América Latina.
Expus a ele as dificuldades com as quais lidamos em nosso Continente para realizar tal proeza. Foi então que ele propôs fundarmos uma agência de notícias, cuja ótica predominante fosse inspirada na Teologia da Libertação. Com que recursos? indaguei. Ele não titubeou: sugeriu que eu me dedicasse a tal empreitada. Ele se encarregaria de providenciar os recursos.
Falei de minhas múltiplas atividades, mas logo pensei em um amigo, o padre Ermanno Allegri que, na época, dirigia uma pequena agência noticiosa vinculada à pastoral da arquidiocese de Fortaleza. Quem sabe ele aceitaria assumir o projeto? Com a vantagem de morar numa importante capital do Nordeste brasileiro, o que significaria descentralizar esse tipo de veículo, pois quase todas as agências noticiosas do Brasil se situam no Sudeste do país.
Ermanno aceitou o desafio, e ainda teve a brilhante ideia de dar à agência o nome de Frei Tito de Alencar Lima, frade dominicano nascido em Fortaleza e falecido, aos 28 anos, em 1974, em decorrência de torturas sofridas sob a ditadura militar brasileira (1964-1985), pela qual foi preso, barbaramente seviciado e, posteriormente, banido do país (suicidou-se em decorrência dos sofrimentos no cárcere, quando vivia próximo a Lyon, na França).
Objetivos e raio de alcance
Em 2000 nasceu a Adital – Agência de Informação Frei Tito para América Latina. Seu surgimento coincidiu com a realização do I Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o que facilitou sua divulgação entre os participantes oriundos de diversos países do Continente.
A Adital funciona graças a uma pequena e eficiente equipe: seu presidente, o filósofo Manfredo Araújo de Oliveira; seu diretor executivo, Ermanno Allegri; cinco jornalistas e três estagiários. Juridicamente é uma entidade sem fins econômicos, autônoma, sem vínculos institucionais com setores econômicos, religiosos, políticos ou sindicais. Ocupa uma página Web: http://www.adital.com.br/
A Adital é um instrumento ético e profissional, que tem por objetivos favorecer a democratização da informação; expressar tudo que interessa como notícia do universo dos oprimidos (pensamento e práticas de movimentos sociais, universidades, igrejas, ONGs e formadores de opinião da América Latina e Caribe); divulgar iniciativas de políticas públicas de governos progressistas; noticiar e analisar os processos sociais que criaram o atual momento da América Latina, hoje majoritariamente sob governos progressistas.
Seu público-alvo são profissionais da grande mídia, líderes de movimentos sociais, parlamentares, ONGs, religiosos, professores e estudantes de universidades, entidades institucionais (ministérios e secretarias de governos, FAO, UNESCO, OIT, empresas etc.) e seus veículos de comunicação: jornais, revistas, boletins, sites, blogs, rádios etc.
Ao longo de seus 10 anos de atividade, a Adital criou uma excepcional rede de fontes graças a milhares de entidades e pessoas comprometidas com a cidadania para um "jornalismo social”.
Até julho de 2011, a Adital publicou cerca de 57.000 matérias e divulgou-as através de 62.000 endereços eletrônicos (matérias reproduzidas por sites, blogs, Twitter e Facebook).
Êxitos jornalísticos
Nos últimos dois anos a Adital priorizou, em sites especiais, temas como Economia Solidária, Igrejas e Religiões, e Tráfico de Pessoas (que poderá se tornar site das "Questões de Gênero”, incluindo, além do tráfico, o feminicídio, LGBTT e exploração sexual de crianças e adolescentes).
Criou-se agora a Adital/Jovem, dirigida aos jovens da América Latina e Caribe.
A Adital conta com mais de 400 articulistas e produz informações em forma de notícias diárias, análises políticas, sociais, econômicas, religiosas etc; documentos (textos de estudo ou pronunciamentos de grupos, movimentos, conferências episcopais, fóruns etc.); reportagens (Plano Colômbia, Igreja da Libertação na América Latina, Base de Manta (Equador), Los Embalses (Panamá), Madres de la Plaza de Mayo (Argentina), ECOPETROL (Colômbia), V Conferência do CELAM etc.); entrevistas exclusivas (Evo Morales (Bolívia), Nora Cortiñas (Argentina), Rigoberta Menchu (Guatemala), personalidades do Programa Fome Zero (Brasil), Jon Sobrino (El Salvador), Camille Chalmers (Haiti), teólogos/as e bispos); e coberturas especiais de eventos.
A Adital atua em parcerias com rádios (uma dezena de rádios de Peru, Espanha, Equador, Venezuela etc.); participa de campanhas, como o referendo pela suspensão da venda de armas, a concessão do Prêmio Nobel da Paz às mulheres Africanas, e denúncias da Anistia Internacional.
Para o Programa Fome Zero (2003-2004) do governo Lula, a Adital divulgou cerca de 500 matérias, patrocinou a impressão de seis mil cópias de uma cartilha sobre o programa e produziu o vídeo "Vozes contra a Fome”, com duração de 20 minutos.
O conteúdo da Adital é divulgado em português e espanhol, e traduzido para os principais idiomas da Europa, incluindo os do Leste Europeu.
Entre as atividades que Adital participou, destaca-se a 1ª Conferência Nacional de Comunicação que, pela primeira vez no Brasil, reuniu, em 2009, os meios de comunicação chamados alternativos.
Prêmios
Pela qualidade de seu trabalho, a Adital já mereceu os seguintes prêmios:
- Boas ideias e melhores práticas, concedido pela UNESCO, "pelo êxito comprovado da iniciativa, o aspecto inovador do projeto, a qualidade do conteúdo produzido, a capacidade de chegar às comunidades marginais” (Junho/2005).
- Prêmio Dom Helder Camara de Comunicação, concedido pela CNBB, referente ao tema "Os meios de comunicação a serviço do entendimento entre os povos” e por sua cobertura do Fórum Social Brasileiro, considerada uma "prática exemplar de jornalismo cidadão" (Maio/2005).
- Selo Direito nota 10 DHNET: "Um dos melhores sites de direitos humanos em língua portuguesa na categoria Mídia”, concedido pela Rede de Direitos Humanos & Cultura - Dhnet (Dezembro/2005).
0 comentários:
Postar um comentário